PRIMEIRA EDIÇÃO DE 25-6-2017 DO DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
DOMINGO, 25 DE JUNHO DE 2017
A primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, ignorou princípio básico de diplomacia intrometendo-se em assuntos internos do Brasil diante do presidente Michel Temer, que fazia visita oficial a seu convite. Em campanha para se reeleger, Solberg mostrou que, além de mal-educada, cultua a hipocrisia: tentou dar lições ambientais ao Brasil, mesmo governando um país que estimula a caça às baleias e polui o ambiente explorando petróleo, fonte de energia não-renovável (e suja).
Este ano, o governo de Erna Solberg autorizou a morte de 999 baleias. Segundo documentário exibido em março, 90% são fêmeas e grávidas.
As “chuvas ácidas”, provocadas pela poluição europeia, mataram todos os peixes existentes em mais de 2 mil lagos noruegueses.
Para a diplomacia brasileira, a não intromissão em assuntos internos de outros países é um valor fundamental. Que a Noruega desrespeitou.
Após o incidente em Oslo, a tendência da diplomacia brasileira é tratar com frieza norueguesa o governo da primeira-ministra Erna Solberg.
Veículos blindados e não-blindados de diversos batalhões da Polícia Militar do DF estão parados por falta de peças e manutenção, apesar de a corporação ter um contrato de quase R$ 6,8 milhões com o Banco Central que poderia bancar a manutenção de quase toda a frota da polícia. São mais de 3,8 mil viaturas da PM/DF. A corporação diz não saber precisar o número total de veículos indisponíveis, diz apenas que a grana vinda do contrato do BC não pode ser usado para manutenção.
Desde 2001, a PM tem um contrato de (atuais) R$ 1,35 milhão/ano, R$110 mil por mês, para a escolta de veículos do Banco Central.
Segundo a PM, a grana do BC é destinada à compra de equipamentos para as unidades envolvidas diretamente no contrato.
A PM/DF informou que por dia são cerca de 745 viaturas realizando rondas nas ruas do Distrito Federal, em média.
Vice-presidente da ONG que municiou o ministro do Clima da Noruega com dados alarmistas sobre a Amazônia, Steve Schwartzman escreveu artigo, em 2016, comemorando a redução de 79% no desmatamento.
O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), relator do projeto da reforma trabalhista, aposta que análise da matéria vai varar a madrugada. Mas promete esgotar o tema na Comissão de Constituição e Justiça.
O ex-primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, das festas “bunga-bunga” com garotas de programa, continua em forma: disse que a única coisa que gosta em Donald Trump “é a mulher dele, Melania”.
A Câmara analisa projeto que reverte normas do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no governo Dilma, proibindo a doação de sangue por homens homossexuais.
O governo federal contabiliza R$646,5 bilhões em gastos diretos este ano, mas 76,1% do total (R$492,5 bilhões) foram destinados ao refinanciamento e pagamento de juros das dívidas interna e externa.
A Presidência da República abriu licitação para torrar R$ 341,6 mil em arranjos florais “nobres de 1ª qualidade” para enfeitar centros de mesa e coroas fúnebres. Tem até árvore de Natal “natural” de 2m de altura.
A cobertura da viagem de Michel Temer registrou como “sinal de desprestígio” a ausência de autoridades esperando o presidente nos aeroportos de Moscou e Oslo. Mas é o protocolo adotado até no Brasil.
Na tentativa de recorrer do arquivamento da ação contra Aécio Neves no Conselho de Ética, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) tem dificuldades de obter o apoio e as assinaturas “até de senadores do PT”, disse.
...Temer voltou da Europa sem grandes acordos, mas tornou a crise internacional, ao inspirar as malcriações da primeira-ministra da Noruega.

NA VEJA.COM
Muito além da JBS: outras delações que implicam Temer
Antes de Joesley, pelo menos outros 8 delatores citaram o presidente, entre eles Marcelo Odebrecht e Sérgio Machado. E novos colaboradores vêm a caminho
Por Da redação
Sábado, 24 jun 2017, 18h03
O presidente Michel Temer só se tornou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) após a delação do dono da JBS, Joesley Batista, mas pelo menos outros oito colaboradores já o haviam envolvido em casos investigados na Operação Lava Jato. Só na megadelação da Odebrecht, o presidente é citado por quatro executivos — Márcio Faria, Rogério Araújo, Cláudio Melo Filho e Marcelo Odebrecht. Seu nome também aparece nos depoimentos dos lobistas Júlio Camargo e Fernando Baiano, do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e do senador cassado Delcídio do Amaral. Os relatos o retratam como um intermediador de repasses a campanhas do PMDB, incluindo a dele próprio em 2014, e como padrinho de dirigentes da Petrobras presos e condenados por corrupção. Ele sempre negou as acusações.
Na última semana, surgiu mais um nome de peso que pode comprometer o presidente — o operador financeiro e potencial delator Lúcio Bolonha Funaro. Em depoimento à Polícia Federal no último dia 14, ele relatou que o presidente sabia do esquema de propina na área de internacional da estatal e que atuou na arrecadação de cerca de 100 milhões de reais para as campanhas do PMDB, em 2010, 2012 e 2014. Parte desses recursos teria sido gerada em operações do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Ele não se aprofundou em detalhes, mas especificou que Temer “pediu ou orientou” “comissões expressivas” para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, em 2012, e para sua própria à vice-presidência, em 2014. De quebra, ainda confirmou o conteúdo da delação da Odebrecht. As acusações já são vistas como uma prévia do que ele pode entregar à Procuradoria-Geral da República (PGR) em troca da redução de pena. Logo no início do interrogatório, Funaro fez questão de manifestar “sua inteira disposição em celebrar acordo de colaboração” — ele está preso há onze meses e tem uma filha de um ano.
Outro candidato a delator que pode atingir em cheio o presidente é o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi condenado a 15 anos de reclusão e está preso desde novembro de 2016 pela Lava Jato. No início deste ano, Cunha arrolou Temer como testemunha de defesa em um processo a que responde na Justiça Federal de Brasília. Via tribunal, enviou-lhe dezenove perguntas por escrito, uma delas sobre o esquema de propina no FI-FGTS, o mesmo lembrado por Funaro. No mesmo período, o presidente viria a se encontrar na calada da noite no Palácio do Jaburu com Joesley, que o gravou comentando sobre as questões. “O Eduardo tentou me fustigar, né? Você viu”, disse ele, na ocasião.
Nenhuma dessas delações se converteram em inquéritos, pois tratavam de episódios anteriores à chegada de Temer à Presidência — um dispositivo da Constituição prevê que presidentes não podem ser investigados por atos estranhos ao exercício da função, o que não o impede de virar alvo de processo após o fim do mandato no fim de 2018. A delação de Joesley, no entanto, traz fatos suspeitos do período em que ele já ocupava o posto mais alto do Executivo.
Odebrecht
Responsáveis por pagar propinas a ex-diretores da Petrobras por facilidades à Odebrecht na estatal, os ex-diretores da empreiteira, Márcio Faria e Rogério Araújo relataram em suas delações premiadas uma reunião no dia 15 de julho de 2010 no escritório político de Michel Temer, em São Paulo. Os dois disseram que Temer se sentou à cabeceira da mesa no encontro, que terminou com o acerto de um repasse de 40 milhões de dólares ao PMDB pelo departamento de propinas da Odebrecht. O dinheiro correspondia a 5% de um contrato de 825 milhões de dólares da empreiteira com a diretoria Internacional da Petrobras, comandada à época por Jorge Zelada, apadrinhado no cargo pelo PMDB.
Apesar da presença do anfitrião, foi o então deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) quem teria conduzido as tratativas da propina. Também participaram do encontro o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o lobista João Augusto Henriques. Dos participantes da reunião, estão fora da cadeia atualmente apenas Márcio Faria e Rogério Araújo, ambos delatores premiados, e Michel Temer.
Outra reunião com a ilustre participação do presidente foi rememorada nas delações do empreiteiro Marcelo Odebrecht e do ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht em Brasília, Cláudio Melo Filho. Em uma noite de maio de 2014, segundo Odebrecht e Melo Filho, os dois foram ao Palácio do Jaburu e lá jantaram com o Temer e o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. A ocasião serviu como “shake hands”, nas palavras do empreiteiro, para o acerto de um pagamento de 10 milhões de reais ilícitos ao grupo político de Temer, pedido com antecedência por Padilha.
Marcelo Odebrecht contou que Temer deixou a mesa “entre o cafezinho e a sobremesa”, momento em que o acordo foi selado com o ministro. Ficou acertado que seis milhões de reais iriam à campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo e os outros quatro milhões aos demais integrantes do núcleo duro do presidente. “Temer nunca mencionou para mim os 10 milhões, mas obviamente que no jantar ele sabia”, disse Odebrecht.
Sérgio Machado
Em seu acordo de delação, o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado relatou pagamentos de propina a mais de 20 políticos — o número hoje até parece pequeno se comparado aos da Odebrecht e da JBS. O dinheiro sujo vinha de contratos celebrados entre empreiteiras e a subsidiária de transportes da Petrobras, a qual ele comandou por 11 anos, de 2003 a 2014. Entre os políticos, estava o ex-pupilo de Temer, Gabriel Chalita (ex-PMDB, hoje no PDT)
De acordo com Machado, o presidente chegou a lhe pedir pessoalmente, em um encontro na base Aérea de Brasília, que ele conseguisse doações para a campanha de Chalita à prefeitura da capital paulista, em 2012, que estava com problemas de financiamento. O então ex-presidente da Transpetro o informou que levantaria 1,5 milhão de reais da Queiroz Galvão. A verba foi repassada via caixa 1 pelo construtora ao diretório nacional do PMDB.
“O contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente [Machado] era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita”, diz trecho da delação de Machado. Temer e Chalita sempre negaram as acusações.
Júlio Camargo
O primeiro delator a citar Temer na Lava Jato foi o lobista Júlio Camargo, o mesmo que relatou repasses de 5 milhões de dólares de propina a Eduardo Cunha, que na época ainda era o todo poderoso presidente da Câmara. Em depoimento datado de março de 2015, ele revelou as relações de Fernando Soares, mais conhecido como Fernando Baiano, com Temer, Cunha e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) — Baiano já foi condenado na Lava Jato como um dos operadores do PMDB no esquema.
“Havia comentários de que Fernando Soares era representante do PMDB, principalmente de Renan, Eduardo Cunha e Michel Temer. E que tinha contato com essas pessoas de ‘irmandade’”, diz relatório da PGR com base nas declarações de Camargo. As revelações do lobista originaram a primeira denúncia de Janot contra Eduardo Cunha.
Fernando Baiano
O operador do PMDB, por sua vez, relatou à PGR que Temer atuou nos bastidores da ascensão e queda de dois diretores da Petrobras — Nestor Cerveró, indicado do PT; e Jorge Zelada, do PMDB. Segundo ele, entre 2007 e 2008, Temer foi procurado por Cerveró e pelo pecuarista José Carlos Bumlai, por orientação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para resolver um impasse — a bancada do PMDB de Minas Gerais queria tirar Cerveró do cargo e colocar no lugar João Henriques, que já estava enrolado em casos investigados no Tribunal de Contas ligados à BR Distribuidora. O imbróglio foi resolvido com a escolha de Zelada para o posto. Cerveró, Henriques e Zelada foram presos e condenados na Operação Lava Jato.
Delcídio do Amaral
Em seu acordo de colaboração, o ex-senador Delcídio do Amaral afirmou que Michel Temer foi o padrinho político do lobista João Augusto Henriques no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Entre 1999 e 2000, Henriques foi diretor da BR Distribuidora sob as asas do então presidente da Câmara Temer e, segundo Delcídio, operava ilicitamente a compra de etanol de usinas de álcool pela subsidiária da Petrobras. O ex-senador contou que Temere a bancada do PMDB na Câmara tentaram emplacar o lobista na diretoria Internacional da estatal em 2008, depois que Nestor Cerveró deixou a cadeira. Como o nome de Henriques foi barrado, ele mesmo indicou Jorge Zelada ao cargo, conforme Delcídio.
Castelo de Areia e Porto de Santos
Para além da Lava Jato, o presidente já foi citado em outras duas investigações — uma que apurou um esquema de corrupção no Porto de Santos, no litoral de São Paulo; e outra conhecida como Castelo de Areia que investigou a construtora Camargo Corrêa, investigada hoje no Petrolão.
A primeira surgiu a partir de um processo de separação litigiosa na Vara da Família em São Paulo revelado por VEJA em 2001. A então estudante Erika Santos alegava que o seu ex-companheiro, Marcelo de Azeredo, ex-presidente da Companhia de Docas do Estado de São Paulo (Codesp), tinha plenas condições de lhe pagar uma pensão de 10.000 reais mensais por receber, dentre outras fontes de renda, “caixinhas e propinas” de um esquema de corrupção no Porto de Santos. Erika apontou como parceiros do seu ex-namorado no esquema Michel Temer, na época presidente do PMDB, e um “homem de sobrenome Lima”. A Procuradoria-Geral da República não viu indícios suficientes para continuar investigando o presidente e o inquérito foi arquivado, em 2011.
A segunda reunia 54 planilhas apreendidas pela Polícia Federal na residência de um executivo da Camargo Corrêa, cujo conteúdo associava o nome de diversos políticos a valores. Um deles era Temer, que foi citado 21 vezes ao lado de quantias que totalizavam 345.000 dólares, segundo revelou reportagem do jornal O Estado de S. Paulo em 2009. Dois anos depois, o Superior Tribunal de Justiça (STF) considerou a operação ilegal por se basear em denúncias anônimas.
O presidente sempre negou veemente ter participado desses esquemas.

NO RADAR ON-LINE (VEJA.COM)
Funaro promete ‘acabar’ com Temer em delação
“Acabo com ele”
Por Da Redação
Sábado, 24 jun 2017, 13h00
Antes de ser preso, Lucio Funaro teve uma discussão com Antonio Mariz, seu então advogado e amigo de Michel Temer. Na ocasião, o doleiro disparou: “Se eu delatar, vou acabar com o seu chefe”. A ida à PF foi o início.
Mas Funaro ainda não fechou nada com a PGR. Palavras de um procurador familiarizado com o caso: “Ele é igual ao Eduardo Cunha. Vai e volta”.
Quem mais incentiva Funaro a delatar é o ex-senador Luiz Estevão. Eles são colegas inseparáveis nos corredores da Papuda, onde ambos residem.

NO ESTADÃO
Como olhar a crise
A crise política, econômica, social e moral que tanto abate o ânimo dos brasileiros começou com o sr. Lula da Silva
O Estado de S.Paulo
Domingo, 25 Junho 2017 | 03h00
A atual crise brasileira vem de longe. Com uma seletiva falta de memória, alguns falam dos maus tempos que o País atravessa como se eles tivessem começado no ano passado, com a chegada de Michel Temer à Presidência da República. Outros, ainda menos afeitos aos fatos, comentam as instabilidades nacionais como se sua origem pudesse ser encontrada no mês passado, com o vazamento da delação do sr. Joesley Batista. Tais visões são evidentemente deformadas. A crise política, econômica, social e moral que tanto abate o ânimo dos brasileiros começou com o sr. Lula da Silva, com a apropriação da administração federal, de alto a baixo, para fins partidários. Foi na chegada do PT ao governo federal, há mais de uma década, portanto, que o cumprimento da lei, o interesse público e o respeito às instituições perderam relevância na tomada de decisões.
Logicamente, uma crise com essas feições, cevada ao longo de tantos anos e especialmente turbinada pela ignorância e o voluntarismo de Dilma Rousseff, semeia muitas dúvidas a respeito da viabilidade do País e de suas instituições. E não foram apenas erros na condução da política econômica. Os escândalos de corrupção e as licenciosidades com a lei, também por parte de quem deveria cumpri-la exemplarmente, contribuem para pôr em questão a capacidade de o Brasil retornar aos trilhos do desenvolvimento econômico e social.
Nesses momentos de horizonte opaco, em que recai sobre o futuro nacional densa neblina de incertezas, é preciso redescobrir os fundamentos sobre os quais seja possível construir soluções efetivas. Ao contrário do que alguns dizem, nem tudo está perdido. Nessa tarefa de olhar o cenário da vida nacional com serenidade, pode ser útil aprender com os investidores estrangeiros, como aponta Zeina Latif, em sua coluna de quinta-feira passada no Estado. “Os estrangeiros, menos contaminados pelo noticiário local, avaliam de forma mais serena e pragmática os riscos pela frente”, diz a economista.
Para essa avaliação mais serena, não é preciso fechar os olhos à realidade. O que faz falta é justamente olhar mais longe, ampliando os limites da vista. “Os estrangeiros têm visão mais global e não veem o Brasil como caso isolado de país problemático. Depois de Brexit e Trump, esses investidores parecem um pouco anestesiados. Nada os surpreende tanto assim. Muitos minimizam os riscos para a eleição de 2018, dizendo que, nos EUA, eles têm o Trump”, afirma Zeina Latif.
Outra característica valiosa dos estrangeiros, que afeta o seu olhar sobre o Brasil, é a tendência ao pragmatismo e à ação. Os estrangeiros “querem saber mesmo o que vem pela frente: como fica a agenda de reformas, o time econômico, a política econômica, o risco de deslize fiscal e o espaço para cortar a taxa de juros. Querem discutir as oportunidades”.
Certamente, tal pragmatismo é muito importante para que o País possa reencontrar os rumos do desenvolvimento. Sem esse dinamismo, até mesmo o que é em si positivo, como a investigação de crimes praticados por agentes do Estado, dando oportunidade para interromper a prática criminosa e punir os culpados, torna-se ocasião para simples lamúria e letargia. “Ainda que o quadro recomende cautela, é importante não se deixar contaminar excessivamente pela crise política na tomada de decisões. Cautela sim, retranca não”, diz Zeina Latif.
A saída da crise não virá, como alguns parecem fazer crer, de uma decisão judicial pondo o último corrupto na cadeia. Além de utópica, já que nunca chegará esse dia, tal crença só conduz à passividade, como se a população tivesse de esperar o fim da crise para empreender, trabalhar, contratar, etc. A esse respeito, deve-se aprender também com o governo de Michel Temer, por muitas que sejam suas deficiências. Mesmo com o cenário conturbado, realizou significativos ajustes na economia e continua disposto a levar adiante as tão necessárias reformas. O País está hoje melhor do que estava um ano atrás. E talvez os estrangeiros percebam esse fato mais facilmente do que os próprios brasileiros.

NO BLOG DO JOSIAS
Presidência de Temer está pendurada no nada
Josias de Souza
Sábado, 24/06/2017 10:58
Em setembro de 2015, quando começou a se insinuar como candidato ao trono, o então “vice-presidente decorativo” Michel Temer declarou: ''Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo'' de 7% ou 8% de popularidade. Nessa época, o Datafolha atribuía a Dilma Rousseff uma taxa de aprovação de 8%. Agora, é o próprio Temer quem se encontra rente ao chão, com insignificantes 7%. Quer dizer: tomado por seus autocritérios, Temer tornou-se um candidato a Dilma. Com a Presidência pendurada no nada por um fiapo, flerta com a queda. Sua sorte é não ter um vice.
A poucos dias de ser denunciado por corrpução no Supremo Tribunal Federal, Temer atingiu um patamar de sub-Dilma. Às vésperas de sofrer o impeachment, madame colecionava índices menos vexatórios. Em abril de 2016, a pupila de Lula amealhava 13% de aprovação e 63% de reprovação. A gestão de Temer é considerada ruim ou péssima por 69% do eleitorado. Se dependesse da vontade do brasileiro, Temer já seria um ex-presidente. Dois em cada três brasileiros querem vê-lo pelas costas. Para 76% dos entrevistados, o melhor caminho seria a renúncia. Se a ficha de Temer não cair, 81% apontam o impeachment como alternativa.
O que dava à Presidência de Temer uma aparência de utilidade era sua agenda econômica. O governo havia parado de cavar o buraco em que Dilma enfiara a economia nacional. O presidente guerreava por suas reformas no Congresso. Os indicadores de inflação e câmbio melhoraram. O PIB chegou mesmo a dar sinal de vida. Mas a lógica do utilitarismo econômico entrou em parafuso depois que Temerfoi engolfado pelo escândalo JBS. Reformas como a da Previdência subiram no telhado. A agenda do Planalto está dedicada à polícia, não à política. Temer tem duas prioridades novas: fingir que preside e não cair.
Até bem pouco, Temer dividia-se nas entrevistas entre a defesa de suas reformas impopulares e o mantra que elaborou para justificar o convívio com os ministros lançados no lixão da Lava Jato. Investigação não é denúncia, argumentava Temer, em defesa da manutenção dos ministros encrencados em seus cargos. Denúncia tampouco é ação penal. Portanto, dizia Temer, auxiliar denunciado seria, no máximo, licenciado. Demissão? Só depois que o ministros virarem réus.
Pois bem. No início da semana, Temer será denunciado pela Procuradoria-Geral da República pelo crime de corrupção passiva. E só não será convertido em réu pelo Supremo se a Câmara enterrar a denúncia. Se for salvo pelos deputados, Temer sofrerá nova denúncia, sob a acusação de obstruir a Justiça. Na hipótese de ser socorrido novamente pelos aliados da Câmara, uma terceira denúncia o acusará de formação de organização criminosa.
A pergunta que está boiando na atmosfera seca de Brasília é a seguinte: com as urnas de 2018 a espreitá-los na virada da esquina, quanto tempo os deputados demorarão para perceber que o resgate de Temer pode significar um suicídio político? Sem apoio popular, Temer costuma se vangloriar da natureza semiparlamentar do seu governo. O diabo é que seus aliados podem passar a apoiar o Temer de setembro de 2015. Aquele que achava que ''ninguém vai resistir com esse índice baixo'' de 7%.
Se a oligarquia política e empresarial do País já tivesse chegado a um consenso quanto ao nome de um substituto para o presidente, Temer deixaria de ser cumprimentado. Ninguém lhe daria nem ''bom dia'', que dirá apoio.

NO O ANTAGONISTA
Bancada da chupeta se prepara para o que faz melhor
Brasil Domingo, 25.06.17 07:38
A bancada da chupeta se prepara para fazer barulho na Câmara a fim de impedir que a votação da denúncia de Rodrigo Janot contra Michel Temer seja feita a toque de caixa.
Segundo o Painel da Folha, oposicionistas articulam para que a sessão no plenário seja lenta e desgastante, e ainda lembram que a sessão do impeachment de Dilma Rousseff durou três dias.
Espernear é com eles.
Odebrecht não contou tudo
Brasil 25.06.17 07:55
O grosso da delação da Odebrecht dizia respeito ao conteúdo do Drousys, o software da propina parcialmente recuperado pela PF após ser destruído pela empreiteira.
Como o que não estava lá ficou de fora, advogados que atuaram no caso consideram inevitável que a Odebrecht tenha de fazer um recall da sua colaboração, segundo Guilherme Amado, do Globo.
"Pagamentos ilegais a juízes, sonegação de impostos, propinas para diretores de agências públicas: os anexos do recall deverão ser extensos."
O programa nacional sem Lula
Brasil 25.06.17 07:45
Dias atrás, Lula se irritou com petistas como Lindbergh Farias que se encontraram pelas suas costas com membros do PSOL e do MTST (assista à "Crônica Antagonista" sobre o caso clicando aqui).
Um dos temas discutidos no encontro secreto foi o lançamento em julho de uma plataforma online para a construção de um “programa nacional para o Brasil”.
O espaço digital ficaria aberto até outubro para colher propostas da sociedade civil, segundo o Painel da Folha.
É o programa nacional sem Lula.
A cara de pau de Joesley não tem limite
Brasil Sábado, 24.06.17 21:34
Joesley Batista disse à PF que contratou Antônio Palocci em 2009, para lhe dar aulas de política.
Mas afirmou que não sabia que, na época, Palocci tinha mandato de deputado federal.
A cara de pau de Joesley não tem limite.
Adivinhe quem vai pagar essa conta de Lula?
Brasil 24.06.17 17:38
Foi no governo Lula que a estratégia de apoiar projetos de empreiteiras no exterior ganhou impulso.
Um dos resultados: o governo de Moçambique não pagou duas parcelas do financiamento de US$ 125 milhões que o BNDES deu para construção do aeroporto de Nacala, obra concluída pela Odebrecht em 2014, informa a Folha.
Prejuízo: mais de US$ 15 milhões, subindo.
"Como a operação teve aval do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), o Tesouro, que administra o fundo, foi acionado para ressarcir o BNDES, e o prejuízo sobrou para o contribuinte brasileiro."
Alguém tinha dúvida?

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