TERCEIRA EDIÇÃO DE 22-6-2017 DO DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NO BLOG DO FAUSTO MACEDO
Homem da mala pegou carona com Kassab, em jatinho da FAB, para buscar R$ 500 mil da JBS
Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial do presidente Temer, deslocou-se de Brasília a São Paulo em noite de 27 de abril e, no dia seguinte, foi flagrado nos Jardins carregando uma mala preta com 10 mil notas de R$ 50
Por Julia Affonso, Fausto Macedo e Fabio Serapião
Quinta-feira, 22 Junho 2017 | 12h09
O ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) usou um jatinho da FAB para pegar a mala estufada de propina viva da JBS. No dia 27 de abril, o homem da mala – da estrita confiança do presidente Michel Temer – deslocou-se de Brasília para São Paulo, onde, no dia seguinte, recebeu 10 mil notas de R$ 50 somando R$ 500 mil em dinheiro da empresa.
As informações constam de relatório da Polícia Federal na Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato que mira Loures e o presidente.



O voo partiu da capital federal às 19h. O homem da mala pegou carona do ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações/PSD-SP), que consta nos registros da FAB como o requisitante da aeronave. Outros cinco passageiros teriam embarcado na companhia de Kassab e do homem da mala, mas a identidade dessas pessoas não aparece no documento da Força Aérea Brasileira.
A aeronave pousou no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, às 20h55, de 27 de abril. Loures estava sob monitoramento de ação controlada da PF, autorizada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.
Os agentes o filmaram em diversos deslocamentos pela capital paulista. A cena crucial da investigação mostra o homem da mala saltitante pela Rua Pamplona, nos Jardins, carregando a propina que havia acabado de receber das mãos do executivo Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da J&F, controladora da JBS.
O monitoramento da PF flagrou Rocha Loures, ainda no dia 27, preocupado em não perder a viagem de qualquer maneira. Mesmo com a possibilidade de tomar voo da FAB, o homem da mala solicitou a Alessandra, apontada pelos investigadores como sua assessora na Câmara, que providenciasse a compra – com dinheiro público – de uma passagem comercial para São Paulo.
“Entende-se uma preocupação em embarcar em tal dia, inclusive existe a menção a um jantar as 20 horas em São Paulo”, destaca a PF. “No mesmo diálogo, Rocha Loures menciona manter o voo com Kassab.”
A PF transcreveu o diálogo do homem da mala com Alessandra. Naquele instante, Loures aparentemente estava chegando ao Palácio do Planalto.
Loures: a princípio você diga pro ministro Kassab se não tiver uma outra, uma outra .. aqui a esquerda a gente vai pro palácio do planalto, vai pela frente, ééé…
Alessandra: mantenha a reserva do senhor?
Loures: e mantem o voo lá com o Kassab uma hora.
Alessandra: tá
Loures: mas imediatamente veja se tem alguma outra opção porque o ideal pra mim era sair daqui seis da tarde.
Alessandra: tá, chega Iá a seis ne? Sair umas … chegar Iá às seis ou sair às seis?
Loures: ééé eu tenho um jantar, eu tenho um jantar às oito horas
Alessandra: tem, oito e meia
Loures: o ideal era chegar em São Paulo sete horas
Alessandra: tá eu já vou começar a ver aqui então
Loures: tá bem?
O homem da mala ainda pediu a Alessandra que providenciasse ‘volta no outro dia, ou seja, após o encontro com Ricardo Saud’, indica a PF.
A comprovação de que Loures usou de fato o jatinho da FAB para se deslocar a São Paulo, segundo a PF, é o grampo que o pegou às 18h43 daquele dia 27.
“Provavelmente durante o embarque para São Paulo no dia 27 de abril 2017, às 18:43, Rocha Loures demonstra que embarcou em um voo da FAB com ministros. Na mesma conversa, após quatro minutos de diálogo, afirma ter conversado com o presidente Michel Temer ‘ontem’, dia 26 de abril de 2017 e ‘hoje’, dia 27 de abril de 2017”, destaca a PF.
“Verifica-se nos registros de voos da FAB que ocorreu um trecho com o Ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações às 19h de Brasília para São Paulo, motivo “serviço” e com previsão de sete passageiros, pousando no destino às 20h55, condizente com o que o deputado narrou no ultimo dialogo apresentado.
COM A PALAVRA, MINISTRO KASSAB
Por meio de sua Assessoria de Imprensa, o ministro Kassab declarou. “Na data mencionada, o ministro Kassab deslocou-se a São Paulo como mencionado, para cumprimento de agenda da pasta. E é prática comum que parlamentares usem aeronaves da FAB para deslocamento, quando disponíveis, não havendo qualquer impedimento legal.”

NO DIÁRIO DO PODER
MENSAGEM NO CELULAR
'O QUE VOCÊ DECIDIR ESTÁ BOM PARA MIM', DISSE ROCHA LOURES A TEMER
PF TRANSCREVE MENSAGEM DO HOMEM DA MALA DE R$ 500 MIL EM PROPINA DA JBS
Publicado: quinta-feira, 22 de junho de 2017 às 10:26
Redação
Análise da Polícia Federal encontrou ‘notas’ no aparelho celular do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial do presidente Michel Temer (PMDB). Para a PF, as mensagens corroboram a relação entre os peemedebistas.
A nota 1 cita a Caixa Econômica Federal. “Michel, acabo de ter ótima conversa com Henrique. Pedi a ele apoio para permanecer em Brasília. Ele concordou e sugeriu VP Caixa ocupada anteriormente pelo Moreira. Ressaltou-me que pelo meu perfil e estilo posso ajuda-lo e apoiá-lo (agora e no futuro)".
A segunda nota apreendida pela PF se refere a Itaipu. “Michel, pode ser Itaipu. Idealmente, como sabe, gostaria de estar em Brasília ao seu lado servindo nosso governo, ao PMDB e ao Paraná. O que você decidir está bom para mim.
As duas notas foram destacadas pelos investigadores pela ‘intenção de Rodrigo Rocha Loures em se manter em Brasília’. Segundo a PF, ‘existe a possibilidade de tais notas guardarem relação com a eleição de 2014.
O relatório informa que o telefone foi usado a maior parte do tempo enquanto Rocha Loures exercia cargo na Vice-Presidência da República, cujo titular era o atual presidente.
O peemedebista assumiu o cargo de Chefe da Assessoria Parlamentar da Vice-Presidência da República em maio de 2011. Após a eleição de 2014, o peemedebista foi nomeado novamente para o mesmo posto.
O telefone de Rocha Loures possui arquivos datados de 16 de novembro de 2006 até 15 de julho de 2013. Segundo a PF, o uso aparenta ser de 22 de outubro de 2011, ‘data que começa a receber e-mails’.
“Anteriormente havia em sua maioria apenas registros no calendário”, relata a Federal.
Além das notas, a PF achou, no aparelho, uma foto datada de 30 de maio de 2012, na qual estão Rocha Loures e Michel Temer. Na imagem o ex-deputado está à esquerda do então vice-presidente, ‘aparentemente, em uma viagem à Turquia’. (AE)

OPERAÇÃO GENEBRA
CRUZ VERMELHA É ALVO DE INVESTIGAÇÃO DO MP E POLÍCIA CIVIL
SÃO CUMPRIDOS MANDADOS EM BRASÍLIA E NO RIO DE JANEIRO
Publicado: quinta-feira, 22 de junho de 2017 às 07:34 - Atualizado às 09:04
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Polícia Civil deflagraram uma operação para investigar contratos irregulares da organização social (OS) Cruz Vermelha pela Secretaria de Saúde.
São cumpridos nove mandados de condução coercitiva em Brasília, e três de prisão preventiva na sede da Cruz Vermelha no Rio de Janeiro.
Foram alvos da operação três ex-dirigentes da Cruz Vermelha de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Douglas de Oliveira, Richard Strauss Júnio e Tatty Anna Kroker foram presos na manhã desta quinta (22). 
Já em Brasília, cinco ex-funcionários da Secretaria de Saúde foram conduzidos sob vara. Entre eles, o ex-secretário do governo Arruda, Joaquim Barros Neto, e o então adjunto da pasta, Fernando Antunes. Quatro ex-integrantes do Conselho de Saúde do Distrito Federal foram levados para depor na Delegacia de Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Decap).
Entenda
O MP quer recuperar R$ 3,46 milhões repassados à Cruz Vermelha, em 2010. O valor é referente a contratação da OS para administrar unidades de pronto-atendimento (UPA) no Recanto das Emas e em São Sebastião.
Segundo o Ministério Público, a organização social não prestou nenhum serviço. O acordo foi suspenso dois meses após seu início. Corrigido, o valor passa para R$ 8,95 milhões.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Gilmar ignora que já perdeu a luta contra a Lava Jato
O ministro onipotente, onisciente e onipresente premiou o Brasil com o surgimento do único Juiz dos Juízes do planeta
Por Augusto Nunes
Quinta-feira, 22 jun 2017, 14h09 - Publicado em 22 jun 2017, 13h16
Em 2002, quando o advogado e professor de Direito Constitucional se tornou ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes não havia julgado coisa alguma num tribunal. Talvez tivesse arbitrado pendências familiares ou discussões de botequim, o que não autoriza ninguém a caprichar na pose de magistrado de nascença, escalado já no berçário para decidir qual dos bebês em litígio tinha razão. Mas é assim que Gilmar se comporta há 15 anos, e com crescente arrogância.
Entre 2008 e 2010, período em que exerceu a presidência do STF, nasceu o Gilmar onisciente. Em seguida surgiu o onipotente. Neste outono, nasceu o Gilmar onipresente. A soma das três sumidades presenteou o Brasil com o único Juiz dos Juízes do Planeta. Ele está em todos os lugares, opina sobre tudo e não admite ponderações em contrário. Até recentemente, os brasileiros comuns aprendiam que um juiz só deve falar nos autos. Gilmar só fala fora dos autos, até porque não é de perder tempo com a pilha imensa de processos que aguardam em sua sala alguns minutos da preciosa atenção do ministro.
Há poucos dias, num pronunciamento em Pernambuco, ele foi mais Gilmar Mendes do que nunca. Decidido a bombardear a Lava Jato, mas sem coragem suficiente para dizer isso com todas as letras, meteu-se num palavrório mais confuso que discurseira de Dilma Rousseff. “Investigação, sim! Abuso, não!”, berrou num começo de parágrafo. Seguiu-se a pausa dramática para os aplausos que não vieram. “Não se pode aceitar investigações na calada da noite!”, exclamou mais adiante. A Polícia Federal, portanto, deve suspender imediatamente as batidas na porta às seis da madrugada e limitar-se a esclarecer crimes entre 9 da manhã e 5 e meia da tarde.
“É preciso que se respeite o Congresso Nacional!”, ordenou o orador. “É preciso que se respeite a política!” Para que o Congresso mereça respeito, para que a atividade política não pareça uma forma de bandidagem, nada melhor que desmascarar e punir os delinquentes que desmoralizam a instituição e colocam sob suspeição todos os integrantes de partidos. É o caminho que a Lava Jato vem percorrendo há pouco mais de três anos, e que Gilmar Mendes adoraria interditar ─ se pudesse. Para alívio do Brasil decente, não pode. Nem ele nem ninguém.


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