A VERDADEIRA HISTÓRIA SOBRE A DESCOBERTA DAS AMÉRICAS
Alberto
Cury Nassour
Engenheiro de Materiais
Á quem se deve realmente a descoberta das
Américas, à Cristovão Colombo, à
Américo Vespúcio ou aos próprios índios
nativos da região? Essa pergunta intrigante tem provocado muita
controvérsia nas últimas décadas. Alguns
historiadores creditam aos nativos que chegaram do estreito de Bering,
entre a Sibéria e o Alasca, hà 40.000 anos o verdadeiro
descobrimento das Américas. Outros pesquisadores atribuem aos
escandinavos por volta do ano 1.000 quando chegaram ao Canadá e
retornaram sem desembarcarem devido aos imensos blocos de gelo,
enquanto
que outros estudiosos acreditam que fragmentos de cerâmicas
encontrados no Equador, em 1956, apresentam semelhanças marcantes
com cerâmicas produzidas no Japão há mais de 5.000
anos. Alguns admitem que uma viagem do monge budista até o lado
do “grande mar”, ou Oceano Pacífico, teria chegado
até o México no século V, conforme comprovam o uso
de dragões alados como motivo de cerimônias mágicas
encontrados em cerâmicas mexicanas, uma vez que este
símbolo especificamente representava a dinastia do monge
chinês. Daí a mera semelhança dos latinos,
incluindo
os índios brasileiros, com traços dos povos orientais.
Enfim, muitas são as teorias que tentam
explicar os verdadeiros descobridores das Américas. Até
pouco tempo, Cristovão Colombo era tido como um homem de larga
visão e caráter obstinado, o sábio defensor da
certeza de que a Terra era redonda, o homem que fez um ovo parar em
pé e abriu as portas do Oceâno Atlântico, e de
repente não é mais nada disso. O escritor e historiador
americano Kirkpatrick Sale, em seu livro “The Conquest of Paradise”
relata um homem vulgar, apreciador da ganância do ouro, obcecado
pelos títulos de nobreza e extremamente confuso em suas
observações de navegação. Apesar de
realizar
quatro viagens às Américas, nunca soube descrever
fielmente onde realmente esteve. Além de demonstrar uma
ferocidade bestial com os nativos, trazendo consigo e sua
tripulação, formada na maioria por ladrões e
desocupados, doenças como a febre, a tuberculose e a
varíola, que dissiparam milhares de nativos logo nos primeiros
contatos em terra. Sobre Colombo, dos seus primeiros vinte anos pouco
se
sabe. Há razões para acreditar que nasceu em Gênova
no ano de 1451, mas muitos historiadores não estão de
acordo. Há quem atribua o seu nascimento nas regiões da
Córsega, Maiorca, Aragão, Galícia e até em
Portugal. Sabe-se pelo menos que seu idioma favorito era o Castelhano,
pois servia-se dele para suas correspondências. Em 1472, tem-se
notícia que esteve no mar como corsário, que serviu de
trampolim para ingressar na frota do grande corsário
francês Coullon, o Velho. Numa investida frustrante, viu-se
náufrago na costa portuguesa, por onde viveu escondido por oito
anos, dos 25 aos 33.
As primeiras rotas das grandes navegações
Era o tempo da Escola
de Sagres, das grandes navegações pela Costa da
África. Em 1488 o explorador português Bartolomeu Dias
(1455-1500) ultrapassou o cabo da Boa Esperança. Cogitava-se o
verdadeiro caminho para as Índias. Colombo, então,
desenvolvia um plano inovador para chegar às Índias navegando
para Oeste, cruzando o Oceâno Atlântico. Baseando-se em
dados do grande cosmógrafo e navegador árabe Alfraganus,
(daí a origem dos termos latinos fragata e naufragar) demarcou
as
bases para suas viagens utilizando os cálculos em milhas
árabes, que correspondem a 1.975,5 metros, diferente da milha
italiana, 1.477,5 metros. Sem dúvida um erro marcante. Colombo
concluiu então que, saindo das Ilhas Canárias e navegando
2.760 milhas (árabes) para o Oeste, chegaria às ilhas
japonesas. Um duplo erro, pois se revelasse a distância
verdadeira, cerca de quatro vezes maior, nunca teria encontrado
alguém que lhe financiasse a tentativa. Estava certo de que
poderia alcançar o Oriente pelo Ocidente. Embora a teoria da
Terra redonda já circulasse nos meios mais cultos, havia um
certo
ar confuso nos seus cálculos. Colombo não conseguiu fazer
interessar o Rei de Portugal, Dom João II, nos seus projetos. Da
sua estada em Portugal, sabe-se de seu casamento com Fillipa Moniz
Perestrello, de família nobre, com quem teve um filho chamado
Diego, futuro companheiro de viagens. Depois do falecimento de sua
esposa, Colombo muda-se para a região de Andaluzia, na Espanha,
onde cultivou amizades com os Medina-Celli e os Medina-Sidonia.
Graças ao Duque de Medina-Celli, foi apresentado formalmente
à rainha Isabel de Castella, e pouco depois apresentou seus
planos à uma comissão de cientistas e navegadores
espanhóis liderada pelo escriba de Talavera, braço
direito da rainha.
Primeiro mapa das Américas
Em face da conclusão inteiramente negativa,
a comissão recusou o projeto, considerando-o impossível
frente aos cálculos apresentados. Colombo não desistiu.
Tentou penetrar nas cortes da França e da Inglaterra em
distintas
situações frustrantes. Volta então à Espanha
e certas intervenções históricas acabaram
ajudando-o. Em 1492, os espanhóis conseguiram readquirir suas
terras após domínio dos mouros árabes por mais de
setecentos anos, na rendição de Granada. Vem dessa
época a grande influência árabe na cultura
portuguesa e espanhola, desde o vocabulário, passando pela
culinária, música e costumes. Ultrapassado a fase de
reintegração de posse, os espanhóis
começaram a se interessar por novos horizontes além-mar.
A
rainha Isabel de Castella nunca penhorou as jóias para financiar
as expedições de Colombo, ao contrário do que se
pregava nas escolas antigamente. Das três
embarcações, Pinta e Nina eram caravelas e foram
providenciadas pela cidade de Palos; a terceira, Santa Maria, era uma
nau e foi financiada por um banqueiro independente que não
entendia nada de navegação, mas era bastante ganancioso.
Todas as embarcações levavam não mais que noventa
homens, geralmente ladrões e devedores da corte espanhola e
muita
gente doente. No dia 06 de setembro de 1492 as
embarcações
saíram de Palos em direção às Ilhas
Canárias e de lá em direção ao tão
sonhado Oriente. Em 25 de setembro o comandante da nau capitânia
Santa Maria, Martin Alonso Pizón,
confundiu uma
porção quilométrica de algas boiando com um monte
de terra e declarou “terra à vista”, o que provocou certo ar de
descontentamento entre a tripulação, gerando até
indícios de motim à bordo entre os mais revoltosos. Foi
só então na manhã de 12 de outubro que a primeira
ilha das Bahamas apareceu aos olhos do marinheiro-mor da caravela
Pinta.
Segundo o Calendário Juliano em vigor no século XV, era
realmente 12 de outubro, porém pelo calendário
Gregoriano,
seria 21 de outubro. O calendário Gregoriano entrou em vigor
alguns anos mais tarde corrigindo o período anual correto em
função do Equinócio, marco muito utilizado por
navegadores que representa o período em que o dia tem a mesma
duração que a noite. O local exato onde Colombo aportou
é outro ponto de controvérsias. Nada menos do que doze
locais são declarados como sendo o primeiro, devido às
suas anotações errôneas e ao fato de querer guardar
segredo para não ser seguido caso encontrasse ouro ou
especiarias. Teve seu mérito ao descobrir as Ilhas do Haiti e
República Dominicana; aí fundou Isabella, em homenagem a
rainha da Espanha e na expectativa de futuros financiamentos. Como os
comandantes a serviço de Colombo acreditavam terem chegado
às Índias, denominaram os nativos de “índios”,
cujo continente estava à milhares de quilômetros de
distância.
De volta à Espanha, Colombo foi recebido como herói, recebeu inúmeras honrarias e dezenas de banquetes, jamais compreendidos pelos grandes cientistas e navegadores da época que acreditavam impossível ter chegado às Índias com cálculos tão absurdos. Colombo retornou por três vezes às ilhas recém descobertas que ainda não se chamavam América, pois à luz da verdade, ele mesmo sabia que seus cálculos estavam equivocados. Isso gerou-lhe uma tremenda confusão interior. De lá, saiu para a conquista de Guadalupe, Porto Rico, Jamaica e Cuba, cuja ilha imaginou ser o final do continente asiático. Só na terceira viagem, em 1498, Colombo realmente chegou ao continente americano atracando pelo norte da Venezuela. Na quarta e última viagem, em 1502, já atormentado pela crises de temperamento e alucinações constantes, não consegue descobrir mais nehuma ilha nova e então escreveu entre delírios, as obras “O livro dos privilégios” e “O livro das profecias”, nos quais se auto intitula “Dom Cristovão Colombo, Vice-Rei e Governador de todas as ilhas e terras firmes do Ocidente”. O que mais o prejudicou não foram suas teorias desatinadas, mas a prática do seu dia-a-dia como Governador das terras descobertas. Neste ponto, relata Sale em seu livro, “…Colombo foi simplesmente desastroso. Faltavam aos moradores das novas terras, comida, bebida, roupa e moradias decentes….” Os reis de Espanha perderam a paciência e mandaram o interventor Francisco de Bobadilla prender Colombo e enviá-lo de volta à Europa. Faleceu em 1506, ainda dono de uma fortuna considerável, porém, totalmente atormentado. Quem deixou bem anotadas todas as crueldades e façanhas de Colombo foi o frade dominicano Bartolomeu de Las Casas, cuja obra publicada integralmente no século XIX, serve até hoje como fonte para os historiadores e revisionistas. Quem realmente descobriu as Índias, o continente no Oriente, em 1497, foi o navegador português Vasco da Gama, (1460-1524), seguindo o caminho escolhido por Bartolomeu Dias, e conseguiu contornar o Cabo da Boa Esperança, navegando às margens do continente Africano e o Oceano Índico até chegar à Malabar.
O grande escritor francês Victor Hugo, (1802-1885), deixou registrado que “…Há homens sem sorte, e que Colombo não conseguira associar seu nome à descoberta da América…” e que “…a história do ovo em pé de Colombo não passa de uma lenda italiana, na qual Colombo querendo impressionar seus comandados, fez parar em pé um ovo cozido e levemente amassado na base, que logo em seguida ele mesmo amassa para não descobrirem sua façanha…”. É muito intrigante, realmente, a América não se chamar Columbia. Américo Vespúcio, (1451-1512), nascido em Florença e navegador familiarizado com o mar, desenvolveu sistemas de cálculos de longitude imbatíveis para a época, “emprestou” seu nome para as novas terras, parecia ser melhor cotado nos meios pertinentes, pois ao contrário de Colombo descrevia e muito bem sobre suas viagens às novas terras. Afirmava ter chegado ao continente sul, próximo do Rio da Prata em 1497, antes de Pedro Alvares Cabral (1467-1520) ter descoberto o Brasil em 1500. Amigo fiel dos Medici, o “Magnífico”, Américo Vespúcio conseguia se infiltrar facilmente entre patronos e banqueiros da época. A Vila de Saint-Dié, na França, era o berço de reliogiosos cartográficos e o ilustrador Monsenhor Martin Waldseemüller ao preparar o mapa do Novo Mundo, seguindo cálculos de Vespúcio sugeriu o nome das novas terras de “Amerige”. Nasce assim o continente América. O autor Sale, da obra “The Conquest of Paradise” traça um quadro interessante da civilização no século XV, tanto na Espanha, sob os olhares de novas descobertas e sob o terror da Inquisição, quanto no resto da Europa dilacerada pelas guerras constantes, assolada pela fome e pela peste. Porém, ressalta simultaneamente com brilhantismo uma época recheada de ilustres figuras como, Leonardo Da Vinci, (1452-1519), Maquiavel,(1469-1527), Michelângelo, (1475-1564), Nicolau Copérnico, (1473-1543), Lutero, (1483-1546) e Rafael, (1483-1520).
As grandes navegações foram consequência natural de uma efervescência cultural da época do Renascimento, que estremeceram o conteúdo do conceito humano.
De volta à Espanha, Colombo foi recebido como herói, recebeu inúmeras honrarias e dezenas de banquetes, jamais compreendidos pelos grandes cientistas e navegadores da época que acreditavam impossível ter chegado às Índias com cálculos tão absurdos. Colombo retornou por três vezes às ilhas recém descobertas que ainda não se chamavam América, pois à luz da verdade, ele mesmo sabia que seus cálculos estavam equivocados. Isso gerou-lhe uma tremenda confusão interior. De lá, saiu para a conquista de Guadalupe, Porto Rico, Jamaica e Cuba, cuja ilha imaginou ser o final do continente asiático. Só na terceira viagem, em 1498, Colombo realmente chegou ao continente americano atracando pelo norte da Venezuela. Na quarta e última viagem, em 1502, já atormentado pela crises de temperamento e alucinações constantes, não consegue descobrir mais nehuma ilha nova e então escreveu entre delírios, as obras “O livro dos privilégios” e “O livro das profecias”, nos quais se auto intitula “Dom Cristovão Colombo, Vice-Rei e Governador de todas as ilhas e terras firmes do Ocidente”. O que mais o prejudicou não foram suas teorias desatinadas, mas a prática do seu dia-a-dia como Governador das terras descobertas. Neste ponto, relata Sale em seu livro, “…Colombo foi simplesmente desastroso. Faltavam aos moradores das novas terras, comida, bebida, roupa e moradias decentes….” Os reis de Espanha perderam a paciência e mandaram o interventor Francisco de Bobadilla prender Colombo e enviá-lo de volta à Europa. Faleceu em 1506, ainda dono de uma fortuna considerável, porém, totalmente atormentado. Quem deixou bem anotadas todas as crueldades e façanhas de Colombo foi o frade dominicano Bartolomeu de Las Casas, cuja obra publicada integralmente no século XIX, serve até hoje como fonte para os historiadores e revisionistas. Quem realmente descobriu as Índias, o continente no Oriente, em 1497, foi o navegador português Vasco da Gama, (1460-1524), seguindo o caminho escolhido por Bartolomeu Dias, e conseguiu contornar o Cabo da Boa Esperança, navegando às margens do continente Africano e o Oceano Índico até chegar à Malabar.
O grande escritor francês Victor Hugo, (1802-1885), deixou registrado que “…Há homens sem sorte, e que Colombo não conseguira associar seu nome à descoberta da América…” e que “…a história do ovo em pé de Colombo não passa de uma lenda italiana, na qual Colombo querendo impressionar seus comandados, fez parar em pé um ovo cozido e levemente amassado na base, que logo em seguida ele mesmo amassa para não descobrirem sua façanha…”. É muito intrigante, realmente, a América não se chamar Columbia. Américo Vespúcio, (1451-1512), nascido em Florença e navegador familiarizado com o mar, desenvolveu sistemas de cálculos de longitude imbatíveis para a época, “emprestou” seu nome para as novas terras, parecia ser melhor cotado nos meios pertinentes, pois ao contrário de Colombo descrevia e muito bem sobre suas viagens às novas terras. Afirmava ter chegado ao continente sul, próximo do Rio da Prata em 1497, antes de Pedro Alvares Cabral (1467-1520) ter descoberto o Brasil em 1500. Amigo fiel dos Medici, o “Magnífico”, Américo Vespúcio conseguia se infiltrar facilmente entre patronos e banqueiros da época. A Vila de Saint-Dié, na França, era o berço de reliogiosos cartográficos e o ilustrador Monsenhor Martin Waldseemüller ao preparar o mapa do Novo Mundo, seguindo cálculos de Vespúcio sugeriu o nome das novas terras de “Amerige”. Nasce assim o continente América. O autor Sale, da obra “The Conquest of Paradise” traça um quadro interessante da civilização no século XV, tanto na Espanha, sob os olhares de novas descobertas e sob o terror da Inquisição, quanto no resto da Europa dilacerada pelas guerras constantes, assolada pela fome e pela peste. Porém, ressalta simultaneamente com brilhantismo uma época recheada de ilustres figuras como, Leonardo Da Vinci, (1452-1519), Maquiavel,(1469-1527), Michelângelo, (1475-1564), Nicolau Copérnico, (1473-1543), Lutero, (1483-1546) e Rafael, (1483-1520).
As grandes navegações foram consequência natural de uma efervescência cultural da época do Renascimento, que estremeceram o conteúdo do conceito humano.
© Revista Eletrônica de Ciências -
Número 19 -
Maio / Junho de 2003.
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