TERCEIRA EDIÇÃO DE 21-02-2018 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Intervenção meia-boca
Sem tolerância zero à corrupção da gestão pública não se põe fim ao crime organizado
Por José Nêumanne
Quarta-feira, 21 fev 2018, 11h46
José Nêumanne, publicado no Estadão
Como todas as iniciativas demagógicas adotadas para algum fim inconfessável e anunciadas como se tivessem por objetivo o interesse público, que dificilmente será alcançado, a intervenção federal sob chefia militar na segurança pública do Rio é, no popular, meia-boca.
O Estado do Rio de Janeiro está clamando por uma intervenção federal por inteiro há muito tempo, desde, pelo menos, a ampla divulgação da roubalheira superlativa que faz do ex-governador Sérgio Cabral protagonista do maior escândalo de corrupção e má gestão da História. E o atual ocupante do cargo (chamá-lo de governador é uma cínica licenciosidade léxica), Luiz Fernando Pezão, não passa de um capataz com carta branca do antecessor, enquanto este passa uma temporada no inferno prisional. Intervir na segurança e mantê-lo no cargo é um acinte para os fluminenses, que terão de continuar a suportar sua óbvia nulidade, e os brasileiros, que pagam a pesada conta secreta para manter essa fantasia de bloco de sujos.
No editorial <Uma intervenção injustificável>, publicado sábado,17, este jornal já fez a pergunta que não quer calar: o que aconteceu nos últimos dias que justificasse a decretação da medida radical antes de ser debatida e votada no Congresso Nacional a reforma da Previdência? Ao que se saiba, nada! A crônica do fiasco anunciado na conquista dos três quintos de votos dos congressistas para aprovar a reforma, sem a qual não há remendo possível para as contas públicas nacionais, é mero pretexto.
Em nome da busca desse ideal, Temer nomeou o mais truculento cabo de esquadra das hostes que herdou, no pra lá de baixo clero do MDB ─ à época ainda com o pê, não o do início de pudor, mas, sim, o do meio de impunidade ─, do colega Eduardo Cunha, hoje habitante do Arquipélago Curitiba, onde se encontra Cabral. Carlos Marun na Secretaria de Governo é o erro de pessoa no lugar errado. Nomeado para seduzir parlamentares resistentes a uma causa improvável, ele só sabe rosnar e morder.
Se seria injusto inculpar só o valentão de circo com porrete à mão pela derrota na votação capital para o equilíbrio das contas públicas, sua instalação no Palácio do Planalto, à direita de “deus-pai todo-poderoso”, é a mais completa tradução da desistência sem honra da votação e do pretexto para evitá-la. Marun é subserviente a Eduardo Cunha a ponto de figurar entre os gatos-pingados que tentaram evitar sua cassação pela Câmara e de ir visitá-lo na cela, com passagem paga pelo contribuinte. E Marun não seria Marun se não tivesse confessado, como o fez há pouco, que a única atitude de que já se arrependeu até hoje na vida foi, sob pressão, devolver essa despesa. Pois, para ele, tudo o que o chefe manda é legítimo.
Resta a segunda questão: por que intervir pela metade, se Pezão já renunciou governar o Estado? Não é o que ele fez ao se acoitar em seu berço, Piraí, para fugir do caos momesco na capital do Estado, depois de ter anunciado um plano de segurança sem dados, comprometimento de verbas nem metas à vista? A única explicação (usar justificativa seria um engano semântico) é a conveniência para os remanescentes palacianos ─ Temer, Moreira e Padilha ─, que preferiram evitar a investigação do que Rodrigo Janot chamou de “quadrilhão do PMDB” a encará-la.
Eles são do mesmo partido de Geddel, que, ainda que viva aos prantos na Papuda, nunca deu nem indício de origem e destino dos R$ 51 milhões encontrados num apartamento em Salvador usado pelo clã, também formado pelo mano Lúcio, da fiel base de Temer na Câmara, e “mãinha” Marluce, acusada de usar o próprio closet como caverna de Ali-Babá. São da patota de Rodrigo (nome pelo qual se identificou Joesley Batista ao entrar no Jaburu para gravar o presidente) Rocha Loures, recordista dos cem metros com mala com R$ 500 mil, sem dono nem fiel depositário. E de Henrique Alves, aquele lá das Dunas.
Convém não omitir Jorge Picciani, chefão na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro que conseguiu de Eduardo Cunha a nomeação do filhote Leonardo para a liderança da bancada do então PMDB na Câmara, vendeu o voto dele a Dilma e terminou aderindo ao companheiro de primeira hora, Temer. Por mercê dessa virada dupla, Leonardo Picciani é ministro do Esporte no ano da Copa do Mundo e, ao que indica seu sumiço, deve estar dando expediente na Rússia.
A terceira causa (usar razão seria um escárnio gramatical) da intervenção pela metade é que, despojado do disfarce de presidente reformista em plena Quarta-Feira de Cinzas, o atual chefe-geral da súcia resolveu apelar para o velho refrão da violência como tema de enredo que todos os governos adotam, mas nenhum se arrisca a enfrentar de verdade.
Para isso tomou “na moral” a bandeira de Bolsonaro e apelou para os militares de hábito. Assim foi na Eco-92, nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Mundial da Fifa em 2014 e na Olimpíada de 2016. Sempre no Rio e com idêntico receituário: um acordo com os chefões do tráfico de drogas, que tiraram férias e deixaram a autoridade brincar de ocupação do Haiti nas praias, longe do seu território. Deu certo enquanto duraram os acordos. E agora?
O problema agora é que um objetivo colide com o outro. A violência campeia porque as Polícias Civil e Militar são corrompidas do topo à base, como constatou Torquato Jardim, “escanteado” ministro da Justiça. E isso só é possível porque os gestores públicos fazem vista grossa após serem comprados como o são os subordinados. Como se reprime o crime organizado se faz isso para impedir que policiais, procuradores e juízes federais da primeira instância tenham mãos livres para combatê-lo? E isso não é só no Executivo. Quem duvida que o Supremo Tribunal Federal julgue (o que já é um absurdo) e até conceda habeas corpus ao criminoso (condenado por corrupção e lavagem de dinheiro) Lula da Silva? E um fato nega outro.

NO O ANTAGONISTA
Delator confirma aval de Lula para propina do grupo Schahin
SALVAR Brasil Quarta-feira, 21.02.18 15:14
Fernando Schahin confirmou ao juiz Sérgio Moro que Lula “abençoou” a contratação do grupo Schahin pela Petrobras para operar o navio-sonda Vitória 10.000, diz a Folha de S. Paulo.
E mais:
“O negócio teria sido firmado sob a prerrogativa de que fosse quitada uma dívida que o PT mantinha com o banco Schahin.”
José Carlos Bumlai, que recebeu o empréstimo fraudulento do banco Schahin, financiou uma parte da reforma do sítio de Atibaia.
A outra parte foi financiada com propina da Odebrecht e da OAS.

Ex-presidente do TCE-RJ combinou ‘mesada’ na casa de Picciani
SALVAR Brasil 21.02.18 15:19
Jonas Lopes, o ex-presidente do TCE-RJ que confessou vender sentenças e se aposentou ganhando mais de R$ 30 mil mensais, depôs hoje na 7ª Vara Federal do Rio, relata o Estadão.
Ele contou que uma mesada dos empresários de ônibus para os conselheiros do TCE foi acertada na casa do então presidente da Alerj, Jorge Picciani, na Barra da Tijuca, “com vista para o mar”.
Lopes e seu filho, que fecharam delação premiada, depuseram no âmbito da Operação Ponto Final do MPF, que apontou desvio de R$ 500 milhões do setor de transportes do Rio. Picciani continua preso.

Lula: “Não existe essa de PMDB nunca mais”
SALVAR Brasil 21.02.18 15:12
Lula disse à Rádio Itatiaia que o PT pode firmar alianças com o MDB.
“Não existe essa de PMDB nunca mais, isso é bobagem. O PMDB em Minas Gerais é sustentáculo do governo do petista Fernando Pimentel, grande parte dele se colocou contra o impeachment da Dilma.”
O condenado também afirmou:
“Tenho que construir uma aliança que me permita fazer isso melhorar a vida do povo, senão serei o melhor candidato do mundo e não ganharei as eleições.”

“Ciro não gostou do que ouviu”
SALVAR Brasil 21.02.18 14:48
Segundo a Época, Fernando Haddad disse a Ciro Gomes que o PT terá um candidato a presidente mesmo que Lula seja cassado.
A reportagem acrescenta – como se fosse necessário – que “Ciro não gostou do que ouviu”.

Matéria comprada
SALVAR Mundo 21.02.18 14:38
Binyamin Netanyahu foi delatado por dois de seus principais assessores.
Um deles disse que o primeiro-ministro de Israel favoreceu uma das maiores empresas do país para comprar matérias jornalísticas.
Para o Haaretz, Netanyahu acabou.

“Volta, Dilma, volta, Dilma, volta, Dilma”
SALVAR Brasil 21.02.18 13:52  
Lulistas protagonizaram mais uma cena melancólica num festival internacional de cinema.
Diz a Folha de S. Paulo:
“Cerca de 20 brasileiros e outros entusiastas se reuniram em uma manifestação pró-Lula e Dilma em Potsdamer Platz, praça que sedia o Festival de Berlim, na tarde desta quarta-feira.
O ato foi marcado nas redes sociais e agendado para coincidir com o dia da primeira sessão de O Processo, documentário da brasiliense Maria Augusta Ramos que fala dos bastidores do impeachment de Dilma Rousseff (…).
O artista plástico paraibano Flauberto de Medeiros, 50 anos, 16 deles na Alemanha, testava o som: ‘Volta, Dilma, volta, Dilma, volta, Dilma’, entre ruídos de microfonia.”

A Cavalgada dos Lulistas
SALVAR Cultura 21.02.18 14:02
Entre os “cerca de 20 brasileiros e outros entusiastas” que, segundo a Folha, estavam na manifestação pró-Lula e Dilma em Berlim havia uma arquiteta que reuniu brasileiros “engajados na resistência” – na Europa – e uma produtora que mora em Paris há 30 anos.
Apareceram também uma cantora lírica que entoou “Roda Viva” e um bailarino que rodopiava empunhando a faixa “Das Volk möchte Lula” (O povo gosta de Lula, em alemão).
É a Cavalgada dos Lulistas – uma Cavalgada das Valquírias inspirada por Jaques (e não Richard) Wagner. Todos legítimos representantes do Volk brasileiro.

“Aumentos brutais” de impostos
SALVAR Economia 21.02.18 14:00
Henrique Meirelles disse a José Luiz Datena que, se a Reforma da Previdência não for feita, haverá “aumentos brutais” de impostos.
Não existe almoço grátis e ele vai ficar cada vez mais caro para todo mundo.

Cármen não pauta ação sobre delações feitas pela PF
SALVAR Brasil 21.02.18 13:41
A pauta de julgamentos do STF para março não inclui a ADI 5508, aquela que trata da validade dos acordos de colaboração premiada feitos pela Polícia Federal.
Com isso, a delação de Duda Mendonça, por exemplo, completará um ano sem a devida análise para homologação.

Espírito Santo também vai tentar se blindar
SALVAR Brasil 21.02.18 13:10
Assim como em Minas Gerais, as forças de segurança do Espírito Santo anunciaram um esquema especial na divisa com o Rio de Janeiro.
Os estados vizinhos estão temendo a ‘fuga’ de traficantes e milicianos após a intervenção federal na segurança do Rio.

Julgamento do HC dos irmãos Batista: o CNJ não vai investigar o que parece ser um escândalo?
SALVAR Brasil 21.02.18 12:51
Ontem, antes que o julgamento do HC dos irmãos Batista começasse no STJ, o jornal O Globo publicou o resultado, como se os ministros já tivessem decidido: “A Sexta Turma do STJ decidiu hoje que o empresário Wesley Batista deverá cumprir prisão domiciliar. Já o irmão, Joesley Batista, permanecerá preso”.
O Antagonista, que estava no STJ, estranhou o fato e publicou que o julgamento nem sequer havia sido iniciado.
Em seguida, o jornal publicou uma atualização, desculpando-se pelo “erro”. Mas a nota foi mantida.
Ao iniciar os trabalhos, o ministro que presidia o julgamento fez menção, sem citar nomes, à nota de O Globo, dizendo que se tratava de um “desrespeito” ao Judiciário.
O resultado do julgamento, no entanto, foi exatamente aquele que a nota do jornal não havia apenas antecipado, mas dado como fato consumado: Wesley solto; Joesley mantido na prisão.
Pergunta: o Conselho Nacional de Justiça não vai abrir uma investigação sobre o que parece ser um escândalo no STJ?

Morreu o inspirador de Edir Macedo e afins
SALVAR Mundo 21.02.18 11:44
Morreu Billy Graham, o mais famoso pregador evangélico americano, de influência planetária.
Edir Macedo e afins tropicais só existem porque Billy Graham existiu.
Ele tinha 99 anos.

Subcomandante de UPP é morto no Rio
SALVAR Sociedade 21.02.18 11:11
O tenente Guilherme Lopes da Cruz foi morto na madrugada de hoje em um assalto em Jacarepaguá.
Ele era subcomandante da UPP da Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
É o terceiro militar morto desde o início da intervenção federal na segurança do Estado.

Marcello Miller: “Vamos correr, porque a informação é de que a operação pode ser amanhã”
SALVAR Brasil 21.02.18 10:47
A Folha teve acesso ao conteúdo de mensagens do celular de Marcello Miller, cujo sigilo foi quebrado por ordem da Justiça. Segundo o jornal, o ex-procurador recebeu com pelo menos um dia de antecedência, quando já advogava para a J&F, a informação de que a Lava Jato prenderia Andrea Neves e Frederico Pacheco, primo de Aécio Neves.
Ele e a advogada Esther Flesch estavam negociando um aumento nos honorários pagos a ambos pelo escritório Trench Rossi Watanabe, quando Miller mandou uma mensagem à colega:
“Vamos correr, porque a informação insider é a de que a operação pode ser deflagrada amanhã.”
Na noite do mesmo dia, O Globo publicou a notícia da delação dos irmãos Batista.
Os investigadores acham que Miller recebeu a notícia de dentro da PGR, já que usou a palavra “insider”. É provável. Assim como é possível que uma assessoria de imprensa também tenha atuado como “insider” na história dessa delação.




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