CGU vê irregularidades em aplicações do FGTS

 


A liberação de cerca de R$ 3 bilhões para incorporadoras imobiliárias pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) envolveu um esquema irregular que teria beneficiado funcionários da Caixa Econômica Federal e conselheiros do fundo, apontou investigação da Controladoria Geral da União (CGU). Para a CGU, ficou caracterizada uma "situação de conflito de interesses na gestão dos recursos públicos e privados".
Relatórios da CGU aos quais o Valor teve acesso indicam que Marcelita Marques Marinho, funcionária da Caixa, Celso Petrucci, integrante do conselho curador do FGTS, e André Luiz de Souza, integrante do Grupo de Apoio Permanente (GAP) do conselho curador do FGTS e do comitê de investimento do FI-FGTS, eram sócios ou dirigentes da Sscore, empresa que prestou serviços para seis das sete emissões de debêntures de incorporadoras compradas pelo FGTS entre 2009 e 2010. Ao todo, o FGTS comprou papéis de 13 empresas.
A Caixa é responsável pela operação do FGTS, decidindo quais são as aplicações do fundo. O conselho curador é a instância do FGTS que decide as principais linhas de investimento, entre elas, a aplicação de recursos em debêntures e em fundos de investimento. É presidido pelo Ministério do Trabalho e Emprego e composto por entidades representativas dos trabalhadores, dos empregadores e do governo.
A conclusão da auditoria é que, de um lado, essas três pessoas podem ter exercido influência no processo de decisão de investimento do FGTS, enquanto, de outro lado, teriam recebido parte do dinheiro liberado pelo fundo como pagamento por serviços privados prestados.
Uma das figuras centrais da auditoria da CGU é André Luiz de Souza. Integrante do conselho curador do FGTS pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) até 2007, Souza é sócio de sete empresas de consultoria imobiliária que, segundo a CGU, são "parceiras" da Caixa, entre elas a Sscore, a Contrathos e a Arche. Após renunciar ao conselho curador, Souza permaneceu como membro do comitê de investimentos do FI-FGTS, fundo que aplica recursos do FGTS em ações e papéis de dívida da empresas de projetos infraestrutura. Mesmo tendo mudado de função, Souza continuou tendo participação ativa nas reuniões do conselho curador, segundo os relatórios da CGU.
A CGU afirma que Marcelita Marques Marinho foi durante oito meses superintendente nacional de risco de crédito da Caixa e sócia da Sscore, até se aposentar do banco. Dona de outra consultoria, a MMM & Associados, Marcelita tinha como sócias três funcionárias da área de risco da Caixa.

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