O PERIGO DE FALAR DE IMPROVISO


É perigoso falar de improviso, principalmente sendo presidente da República. Dona Dilma caiu na armadilha, apelou para o velho e antigo chavão: ‘Fui mal interpretada’.

Helio Fernandes
Tão longe e sem repercussão negativa tão perto, aqui no Brasil. Dona Dilma, que anda “apelando” para a monotonia nos discursos, na África do Sul exagerou, e não tendo nada para ler, usou a própria cabeça. E num assunto dos mais polêmicos do mundo inteiro: a inflação.
Podia percorrer caminhos menos pedregosos, usar a sua vez para falar sobre Nelson Mandela, grande assunto e grande figura, estava na terra dele e ele no hospital.
Sobre inflação, foi taxativa: “O combate à inflação não é prioridade”. Já havia dito a mesma coisa, tendo como ouvintes apenas assessores serviçais, que batem palmas para qualquer coisa. E mesmo horrorizados, não espalham. Protestar? Nem imaginem.
Acontece que, como o auditório era imenso, a “proclamação” se espalhou, Dona Dilma sentiu o pânico, o que fazer? Não tinha o que fazer, o improviso sem sentido já havia se espalhado. Estava nas cordas, sem movimentos, tentou sair, se enrolou ainda mais, tentando negar que andara por caminhos que mantinham as suas marcas.
Furiosa, Dona Dilma se refugiou teoricamente nos embalos de sábado à noite, e achou que poderia sair das cordas negando tudo. Só que não adiantou nada, ou melhor, ficou ainda mais complicada.
MAL INTERPRETADA,
MANIPULADA
Inventar palavras ou tentar encaixá-las num panorama inteiramente diferente, não é para qualquer um. Primeiro atravessou o samba, explicando, ainda com suavidade: “Fui mal interpretada”. Não colou, suas palavras foram taxativas: “O combate à inflação não é prioridade”.
Já tem dito “em casa”, mas de outra forma. Ela acha que o povão não liga para “pibinho ou pibão”, taxa Selic, juros altos ou baixos, quer é dinheiro para consumir.
Não deu certo, abandonou a suavidade, ficou furiosa, deixou de lado a frase “fui mal interpretada”, recorreu à defesa-acusação, que também nunca dá certo: “Fui manipulada, publicaram o que eu não disse, tiraram as conclusões que serviam a eles”. A eles quem?
LÁ SE FOI A AUTONOMIA
DO BANCO CENTRAL
Além de toda a repercussão negativa e atribulada, o combate, o tumulto e a confusão dentro de casa, o rompimento (apenas aparente?) com a direção do BC. Esses vieram a público, nos mais diversos escalões, não deixando qualquer dúvida: “Inflação é assunto do Banco Central, que vai precisar aumentar os juros”.
Agora não há mais dúvida: haverá aumento de juros. Em maio, certíssimo. E pode ser até na próxima reunião, em abril. Dona Dilma, como eu disse, estava presa nas cordas. Achou que trazendo os juros para o centro do ringue, estaria salva. Longe disso, Dona Dilma.
Para terminar, por hoje, uma pergunta angustiosa, que não pode ser interpretada ou manipulada: foram os últimos presidentes que se enredaram ou trouxeram eles para o jogo? “Os marqueteiros, onde estão os marqueteiros?”
ENTENDA (?) A BOLSA
E O MERCADO FINANCEIRO
A Eletrobrás passou o ano de 2012 desabando. Suas ações caíram o ano todo com redução do preço da energia. Na quinta-feira apresentou os resultados de 2012: prejuízo de quase 7 bilhões. No mesmo dia suas ações subiram 16 por cento.
Os salários sobem de forma incessante, o desemprego cai em todas as pesquisas, economistas e governistas ficam assustados, garantem: “Assim é preciso frear o desenvolvimento”. Que desenvolvimento? É a nova “economia tipo Engenhão”, que não resiste a ventos de 63 km. Só que a alta da renda e do trabalho não é um vento e sim ventania, positiva.
ACERTARAM EM CHEIO
COM RONALDO E RUBINHO
Ronaldo Fenômeno, comentarista de futebol na TV Globo, grande idéia. (E do Barrichello na Fórmula 1, também). Ronaldo é o meu candidato a presidente da CBF, antes ou depois da Copa de 2014.
Outro grande jogador, Platini, será o presidente da Fifa, depois da Copa. Substituirá Joseph Blatter, com um currículo de irregularidades. Ronaldo entraria na vaga do também irregularíssimo Marin, servidor da ditadura.
DONA MARINA E UMA
FRASE EXCELENTE
Ela não será presidente, o mesmo que acontecerá com qualquer um que pertença a partido pequeno. Mas no seu último artigo deixou uma frase excelente: “A vida paga pedágio”. Reflexões imensas e insistentes, para um lado ou para o outro, em apenas 4 palavras.

Da Tribuna da Imprensa de 30-3-2013

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