DA MÍDIA SEM MORDAÇA
COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Do deputado Anthony Garotinho (PR) sobre
vídeos e fotos que divulgou contra governador do Rio, Sérgio Cabral: “O
estrago ainda está por vir”.
Chico Buarque
...com 3% de intenção de votos, a candidatura de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo só desempaca com chute no traseiro.
Parte da força de um presidente é inerente ao cargo. Parte decorre das circunstâncias que ele vive. Parte tem a ver com o modo como aplica a força.
Ao fim e ao cabo, o crédito acumulado antes e depois de governar é o que o diferencia dos seus antecessores - para melhor ou pior.
Afilhada do presidente mais popular da história do país, sem a experiência de concorrer a eleições, Dilma venceu logo a primeira e em seguida engoliu um ministério que jamais escalaria. Lula o escalou para protegê-la e vigiá-la.
Nem assim Dilma se acanhou de livrar-se de uma fatia dele antes de completar um terço do mandato.
Administra sem brilho até aqui. A nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento emperrou. A versão anterior avança devagar. O governo carece de um projeto ambicioso para o país.
Com ou sem motivo, os ministros remanescentes e os que sucederam aos demitidos temem trombar com a presidente.
O receio fortalece a impressão de paralisia. E, no entanto...
No entanto, aos olhos de quase 80% dos brasileiros, Dilma vai muito bem. O fato de ser a primeira mulher a governar o país a favorece. Bem como o fato de ser uma mulher disposta a empregar a força que detém. Seu marketing pessoal tem sido tão bom quanto o de Lula.
Parabéns a João Santana, o responsável pela imagem de Dilma – e, antes, pela de Lula.
Genial aquela história da “faxineira ética”.
Quem liga que a faxineira conhecesse há muito tempo os ministros depois forçados a deixar o governo sob suspeita de corrupção? Nenhum deles foi chamado por Dilma para ser despachado.
A dois ou três, ela apelou para que ficassem nos cargos mesmo depois de entregar suas cartas de demissão. Todos saíram porque fizeram as contas e concluíram: é melhor ir embora do que arcar com o desgaste das denúncias publicadas pela imprensa. Dilma acabou faturando a demissão de tantos em tão pouco tempo.
A faxina rendeu-lhe tal cacife que ela pôde dar-se ao luxo de conservar ao seu lado, carregando-o para cima e para baixo como prova do triunfo de sua vontade, o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento.
Fernando embolsou grana com consultorias que não prestou. Esquisitíssimo! Mas a faxineira gosta dele, ora essa.
Há vezes que a força serve ao bem, ao mal ou simplesmente a ela mesma. No momento, Dilma a usa para derrubar os juros em duas frentes.
A primeira, dos bancos. Se os juros que eles cobram são reduzidos, os empréstimos ficam mais baratos. Aí as pessoas pegam dinheiro emprestado para consumir. A economia se reaquece.
A outra frente é a da taxa Selic, administrada pelo Banco Central, mas sujeita à intervenção crescente da própria Dilma.
A dívida pública federal é da ordem de R$ 1,8 trilhão. Se a Selic baixa, o custo de rolagem da dívida também baixa. E assim sobra mais dinheiro para o governo investir ou fazer com ele o que quiser.
Quem aspira a enfrentar Dilma em 2014 admite que ela se reeleja com folga se for bem-sucedida na guerra contra os juros e não cometer grandes bobagens até lá.
O risco de cometer é permanente. Um exemplo? A CPI do Cachoeira. O governo passaria sem ela muito bem, obrigado. Mas cedeu aos caprichos de Lula, que a patrocinou.
Lula queria que a CPI pegasse a VEJA, o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) e o Procurador-Geral da República. E que atrasasse o julgamento do mensalão.
Nada do que Lula queria parece destinado a ser alcançado. Com um agravante: o julgamento do mensalão foi apressado. E não se costuma apressar julgamentos para absolver os réus.
De tão insignificante e desprovida de talento, a oposição dispensava uma CPI para lhe disparar um tiro ou dois.
O Procurador-Geral ganhou a solidariedade dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Cuide-se Dilma para um eventual desfecho desastroso da CPI – afinal, sua base de apoio no Congresso já foi maior e mais fiel.
Uma sequência de diálogos interceptados por um mês pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostra o esforço do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), em se aproximar e manter boas relações com Carlos Augusto Ramos, o empresário Carlinhos Cachoeira.
As conversas ocorreram de julho a agosto de 2011 e relatam queixas sobre contratos do governo, ameaças de ruptura, promessas de vantagens, pedidos de Perillo por encontros com Cachoeira e a nomeação de oito pessoas indicadas pelo empresário.
O governador diz que as situações nunca aconteceram.
Os diálogos também mostram que o arrefecimento da tensão relatada nas conversas coincide com empréstimo de R$ 600 mil, por meio de empresa-fantasma, para Jayme Rincón - braço direito do governador, porta-voz informal do governo e ex-tesoureiro da campanha do tucano.
Pelas conversas, Cachoeira tinha três porta-vozes junto a Perillo: o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), o ex-vereador tucano Wladimir Garcez e o ex-presidente do Detran Edivaldo Cardoso. Segundo a PF, Cachoeira atuava em nome da Delta Construções.
Assinante do jornal leia mais em Perillo agiu para evitar ruptura com empresário
Todos contra todos
Para Silvio Costa (PTB-PE), um ditado
nordestino resume bem o clima da CPI do Cachoeira: “Em tempo de Murici,
cada um cuide de si”.
Só o começo
Chico Buarque
em coreano, por
nossa conta
Queridinho das esquerdas, de inegável
talento, o compositor e escritor Chico Buarque terá seu livro “Leite
Derramado” traduzido na Coreia do Sul, por conta do Ministério da
Cultura, chefiado pela irmã, Ana de Hollanda. A bolsa é de US$ 3 mil,
cerca de R$ 6 mil mensais. Em 2011, a ministra consultou o Conselho de
Ética da Presidência, após suspeita de conflito de interesses, mas o
livro acabou traduzido para o francês.
Talento familiar
A cantora Bebel Gilberto, sobrinha dos dois,
teve ok para captar R$1,8 milhão de incentivo fiscal para produzir 11
shows e um DVD.
É pau, é pedra
Se o grupo JBS-Friboi comprar a construtora
Delta, levará de lambuja uma área de jazida de granito na fazenda Olho
D’Água, em Sobral (CE). A região da jazida é um sítio arqueológico
protegido pelo Iphan.
Pensando bem...
CE: Crise na Delta gera calote no sertão
O escândalo da máfia dos caça-níqueis abalou Mauriti, uma
cidade cearense de 45 mil moradores, a quase 500 quilômetros de
Fortaleza. Nesse município do sertão do Cariri fica um dos principais
canteiros da transposição das águas do Rio São Francisco e da
Delta, construtora citada no esquema do contraventor Carlinhos
Cachoeira. Há três anos, a empresa iniciou a obra de um trecho de 39
quilômetros de canal e passou a dar o ritmo do comércio, da política e
até da agricultura local. Quando o escândalo veio à tona, no começo de
abril, a construtora demitiu 80% dos seus 1 mil operários no município,
encostou os 145 caminhões, escavadeiras e tratores e rompeu contrato com
as empresas agregadas, que saíram da cidade sem pagar as contas nas
oficinas, lojas de autopeças e imobiliárias familiares. Por causa do
calote, a Delta e suas agregadas estão com nome sujo na feira da praça
central, nas farmácias, nas mercearias e no setor mecânico.
Banco do Brasil e Caixa trocam farpas após ofensiva para queda de juros
A ofensiva da presidente Dilma contra os bancos privados
gerou uma disputa dentro do próprio governo. Banco do Brasil e Caixa
Econômica Federal passaram a trocar farpas nos bastidores e
protagonizaram uma "corrida" pelo posto de líder no corte de juros, com
anúncios seguidos de reduções. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo,
o BB acusa a Caixa de ser agressiva demais e assumir risco excessivo
com os cortes de juros em suas principais linhas de crédito. Do lado da
Caixa, a resposta é que o BB teme perder espaço comercial e está
pressionado pelo Palácio do Planalto por conta de sua posição
"conservadora" ao iniciar o processo de redução de suas taxas de
juros. Na avaliação de um assessor presidencial, a Caixa aposta que o
crescimento de suas operações e do número de clientes será mais do que
suficiente para cobrir os cortes que estão sendo efetuados, sem gerar
pressões por recursos do Tesouro.
BLOG DO CORONELEAKS
Delta: participação no PAC é tão grave quanto envolvimento com Cachoeira.
O esquema de Carlinhos Cachoeira com a Delta Construções é nacional? O
bicheiro de Goiás tinha alguma ingerência no governo do estado do Rio de
Janeiro? E no governo do estado de Pernambuco, onde a empreiteira
também teve um crescimento espantoso? E no governo do Pará? Ao que tudo
indica, não. Então o que deve ser investigado é porque as obras do PAC
privilegiaram esta construtora. Porque a Delta passou a ser a maior
beneficiada pelo programa de obras centralizado do governo federal. O
TCU mandou diversos sinais, na forma de relatórios sobre fraudes e
superfaturamento, envolvendo obras da construtora de Cavendish. O
Maracanã, obra-símbolo da Copa, tinha uma falcatrua de cerca de R$ 100
milhões. Está na hora da CPI levantar quem são os Cachoeiras dos demais
estados. Quem são os Cachoeiras dentro do Palácio do Planalto e dos seus
ministérios.
Dilma vira a mãe brasileira.
Desta vez, como na campanha, Dilma não prometeu 6.427 creches. Fez
mais fácil. Botou mais R$ 70 nas mãos de mães que tenham filho de 0 a 6
anos e estejam na Bolsa Família. Se quiserem, que contratem uma babá.
Em seu primeiro pronunciamento no Dia das Mães, a presidente Dilma
Rousseff anunciou ontem um pacote de medidas para beneficiar mulheres e
crianças, focado nas regiões Norte e Nordeste. Chamado de Brasil
Carinhoso, ele prevê mudanças no Bolsa Família,
construção de creches e ampliação de programas de saúde para crianças de
0 a 6 anos -as regras serão detalhadas hoje em cerimônia no Planalto. A
intenção do novo plano, dividido em três eixos, é tirar da miséria
absoluta as famílias com crianças nessa faixa etária, disse a
presidente.
Entre as medidas anunciadas está a garantia de uma renda mínima de R$ 70
a cada membro das famílias extremamente pobres com pelo menos um filho
de até seis anos. "É uma ampliação e um reforço muito importante ao
Bolsa Família", disse Dilma. O programa também pretende ampliar o controle de doenças como anemia e
deficiência de vitamina A entre as crianças e distribuir remédios contra
asma em unidades de farmácia popular.
A presidente quer construir creches. A promessa de campanha é inaugurar
6.427 unidades até 2014, mas até hoje só 411 foram feitas, diz o
Ministério da Educação. Dilma ressaltou que o programa terá como
enfoque os Estados com maior número de famílias miseráveis. "Muito
ainda precisa ser feito, e a situação se agrava em períodos de
seca, como ocorre neste momento no Nordeste. (...) Mesmo sendo um
programa nacional, [ele] vai olhar com a máxima atenção para as crianças
dessas duas regiões mais pobres do país, para o Norte e para o
Nordeste", disse Dilma (Folha de São Paulo)
Demóstenes interrogando Gurgel na CCJ. Vale a pena ver de novo.
Por longos 10 minutos, o então senador Demóstenes Torres (DEM-GO)
sabatina o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, na CCJ do
Senado. O PGR ouve calmamente as perguntas do senador. O que deveria
estar passando pela cabeça de Gurgel, sabendo que ali, à sua frente,
havia um corrupto, um impostor, uma fraude humana e política? Isto
ocorreu em 3 de agosto de 2011, quando o democrata já estava sendo
investigado. É impressionante a frieza e a cara de pau de Demóstenes.
Assistam que vale a pena.
BLOG DO NOBLAT
Um tiro no pé!, por Ricardo Noblat
Alguém duvida que Dilma Rousseff possa e goste muito de poder?Parte da força de um presidente é inerente ao cargo. Parte decorre das circunstâncias que ele vive. Parte tem a ver com o modo como aplica a força.
Ao fim e ao cabo, o crédito acumulado antes e depois de governar é o que o diferencia dos seus antecessores - para melhor ou pior.
Afilhada do presidente mais popular da história do país, sem a experiência de concorrer a eleições, Dilma venceu logo a primeira e em seguida engoliu um ministério que jamais escalaria. Lula o escalou para protegê-la e vigiá-la.
Nem assim Dilma se acanhou de livrar-se de uma fatia dele antes de completar um terço do mandato.
Administra sem brilho até aqui. A nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento emperrou. A versão anterior avança devagar. O governo carece de um projeto ambicioso para o país.
Com ou sem motivo, os ministros remanescentes e os que sucederam aos demitidos temem trombar com a presidente.
O receio fortalece a impressão de paralisia. E, no entanto...
No entanto, aos olhos de quase 80% dos brasileiros, Dilma vai muito bem. O fato de ser a primeira mulher a governar o país a favorece. Bem como o fato de ser uma mulher disposta a empregar a força que detém. Seu marketing pessoal tem sido tão bom quanto o de Lula.
Parabéns a João Santana, o responsável pela imagem de Dilma – e, antes, pela de Lula.
Genial aquela história da “faxineira ética”.
Quem liga que a faxineira conhecesse há muito tempo os ministros depois forçados a deixar o governo sob suspeita de corrupção? Nenhum deles foi chamado por Dilma para ser despachado.
A dois ou três, ela apelou para que ficassem nos cargos mesmo depois de entregar suas cartas de demissão. Todos saíram porque fizeram as contas e concluíram: é melhor ir embora do que arcar com o desgaste das denúncias publicadas pela imprensa. Dilma acabou faturando a demissão de tantos em tão pouco tempo.
A faxina rendeu-lhe tal cacife que ela pôde dar-se ao luxo de conservar ao seu lado, carregando-o para cima e para baixo como prova do triunfo de sua vontade, o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento.
Fernando embolsou grana com consultorias que não prestou. Esquisitíssimo! Mas a faxineira gosta dele, ora essa.
Há vezes que a força serve ao bem, ao mal ou simplesmente a ela mesma. No momento, Dilma a usa para derrubar os juros em duas frentes.
A primeira, dos bancos. Se os juros que eles cobram são reduzidos, os empréstimos ficam mais baratos. Aí as pessoas pegam dinheiro emprestado para consumir. A economia se reaquece.
A outra frente é a da taxa Selic, administrada pelo Banco Central, mas sujeita à intervenção crescente da própria Dilma.
A dívida pública federal é da ordem de R$ 1,8 trilhão. Se a Selic baixa, o custo de rolagem da dívida também baixa. E assim sobra mais dinheiro para o governo investir ou fazer com ele o que quiser.
Quem aspira a enfrentar Dilma em 2014 admite que ela se reeleja com folga se for bem-sucedida na guerra contra os juros e não cometer grandes bobagens até lá.
O risco de cometer é permanente. Um exemplo? A CPI do Cachoeira. O governo passaria sem ela muito bem, obrigado. Mas cedeu aos caprichos de Lula, que a patrocinou.
Lula queria que a CPI pegasse a VEJA, o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) e o Procurador-Geral da República. E que atrasasse o julgamento do mensalão.
Nada do que Lula queria parece destinado a ser alcançado. Com um agravante: o julgamento do mensalão foi apressado. E não se costuma apressar julgamentos para absolver os réus.
De tão insignificante e desprovida de talento, a oposição dispensava uma CPI para lhe disparar um tiro ou dois.
O Procurador-Geral ganhou a solidariedade dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Cuide-se Dilma para um eventual desfecho desastroso da CPI – afinal, sua base de apoio no Congresso já foi maior e mais fiel.
Perillo agiu para evitar ruptura com empresário
Breno Costa, Folha de São PauloUma sequência de diálogos interceptados por um mês pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostra o esforço do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), em se aproximar e manter boas relações com Carlos Augusto Ramos, o empresário Carlinhos Cachoeira.
As conversas ocorreram de julho a agosto de 2011 e relatam queixas sobre contratos do governo, ameaças de ruptura, promessas de vantagens, pedidos de Perillo por encontros com Cachoeira e a nomeação de oito pessoas indicadas pelo empresário.
O governador diz que as situações nunca aconteceram.
Os diálogos também mostram que o arrefecimento da tensão relatada nas conversas coincide com empréstimo de R$ 600 mil, por meio de empresa-fantasma, para Jayme Rincón - braço direito do governador, porta-voz informal do governo e ex-tesoureiro da campanha do tucano.
Pelas conversas, Cachoeira tinha três porta-vozes junto a Perillo: o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), o ex-vereador tucano Wladimir Garcez e o ex-presidente do Detran Edivaldo Cardoso. Segundo a PF, Cachoeira atuava em nome da Delta Construções.
Assinante do jornal leia mais em Perillo agiu para evitar ruptura com empresário
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