TERCEIRA EDIÇÃO DE 21-4-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DA ELIANE CANTANHÊDE
Fala, Palocci!
A defesa, o sítio e o triplex de Lula desabam e o foco se desloca para Palocci
Por Eliane Cantanhêde
Estadão - Sexta-feira, 21 Abril 2017 | 05h00
Léo Pinheiro é a pá de cal na defesa do ex-presidente Lula, mas a bola da vez é o seu ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que conseguiu a proeza de despencar não de um, mas de dois governos diferentes, e continuou aprontando das suas com uma desenvoltura tão surpreendente quanto seu inalterável ar de bom moço, até cair nas garras da Lava Jato e ser considerado hoje o futuro delator com potencial mais explosivo.
Em suas delações ao juiz Sérgio Moro e aos procuradores, Marcelo Odebrecht contou que era ele, Palocci, quem administrava a conta “Amigo” na empreiteira, um cheque em branco que abastecia as vontades e luxos da família Lula da Silva. E, no relato dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, os acertos de valores, prazos e formas de pagamento para, primeiro, salvar a imagem do presidente Lula e, depois, os votos do candidato Lula, após o Mensalão, foram feitos diretamente no gabinete da Fazenda.
Palocci, aliás, foi preso em setembro do ano passado sob a suspeita de ter favorecido a Odebrecht numa medida provisória sobre benefícios fiscais, numa licitação da Petrobras para compra de navios-sonda, num financiamento do BNDES para obras da empreiteira em Angola e na doação de um terreno para o Instituto Lula.
Em sendo assim, Palocci tinha múltiplas personalidades: era ministro da Fazenda e ditava a política econômica, mas ao mesmo tempo lobista da Odebrecht, operador financeiro do PT e gerente da conta de Lula naquele banco da empreiteira chamado de Setor de Operações Estruturadas. Era três em um, ou melhor, quatro, cinco ou seis em um.
Palocci começou cedo. Basta olhar para as fotos dele cercado por seus assessores na Prefeitura de Ribeirão Preto para perceber que havia algo errado. Bonachão, com seu ar e seus óculos de aluno estudioso, era cercado por figuras que acabaram encalacradas na Justiça.
Mas Palocci pousou em Brasília com os ventos alvissareiros da primeira eleição de Lula. O médico que assumia a Fazenda. O ex-prefeito com aura de competência. O hábil que driblou vários concorrentes e ficou lado a lado do presidente. O pragmático que jogou no lixo as teses econômicas do PT e virou o queridinho do mercado – e da mídia.
A primeira surpresa de quem não conhecia as histórias de Palocci em Ribeirão foi saber de uma casa alugada no bairro mais nobre de Brasília, onde eram dadas festas de arromba e havia um estranho trânsito de malas de dinheiro. E ele não teve o menor prurido em usar seus poderes para quebrar o sigilo do caseiro que contara detalhes sobre a casa subitamente famosa.
Palocci desabou da Fazenda de Lula, mas ressurgiu igualmente poderoso na campanha de Dilma Rousseff em 2010 e dali para a Casa Civil. E desabou de novo, por não explicar a compra de um apartamento de R$ 7 milhões, que era dele, mas não era dele, cheio de mistérios. Não se sabe se ele aprendeu com Lula, ou se Lula aprendeu com ele...
É assim, com essa trajetória tão atribulada, sua relevância no centro do poder e agora seu desconforto em sete meses de prisão, que Palocci se torna a bola da vez. Ainda há muito o que contar sobre Lula e os governos petistas, mas o grande terreno a ser desbravado não é do lado corrupto, mas do lado corruptor. O que se sabe do sistema financeiro na Lava Jato?
Em seu depoimento desta quinta-feira, 20, a Sérgio Moro, o ex-ministro foi de uma gentileza que raiou a sabujice ao se oferecer como delator: “Se o sr. estiver com a agenda muito ocupada, a pessoa que o sr. determinar, eu imediatamente apresento todos esses fatos, com nomes e endereços, para um ano de trabalho”. Os investigadores esfregam as mãos, os investigados entram em pânico.

NO O GLOBO
'Dona Claudia quase me mata!!!', diz delator da Odebrecht após receber Cunha de madrugada em casa
Encontro aconteceu em 2013 em Brasília, a pedido do ex-presidente da Câmara
POR MIGUEL CABALLERO
Quinta-feira, 20/04/2017 13:51 / atualizado 21/04/2017 7:36
ÚLTIMAS DE BRASIL

RIO - Já era o final da noite de 19 de agosto de 2013, uma segunda-feira, quando o então diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Claudio Melo Filho, recebeu com alguma surpresa uma ligação do então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo o relato de um dos depoimentos da delação premiada do delator, Cunha queria saber se Melo estava em casa, em Brasília, e se poderia ir até lá, no que foi atendido. O ex-deputado chegou à casa do executivo às 0h45m da madrugada do dia 20, uma terça-feira.
Uma das provas apresentadas por Melo Filho ao MPF para demonstrar o relacionamento com Cunha é justamente um e-mail enviado por ele ao presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, relatando o encontro. Após o relato de outros assuntos de interesses do grupo no Congresso, Melo Filho mostra espanto com a visita que recebera horas antes, na madrugada, e brinca com uma possível desconfiança de sua mulher, Cláudia. A Cláudia citada é a mulher de Claudio Melo Filho, por coincidência xará da mulher de Cunha, a jornalista Cláudia Cruz. Cunha é chamado de "Carang", uma abreviação de seu apelido nas planilhas da Odebrecht (Caranguejo).
Veja o e-mail:
Em e-email a Marcelo Odebrecht e outros executivos da empresa, Claudio Melo Filho relata visita de madrugada de "Carang", apelido de Eduardo Cunha - Reprodução / Reprodução
Melo Filho conta no depoimento que, ao chegar a sua casa, Cunha disse que gostaria de ser apresentado ao presidente da Odebrecht Agroindustrial, que o deputado dizia não saber quem era. Na ocasião, estava sendo discutida na Câmara a Medida Provisória (MP) 613, que afetava o setor de produção de açúcar e álcool, área de atuação da Odebrecht Agroindustrial.
O caso chamou a atenção da procuradora Melina Montoya Flores, que tomava o depoimento de Melo Filho. Ela faz algumas perguntas sobre a reunião, e ressalta o "horário esquisito". O ex-executivo da Odebrecht reafirma que este pedido de aproximação com a Odebrecht Agroindustrial foi o único tema discutido no encontro.
- Foi absolutamente inusual. Até porque ele não tinha relação de proximidade, nem intimidade comigo. Por isso digo no e-mail "pode imaginar" no e-mail no dia seguinte. Sabendo quem ele é, era líder do partido na época, imaginei que alguma coisa grave tinha acontecido, resolvi atendê-lo - diz Melo à procuradora. - Acho que a urgência do encontro era porque a MP seria votada logo, e ele queria uma interlocução com a Agroindustrial.
Este depoimento de Melo Filho faz parte do Inquérito 6807, que investigará repasses da Odebrecht via caixa dois recebidos por Eduardo Cunha nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. Melo Filho apresentou também uma planilha que indica o pagamento de R$ 7 milhões a Cunha entre os meses de julho e outubro de 2010, o período eleitoral.
No mesmo inquérito, o depoimento de outro delator, Fernando Reis, aponta pagamento de R$ 3 milhões a Cunha na campanha eleitoral de 2014.
Procurado, o advogado de Eduardo Cunha, Michel Asseff, afirma que o ex-deputado nega veementemente qualquer crime apontado pelos delatores.

NO O ANTAGONISTA
Liga o Wi-Fi, Adriana
Brasil 21.04.17 11:17
Maria Thereza de Assis Moura, do STJ, negou liminar que pedia a suspensão do processo que envolve Adriana Ancelmo. É a mesma ministra que concedeu à ré o direito à prisão domiciliar.
Adriana, pode ligar o Wi-Fi para ver esta notícia.
Contra o abuso da Mela Jato (2)
Brasil 21.04.17 11:01
A Associação Nacional dos Procuradores da República convoca os brasileiros contra o projeto de abuso de autoridade.

Só o STF salva
Brasil 21.04.17 10:41
Os petistas estão divididos sobre a oferta de Antonio Palocci para colaborar com a Lava Jato.
Alguns dirigentes, segundo o Estadão, “chegaram a usar expressões alarmistas como ‘hecatombe’, ‘bomba H’, ‘fim de tudo, ‘pá de cal’ (…).
Outro grupo interpretou a disposição do ex-ministro como um recado implícito aos setores empresarial e financeiro. Esses petistas acreditam que uma possível delação de Palocci poderia, sim, afetar de maneira negativa o ex-presidente Lula, mas avaliam que, pela forma como o ex-ministro se expressou, o alvo da mensagem não é o PT”.
De acordo com esse grupo, Antonio Palocci quer que os bancos pressionem o STF.
A reportagem diz, de fato, que um dirigente do PT citou “como exemplo para uma possível decisão favorável a Palocci o caso da ex-primeira-dama do Rio, Adriana Ancelmo, que ganhou direito à prisão domiciliar dias após notícias de que delataria membros do Judiciário”.
O partido dos mortos
Brasil 21.04.17 10:21
O PT está tão habituado a roubar eleições, que rouba até as eleições internas do partido.
Segundo a Folha de S. Paulo, há dezenas de denúncias de fraudes na escolha do comando nacional do PT.
Por exemplo:
- Quatro mortos estão na lista dos eleitores do 6º Congresso do PT na cidade de Arandu.
- Há mais quatro mortos em Catanduva.
- “Um vídeo traz o momento em que um representante da corrente Avante – que tem o deputado Arlindo Chinaglia entre seus líderes – é flagrado carregando a urna minutos antes do encerramento da votação. Ele reaparece uma hora depois. Nesse intervalo a relação dos votantes dessa urna subiu de 48 para 248”.
- “No município de Platina, 106,7% dos filiados aptos a votar foram às urnas na eleição petista”.
- “O ex-prefeito de Guarulhos, Elói Pietá apresentou um recurso no qual pede perícia grafotécnica sobre assinaturas atribuídas a 400 participantes da eleição da cidade, devido à semelhança de caligrafia”.
As reuniões no Instituto Lula
Brasil 21.04.17 10:07
Lula e Léo Pinheiro eram companheiros de farra.
O Globo fez um retrato do empreiteiro:
“Filho de um médico dono de farmácia no interior, Léo Pinheiro nunca teve na Bahia o status de Marcelo Odebrecht, que nasceu em berço de ouro e estudou no exterior. Entre os empreiteiros, Pinheiro foi o único a se tornar amigo do ex-presidente Lula, a ponto de frequentar a casa do ex-metalúrgico e servir como ouvido para desabafos.
Depois que Lula deixou a Presidência e sobrou mais tempo, os encontros entre os dois passaram a ser mais frequentes. Não eram raras as reuniões nos fins de expediente no Instituto Lula, regadas a aperitivos”.
Continue assim, Lula
Brasil 21.04.17 10:00
Leia a coluna de Miriam Leitão, em O Globo:
“A estratégia de defesa do ex-presidente Lula foi desmontada. Seus advogados, desde o início, centraram ataques no juiz Sérgio Moro, dizendo que o magistrado o perseguia e cometia abusos. A delação da Odebrecht desmontou a estratégia e ontem a fala de Léo Pinheiro acabou de soterrá-la. O ex-presidente da OAS disse que Lula era dono do apartamento do Guarujá: ‘Usei valores de pagamento de propina’.
A partir de agora, Lula terá que encontrar outros argumentos em vez de ser um perseguido pelo juiz Sérgio Moro e pela imprensa. Seus advogados estavam em explícito confronto com o magistrado, e Lula, em suas declarações, tentava passar a ideia de que estava ansioso para ficar frente a frente com Moro e que o enfrentaria. Desde as delações da Odebrecht, contudo, o assunto foi muito além de Curitiba.
Lula está agora em inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), além dos processos a que responde junto à 13ª Vara Federal, em Curitiba (…).
Abril foi devastador para o ex-presidente. Seu nome foi falado explicitamente por vários dos delatores da Odebrecht, principalmente os mais poderosos na empresa, incluindo-se o ex-presidente Marcelo e o patriarca Emílio. O custo do que se pagaria a ele era tão alto, que a empresa usou técnicas das boas práticas contábeis e fez um provisionamento numa conta de R$ 35 milhões apenas para futuras demandas (…).
A fala de Léo Pinheiro exibiu toda a trama por trás do apartamento na Bancoop. No sítio de Atibaia há complicações até para o velho amigo e advogado de Lula, Roberto Teixeira, que teria se reunido com dois funcionários da Odebrecht para forjar um documento sobre o valor e a responsabilidade da reforma no sítio. Como o suposto dono seria Fernando Bittar, foi preciso subfaturar o valor real da obra e declarar menos do que ela realmente custou, segundo contou Emyr Costa, engenheiro da empreiteira.
Há processos, investigações e delações que o cercam de dúvidas e suspeitas. Portanto, se quer mesmo se defender, Lula precisa instruir seus advogados a mudar a estratégia. Há uma coleção de indícios, suspeitas, documentos e declarações contra ela. Ele não é um perseguido. É um réu que tem explicações a dar”.
Por favor, Lula, ignore Miriam Leitão. Sua estratégia é perfeita. Continue assim.

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