1ª EDIÇÃO DE HOJE DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"
NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
29 DE NOVEMBRO DE 2015
A Caixa cancelou contrato da agência Borghi Lowe Propaganda, após a condenação do seu diretor Ricardo Hoffmann a 12 anos e 10 meses de prisão, na Lava Jato. A empresa foi acusada de fraudar a licitação que declarou vencedoras mais três agências – a Artplan, a Nova SB e Heads. As quatro dividiam a verba anual para publicidade da Caixa, de R$ 400 milhões. A Borghi detinha algo como 25% do contrato global.
Virou piada no mercado a decisão da Caixa de considerar que houve fraude somente na parte da Borghi. Mas a licitação foi única.
Condenado por Sergio Moro a 14 anos e 4 meses, o ex-deputado petista André Vargas é acusado de escolher agências para a Caixa.
Consta na denúncia do Ministério Público Federal que André Vargas teria indicado o diretor de Marketing da Caixa, Clauir dos Santos.
Com um dos seus principais executivos condenados à prisão, a Borghi Lowe Propaganda foi rebatizada para Mullen Lowe Brasil.
LÍDER DE DILMA NÃO TEM DATA PARA SAIR DA CADEIA
Preso por tentar subornar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró a não citá-lo em delação, além de propor fuga para a Espanha, o líder do governo Dilma, senador Delcídio Amaral (PT) não tem prazo para sair da cadeia. Para Luis Henrique Cesar Prata, perito em Direito Penal, é caso clássico de prisão preventiva por obstrução da “instrução criminal” e o petista pode ficar preso até o fim das investigações da Lava Jato.
A prisão de Delcídio pode ser renovada inúmeras vezes. Ocorre a Marcelo Odebrecht, preso há cinco meses, e José Dirceu, há três.
Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que está preso na Lava Jato, gravou a trama usando o próprio celular.
Quem conhece o líder do governo não se surpreendeu: a gravação mostra um Delcídio malandro, fanfarrão, arrotando vantagens.
O líder do governo sempre foi metido a malandro, e os senadores não gostavam disso. Sobretudo Renan Calheiros, em cujo colo Delcídio tentou colocar o protegido Nestor Cerveró, no início do escândalo.
A vitória apertada do veto ao reajuste do Judiciário - por só 6 votos – acendeu o alerta vermelho no Palácio do Planalto. Há dúvidas sobre a solidez da base aliada para segurar um processo de impeachment.
Fernando Baiano diz que Bumlai cobrou R$ 3 milhões para o então presidente Lula receber o gestor da Sete Brasil, do petrolão. E que R$2 milhões eram para a nora de Lula. E Lula não é considerado suspeito?
A nota livrando o PT até de solidariedade ao senador Delcídio, preso por obstruir investigações da Lava Jato, fez com que senadores se irritassem muito com o presidente do PT, Rui Falcão. Tinha senador tão nervoso que recorreu a lenço branco para aplacar o suor na sessão.
A Comissão de Trabalho da Câmara aprovou projeto do deputado Laércio Oliveira (SD-SE), que propõe a anistia da cobrança de multas para contabilistas. Contrário, o governo alegava perda de arrecadação.
O TCU questionou a Infraero sobre se a empresa já avaliou o impacto econômico provocado pelos leilões dos aeroportos de Florianópolis, Salvador, Fortaleza e Porto Alegre. O prazo para resposta é dia 1º.
Uma rodinha de deputados ironizava a ação da Polícia Federal no Senado e não na Câmara, outro palco de escândalos. Diziam que ‘a cada senador preso, a PF terá que prender outros seis deputados’.
Dois membros da CPI dos Fundos de Pensão, que ouviria o agora encarcerado André Esteves (BTG Pactual), foram beneficiados com grana do banqueiro na campanha eleitoral: Paulo Teixeira (PT-SP) levou R$ 47,5 mil e Índio da Costa (PSD-RJ) outros R$ 200 mil.
...o governo anunciou “contingenciamento” para não quebrar em 2016, mas não explicou como R$ 10 bi cobrem um rombo de R$ 120 bilhões.
NO O ANTAGONISTA
O Palácio do Planalto é o novo foco da Lava Jato.
Estadão: “A prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral, e do banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, precipitaram o avanço da Lava Jato em sua investida sobre o Palácio do Planalto...
Apesar de apenas 4% das ações no Conselho de Ética findarem em cassação de mandato, o risco para Eduardo Cunha segue enorme. O G1 lembra que tudo mudou há dois anos, quando a votação no plenário da Câmara deixou de ser secreta...
Das 128 vezes em que o Conselho de Ética da Câmara foi acionado, em apenas 6 ocasiões, ou 4% dos processos, os parlamentares tiveram a cassação do mandato confirmada pelo plenário...
Eduardo Cunha, Eike Batista e André Esteves se reuniram há três semanas, na casa de um ex-executivo de Eike Batista...
Ao focar no Palácio do Planalto, segundo o Estadão, a Lava Jato “busca reunir elementos para apontar a Casa Civil como mentora do esquema que loteava politicamente cargos estratégicos, fixava porcentuais de pagamento de propina e que estruturou uma máquina de lavagem de dinheiro para ocultar o financiamento ilegal de partidos...
Além do prêmio de 2 milhões de reais do Pé Quente Bradesco, o relatório da PF mostra também que José Carlos Bumlai sacou 5 milhões de reais em dinheiro vivo...
José Carlos Bumlai ganhou 2 milhões de reais num sorteio do Bradesco.
Ele investiu mil reais num bilhete do "Pé Quente Bradesco" e embolsou algo equivalente ao que Fernando Baiano pagou-lhe pelo lobby de Lula junto à Sete Brasil...
Elio Gaspari deu a entender que o dono da Etesco quer contar tudo o que sabe à Lava Jato. Dois meses atrás, O Antagonista publicou o seguinte post sobre a empreiteira:
O delator Fernando Moura explicou que o Petrolão nasceu quando a Etesco indicou-lhe Renato Duque para a diretoria da Petrobras...
A Lava Jato fez bem a O Antagonista.
Ela fez bem também a Elio Gaspari. Sua coluna de hoje está particularmente inspirada...
Elio Gaspari: “A Operação Lava Jato, com seus desdobramentos, está chegando ao cenário descrito há 11 anos pelo juiz Sergio Moro num artigo sobre a Operação Mãos Limpas italiana. Ela deslegitimou um sistema político corrupto”...
A Folha de S. Paulo informa que "o PMDB pressionará Renan Calheiros a convocar o Congresso durante o recesso parlamentar caso o pedido de impeachment seja aceito. O objetivo é contar prazo para acelerar o calendário de um eventual julgamento"...
Dilma Rousseff está realizando mais uma proeza: unir os tucanos.
A Folha de S. Paulo diz que "mesmo as vozes mais moderadas do PSDB passaram a embarcar na tese do impeachment de Dilma Rousseff. Em conversas recentes, Fernando Henrique Cardoso fez avaliações de que o governo federal 'acabou'...
65% dos brasileiros querem o impeachment de Dilma Rousseff, segundo o Datafolha.
Mas apenas 36% acham que ela de fato será afastada...
O Datafolha conseguiu encontrar os 10% de brasileiros que ainda aprovam Dilma Rousseff.
Essa pesquisa, assim como aquela sobre Lula, não quer dizer nada...
Os dois sobrinhos de Nicolás Maduro presos com 800 quilos de cocaína negociam um acordo de delação premiada com a Justiça de Nova York...
NO BLOG DO CORONEL
EM ECONOMIA
DOMINGO, 29 DE NOVEMBRO DE 2015 ÀS 09:30:00
Com a decisão inédita da presidente Dilma Rousseff de suspender o pagamento de todas as despesas, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, convocou para a tarde de domingo uma reunião com integrantes do governo para discutir como será elaborado...
EM POLÍTICA
ÀS 09:10:00
No ranking de problemas do país conforme a opinião dos brasileiros, a corrupção é, pela primeira vez, a campeã isolada.Segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 25 e 26 em todo o país, 34% dos eleitores colocam a corrupção como o principal problema...
EM POLÍTICA
SÁBADO, 28 DE NOVEMBRO DE 2015 ÀS 19:28:00
Do ponto de vista eleitoral, o maior beneficiado com a combinação de crise política e econômica não parece ser o PSDB, principal opositor da presidente Dilma Rousseff, mas a hoje reclusa Marina Silva (Rede), ex-senadora que ficou em terceiro...
NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 29/11/2015 04:55
Renan, Delcídio e Lobão numa das reuniões de Lula com a nata dos encrencados na Lava Jato
Desde que foi recolhido à Superintendência da Polícia Federal em Brasília, na última quarta-feira (25), o senador Delcídio Amaral dedica-se com método a sinalizar o estrago que pode produzir no conglomerado governamental caso resolva aderir à delação premiada. É como se Delcídio quisesse recordar aos seus parceiros de jornada que abandoná-lo pode ser um mau negócio. Num instante em que a oposição prepara o pedido de cassação do seu mandato, Delcídio decidiu levar ao baralho uma carta estratégica: Renan Calheiros.
Em depoimento formal, o senador preso já havia declarado que Dilma Rousseff conhece Nestor Cerveró desde os tempos em que exerceu, entre 1999 e 2002, a função de secretária estadual de Minas e Energia no Rio Grande do Sul. Em privado, Delcídio recordou a pelo menos uma pessoa que o visitou na cadeia que foi Renan Calheiros, presidente do Senado, quem apadrinhou, em 2003, a nomeação de Cerveró, hoje um temido delator da Lava Jato, para o posto de diretor da área Internacional da Petrobras.
Nessa versão, Delcídio teria apenas avalizado, a pedido de Dilma, então ministra de Minas e Energia de Lula, a indicação feita por Renan. Ele diz que se sentiu à vontade para dar o seu aval porque trabalhara com Cerveró. Convivera com ele entre 2000 e 2001, quando comandou, no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, a diretoria de Gás e Energia da Petrobras.
Delcídio já havia insinuado que Cerveró era afilhado político de Renan em março do ano passado, quando o personagem tornou-se tóxico. Naquela ocasião, respondendo a uma pergunta da repórter Andreza Matais, Dilma redigiu de próprio punho uma nota dizendo que, como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, aprovara a compra da refinaria de Pasadena escorada em “informações incompletas'' de um parecer “técnica e juridicamente falho''. O autor do parecer era Cerveró. Hoje, sabe-se que o negócio do Texas produziu apenas prejuízos à Petrobras e propinas para a gangue político-empresarial que pilhou a estatal.
Em março de 2014, quando foi alvejado pelas insinuações de Delcídio, Renan deu o troco com ironia. “O Delcídio deve estar preocupado com relação à indicação, mas eu queria, de antemão, dizer que o Delcídio não deve ficar preocupado. O Delcídio certamente não indicou o Cerveró para roubar a Petrobras'', disse Renan, lamentando que, àquela altura, Cerveró ainda estivesse na folha da estatal, atuando como diretor financeiro da subsidiária BR Distribuidora. “Ele ter ficado na Petrobras é imperdoável. O Delcídio tem de pedir a saída dele.''
Delcídio não se deu por achado. “O PMDB participou, era representado na diretoria internacional pelo Nestor Cerveró, isso é fato sabido. O Renan tinha toda ascendência sobre o Cerveró.'' Comparou Renan ao comandante do navio Costa Concordia, Francesco Schettino, aquele italiano que abandonou a embarcação em meio a um naufrágio, em janeiro de 2012.
“O senador Renan está um pouco nervoso, mas é um homem pragmático. Sabe que é hora de tirar o pé do acelerador porque tinha ascendência sobre a diretoria internacional da Petrobras. Está na hora de baixar o espírito Schettino. Rei morto, rei posto. Mas esse modelito é bem conhecido dele.''
Depois dessa troca de farpas, Delcídio e Renan celebraram um armistício. Pararam de se torcer o braço um do outro em público. Na última quarta-feira, na sessão em que o Senado teve de deliberar sobre a prisão de Delcício, Renan tentou articular a libertação do colega. Derrotado por 59 votos a 13, lamentou:
“Não é democrático nós permitirmos que se possa prender um congressista no exercício do seu mandato sem culpa formada. Compreendo a decisão do plenário, respeito a maioria. Mas eu, como presidente, não posso concordar com ela. Eu tenho que defender a prerrogativa do Congresso Nacional. Talvez um dia nós possamos avaliar o que significou esse dia triste para o Legislativo brasileiro.”
Por ora, a decisão de manter Delcídio preso resultou em risco apenas para o detido, que pode perder o mandato, e para os potenciais delatados, que perderam o sono.
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