SEGUNDA EDIÇÃO DE 24-5-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO BLOG DO FAUSTO MACEDO
Lula quis saber ‘que bicho comeu os marrecos’ do sítio de Atibaia
Em e-mail, funcionário do Instituto Lula explica alternativas para lidar com uma possível ‘ocorrência de jaguatiricas’ na região
Por Julia Affonso e Ricardo Brandt
Estadão - Quarta-feira, 24 Maio 2017 | 05h00
Entre mais de 400 documentos anexados pela Procuradoria da República à nova denúncia contra o ex-presidente Lula, um e-mail apontou a preocupação do petista com os bichos que viviam no sítio de Atibaia, no interior de São Paulo. Lula é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro de R$ 1,02 milhão nas reformas da propriedade.
Na mensagem de 2 de outubro de 2014, às 17h23, um funcionário do Instituto Lula escreve a uma colega da entidade e a Valmir Moraes da Silva, segurança do petista. O título do e-mail: ‘Jaguatiricas em Atibaia?’
“Respondendo à pergunta do presidente: que bicho comeu os marrecos? Provavelmente, uma jaguatirica”, explica o funcionário do Instituto Lula.
Ele envia uma reportagem e um vídeo sobre a ‘ocorrência de jaguatiricas na Serra do Itapetininga’ e informações sobre ‘recomendações para casos de predação de animais’.
“Liguei nesse número do CENAP/ICMBio e fui muito bem atendido por uma funcionária chamada Lilian. Ela reforçou a hipótese da jaguatirica e ficou de enviar mais informações sobre como prevenir os ataques”, conta o funcionário do Instituto Lula.
Ele faz 3 sugestões: ‘1) Recolher os animais no período da noite, se for viável; 2) Cachorro de guarda, que pode espantar a jaguatirica ou, no mínimo, alertar dos ataques latindo; 3) Ficar de tocaia, com ou sem o cachorro, e, ao notar ocorrência de ataque, soltar rojões para assustar o predador’.
O funcionário afirma que o ‘Instituto, que fica em Atibaia, parece bem sério e atencioso’. “Talvez seja uma boa pedir uma visita deles ao local para orientar melhor o caseiro.”
Denúncia
A Procuradoria da República, no Paraná, acusa Lula de ‘estruturar, orientar e comandar esquema ilícito de pagamento de propina em benefício de partidos políticos, políticos e funcionários públicos com a nomeação, enquanto presidente da República, de diretores da Petrobras orientados para a prática de crimes em benefício das empreiteiras Odebrecht e OAS’. A denúncia do Ministério Público Federal atribui ao petista ‘propina para o seu benefício próprio consistente em obras e benfeitorias relativas ao sítio de Atibaia custeadas ocultamente pelas empresas Schahin, Odebrecht e OAS’.
Como nas outras duas denúncias da força-tarefa, no Paraná, a Procuradoria aponta Lula ‘como o responsável por comandar uma sofisticada estrutura ilícita para captação de apoio parlamentar, assentada na distribuição de cargos públicos na Administração Pública Federal’. A denúncia afirma que o esquema ocorreu nas mais importantes diretorias da Petrobrás, mediante a nomeação de Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró, respectivamente, para as diretorias de Abastecimento, de Serviços e Internacional da estatal. Por meio do esquema, estes diretores geravam recursos que eram repassados para enriquecimento ilícito do ex-presidente, de agentes políticos e das próprias agremiações que participavam do loteamento dos cargos públicos, bem como para campanhas eleitorais movidas por dinheiro criminoso.
Também foram denunciados José Adelmário Pinheiro Filho, pela prática dos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro; Marcelo Bahia Odebrecht e Agenor Franklin Magalhães Medeiros, pelo crime de corrupção ativa; bem como José Carlos da Costa Marques Bumlai, Rogério Aurélio Pimentel, Emílio Alves Odebrecht, Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, Carlos Armando Guedes Paschoal, Emyr Diniz Costa Júnior, Roberto Teixeira, Fernando Bittar e Paulo Roberto Valente Gordilho, acusados da prática do crime de lavagem de dinheiro.
Segundo a denúncia, os valores ligados à Odebrecht e à OAS foram repassados a partidos e políticos que davam sustentação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente o PT, o PP e o PMDB, bem como aos agentes públicos da Petrobrás envolvidos no esquema e aos responsáveis pela distribuição das vantagens ilícitas, em operações de lavagem de dinheiro que tinham como objetivo dissimular a origem criminosa do dinheiro.
A força-tarefa aponta que ‘parte do valor das propinas pagas pela Odebrecht e pela OAS, no valor aproximado de R$ 870 mil, foi lavada mediante a realização de reformas, construção de anexos e outras benfeitorias no Sítio de Atibaia, para adequá-lo às necessidades da família do denunciado Luiz Inácio Lula da Silva, assim como mediante a realização de melhorias na cozinha do referido Sítio e aquisição de mobiliário para tanto’.
Também foi objeto de lavagem de dinheiro uma parte dos valores de propina oriunda dos crimes de gestão fraudulenta, fraude à licitação e corrupção no contexto da contratação para operação da sonda Vitória 10000 da Schahin pela Petrobrás, a qual foi utilizada, por intermédio de José Carlos Bumlai, para a realização de reformas estruturais e de acabamento no Sítio de Atibaia, no valor total de R$ 150.500,00.
A denúncia foi elaborada com base em depoimentos, documentos apreendidos, dados bancários e fiscais bem como outras informações colhidas ao longo da investigação, todas disponíveis nos anexos juntados aos autos.
“Esta denúncia reafirma o compromisso do Ministério Público Federal com o cumprimento de suas atribuições constitucionais e legais, independentemente de qualquer consideração político-partidária, bem como com o combate incessante contra a corrupção, o mal maior com que se defronta a sociedade brasileira e que a impede de alcançar o seu desenvolvimento pleno e merecido”, diz nota do Ministério Público Federal.
“A denúncia é mais um efeito da corrupção espraiada em todo o espectro do sistema político.”

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
José Casado: A fraude de Aécio Neves
Autor da Lei das Estatais foi o primeiro a fraudá-la. Recebeu R$ 2 milhões, prometeram-lhe mais R$ 8 milhões ao ano e a negociação de um dúplex no Rio
Por Augusto Nunes
Quarta-feira, 24 maio 2017, 07h38
Publicado no Globo
O encontro aconteceu num salão de hotel, em São Paulo, no início da noite de sexta-feira 24 de março.
— Dois assuntos, rapidinho — disse Joesley Batista, acionista-controlador do grupo JBS. — Sua irmã teve lá…
— Obrigado por ter recebido ela — agradeceu Aécio Neves, senador do PSDB de Minas.
— Ela me falou de fazer dois milhões para troca de advogado (…) Eu consigo, das minhas lojinhas… Quinhentos por semana…
Acertam detalhes do pagamento. Joesley avança na conversa:
— Segunda coisa: coincidentemente… Fica super à vontade, porque Andrea [Neves, irmã de Aécio] tinha me falado de um negócio de um apartamento lá da sua mãe [avaliado em R$ 40 milhões]. Ontem, o Dida…
O empresário relata uma conversa com Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras no governo Dilma. Acusado pela Odebrecht de extorsão de R$ 17 milhões, Bendine pedira que Joesley intercedesse junto a Aécio para ser nomeado presidente da Vale, controlada pelo governo e sócios privados, entre eles o grupo Bradesco.
Por ironia, o senador mineiro fora autor do projeto (nº 343/2015) que resultou na Lei das Estatais. O objetivo, escreveu na época, era evitar “desvios e desmandos na gestão” das empresas nas quais o Estado é acionista. A lei tinha menos de três meses de vigência, e o próprio autor já estava empenhado em fraudá-la, como confessou na conversa gravada.
Joesley seguiu contando a conversa com Bendine:
— Então, eu falei assim: “Ô Dida, vamos ser pragmáticos (…) Você arruma um jeito de conseguir oito ‘milhão’ por ano?” Hoje ele mandou a mensagem: “Sim, arrumo”.
O senador interrompeu:
— Deixa eu te falar: olho no olho (…) Você me ajudou pra caralho. Vou falar pra você, não falei pra ninguém: eu nomeei o presidente da Vale. Nomeei hoje… Eu tô cuidando disso. Ninguém pode saber. Mas como eu tenho liberdade com o cara… A Vale tem um quadro enorme, uma puta diretoria.
— O Dida é bom executivo — disse Joesley.
Aécio retomou:
— Eu faço pra te atender, porque, no negócio da minha mãe… A minha mãe tem um apartamento no Rio de Janeiro que vale um aluguel de 50 pratas, é uma cobertura dúplex, com piscina e o caralho… Mas vamos deixar de stand-by, mais pra frente.
Continuou:
— Presidência [da Vale] não dá. Eu consegui fazer um negócio raro pra caralho: botei um cara de dentro, do head hunter. Vai ser anunciado segunda-feira… O Temer não sabe nem o nome dele. Confiou em mim essa porra. O Trabuco e o Caffarelli estão sabendo. Fechamos hoje… Tem que ver se encaixo ele [Bendine] em alguma coisa. Pra não parecer que eu tô nomeando um cara pra ganhar uma grana, viu?
Joesley concordou. Aécio sugeriu-lhe uma resposta:
— Pensa um pouco, porque ele tá disposto a voltar a conversar comigo. Esquece aquele negócio daquele valor, ele não quer nem ouvir falar nisso, entendeu?
O senador complementou:
— Faz isso pra gente que eu vou ficar feliz. A outra agenda é pra gente falar daqui um mês. A gente fala dessa agenda do apartamento, do aluguel, não é?… Espera um pouco que nós vamos dar uma limpa lá [na Vale]. Minha coisa é com você. Se conseguir botar [Bendine], vou botar por você.
O senador mineiro se colocou no topo da lista de cassações por corrupção.

Lula quer esperar num palanque o embarque para Curitiba
Os devotos de Lula hastearam a bandeira das diretas-já em obediência ao chefão que morre de medo de cadeia
Por Augusto Nunes
Quarta-feira, 24 maio 2017, 09h09 - Atualizado em 24 maio 2017, 09h43
Num Brasil convulsionado pela crise agravada pelas denúncias dos irmãos Batista, torna-se ainda mais pedagógico recordar as turbulências que esquentaram o fim do inverno de 1961, desencadeadas pela renúncia de Jânio Quadros na tarde de 25 de agosto. Se o Brasil fosse menos primitivo, teria substituído o presidente que acabara de renunciar pelo vice João Goulart, como determinava a Constituição. O respeito às regras democráticas bastaria para reduzir a fuga de Jânio a mais uma prova de que o eleitorado brasileiro frequentemente se apaixona por estadistas de galinheiro. A manobra política concebida por um populista doidão só ganhou contornos dramáticos porque o veto dos três ministros militares à posse de Jango estimulou a imaginação cretina de deputados e senadores.
Em sete dias, Deus fez o mundo. Também em sete dias, o Congresso brasileiro contentou-se em fazer o Brasil parlamentarista, inaugurado em 2 de setembro de 1961. Deu no que deu. Meses depois, um plebiscito ressuscitou o presidencialismo e, em 1964, Jango foi deposto por golpistas convencidos de que no Brasil, como havia reiterado a aventura parlamentarista, a Constituição existe para ser violada. Passados mais de 50 anos daquele agosto, a agonia política de Michel Temer atesta que não cessaram os surtos de inventividade imbecil. A Constituição determina que, caso se consuma o afastamento de Temer, seu sucessor será escolhido pelo Congresso no prazo de 30 dias. Os netos dos golpistas de 61 preferem exigir aos berros a eleição direta do novo presidente.
Felizmente, a bancada dos insensatos hoje sofre de raquitismo. No século passado, os parteiros do parlamentarismo de araque produziram um monstrengo condenado a morrer já no berçário porque tinham medo dos militares. Os defensores das diretas-já declararam guerra às normas constitucionais em obediência ao chefe que morre de medo da cadeia. Se o réu da Lava Jato ouvisse nesta semana aquelas batidas na porta às seis da manhã, pousaria em Curitiba um delinquente sem profissão definida. Se a vigarice inconstitucional for vitoriosa, será anexado à população carcerária um candidato em campanha. Nesse caso, Lula ficaria mais à vontade para usar a fantasia de perseguido político — até chegar a hora de trocá-la pelo uniforme de preso comum.

NO O ANTAGONISTA
O sindicalista de resultados
Brasil 24.05.17 09:44
Renan Calheiros é o defensor das causas operárias.
O Estadão informa que ele "fará um discurso na Marcha das Centrais Sindicais nesta quarta-feira, contra as medidas econômicas do governo de Michel Temer".
Onde está a PF?
Temer costura sua saída
Brasil 24.05.17 08:54
Michel Temer quer ser cassado pelo TSE.
Um de seus aliados explicou a O Globo:
“O presidente não tem apego ao cargo, ele se preocupa com o nome dele. O que ele não quer é sair por debaixo do tapete. Por isso, a melhor saída é o TSE. Se o tribunal decidir pela cassação, é uma saída honrosa”.
Outro aliado completou:
“A gente sente que é só uma questão de tempo para ele sair. A sensação é que ele sabe que não fica, mas que ainda não sabe como construir uma saída”.
No governo, os candidatos preferidos para o mandato-tampão são Henrique Meirelles e Rodrigo Maia.
Um interlocutor de Michel Temer descartou FHC e Nelson Jobim, dizendo:
“Eles estão fora da política há anos, não têm chance. FH deve conhecer 30% dos deputados hoje com mandato. A política mudou e eles ficaram para trás”.
O chefe
Brasil 24.05.17 08:29
Nesta quarta-feira, Paulo Roberto Costa prestará depoimento ao juiz Sergio Moro sobre o prédio do Instituto Lula.
Os interrogatórios mais importantes, porém, serão aqueles da Odebrecht, que descontou o valor do imóvel da propina destinada ao PT, e de Antonio Palocci, que poderá contar tudo sobre o chefe.
Volta, Lula (para o centro da Lava Jato)
Brasil 24.05.17 08:26
A JBS abateu Michel Temer e Aécio Neves.
Mas a Lava Jato sempre acaba voltando a Lula, porque ele é a figura central da ORCRIM.
Leia o editorial de O Globo:
Se houve lulopetista animado com a tormenta que atinge Michel Temer, o “golpista”, e Aécio, a terceira denúncia contra Lula feita pelo Ministério Público à Justiça do Paraná, na Lava Jato, deve ter acabado com esse bom humor.
Reafirma-se o caráter multipartidário da corrupção. Desta vez, trata-se do caso do sítio de Atibaia, próximo à cidade de São Paulo, em que estão visíveis impressões digitais da OAS e da Odebrecht, empreiteiras do Petrolão.
Na Lava Jato, existem depoimentos sobre como as duas empresas, em troca de vultosos contratos com a Petrobras, pagaram propinas ao ex-presidente na forma de obras no imóvel.
Coube à OAS, entre outras empreitadas, equipar a cozinha do sítio e também a do tríplex do Guarujá, no prédio construído pela empresa. Este apartamento consta de outro processo, também na Lava Jato, contra Lula. Ainda no caso do sítio estão o Grupo Schahin e o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, intermediário de exótica operação pela qual, segundo denúncia, obteve empréstimo do Schahin, para o PT, saldado com a assinatura com o grupo de um contrato de aluguel de navio-sonda pela Petrobras.
Este grande arco multipartidário que se fecha com Aécio Neves tem, ainda, o efeito de invalidar de vez o discurso de que a atuação do Ministério Público e da Justiça no combate à corrupção visa apenas ao lulopetismo. Os fatos mostram que não é assim. Não há preconceitos. Existe é corrupção disseminada.
Império Banana
Brasil 24.05.17 07:33
O plano do PSDB, segundo Vinicius Torres Freire, é “tentar arrumar algum salvo-conduto para Temer e ministros à beira da perda de foro privilegiado, tocar o Congresso, as reformas e os reduzir danos à economia (…).
Cada facção tem seu candidato a presidente indireto, claro, como legiões lançavam seus generais ao posto de imperador em dias de tumulto selvagem no Império Romano.
No Império Banana em que mais e mais nos degradamos, se passa algo assim (…).
O PSDB tenta o senador Tasso Jereissati, nome que agrada aos donos do dinheiro, ainda mais depois do boato de que a chapa tucana teria Armínio Fraga no Ministério da Fazenda (…).
Vários partidos, tucanos inclusive, ainda falam de Nelson Jobim, ex-ministro do Supremo, ex-ministro de FHC e Lula, ex-deputado.
Há pouca ênfase em FHC, estranho.
Parte do DEM e falanges do baixo clero tentam o nome de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, vetado por muito tucano”.
Quem vai para o trono?
Brasil 24.05.17 07:25
Michel Temer já era.
Ele deve ser cassado pelo TSE em 6 de junho.
O que falta agora é encontrar seu substituto.
O PSDB fala em Tasso Jereissati.
O PT de Lula e o PMDB de Renan Calheiros defendem Nelson Jobim.
Michel Temer parece apostar em Rodrigo Maia, genro de Moreira Franco.

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