PRIMEIRA EDIÇÃO DE 23-3-2017 DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"
NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
JUIZ AFIRMA QUE PODE HAVER UMA CENTENA DE PROVAS DE PROPINA
Publicado: quarta-feira, 22 de março de 2017 às 17:31 - Atualizado às 23:17
Redação
O juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da Operação Carne Fraca, afirmou em despacho que é vasto o “acervo de elementos indiciários” obtidos pela Polícia Federal contra os alvos, ao longo de um ano de investigações que monitoravam as conversas telefônicas. “Há uma constelação de crimes que vêm sendo, portanto, praticados há muito tempo, pelos investigados.”
A Operação Carne Fraca mira corrupção na Superintendência Federal de Agricultura no Estado do Paraná (SFA/PR) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No rol de empresas investigadas pela Polícia Federal estão a JBS, dona da Seara e da Big Frango, a BRF, controladora da Sadia e da Perdigão, e os frigoríficos Larissa, Peccin e Souza Ramos. Os alvos são suspeitos por adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios, peculato, concussão, corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa, falsificação, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
“Os áudios captados com autorização judicial ao longo de um ano sinalizam para a existência de conluio entre diversas empresas e indústrias voltadas à produção, transporte, armazenamento etc. de produtos de origem animal e outros cuja incumbência de fiscalizar é do Ministério da Agricultura e servidores públicos do órgão fiscalizatório do MAPA (agentes e fiscais)”, escreveu Josegrei, em despacho de 8 de março, em que decretou nova quebra de sigilo telefônico dos investigados.
“Estes (agentes públicos), em troca de vantagens patrimoniais e pagamentos periódicos, estariam, ao que indicaram os diálogos, permitindo a comercialização de produtos impróprios para consumo e a não-observância deliberada de procedimentos de segurança para armazenamento e estocagem desses produtos. Isso afeta não somente a moralidade e eficiência administrativas, mas, também e principalmente, a saúde da população”, escreve o juiz, com base nas investigações da PF
Na lista de irregularidades identificadas pela PF estão o pagamento de propinas a fiscais federais agropecuários e agentes de inspeção em razão da comercialização de certificados sanitários e aproveitamento de carne estragada para produção de gêneros alimentícios. Os pagamentos indevidos teriam o objetivo de atender aos interesses de empresas fiscalizadas para evitar a efetiva e adequada fiscalização das atividades, segundo a investigação.
“O acervo de elementos indiciários obtidos ao longo desse período de monitoramento é vasto.”
Contraofensiva
A PF foi duramente atacada por empresários do setor e por membros do governo federal, em especial do Ministério da Agricultura, em decorrência da Operação Carne Fraca. Deflagrada na sexta-feira, 17, a investigação desencadeou pelo mundo uma série de embargos de países compradores de carne e frango do Brasil.
A PF sustenta que há provas de crimes praticados por agentes federais em conluio com representantes das empresas, em especial, dos grupos BRF e JBS, que dominam o setor.
O juiz da Carne Fraca destaca no despacho que durante 2016 foram deferidos 11 quebras de sigilos telefônico e temático dos investigados. O primeiro deles, em dezembro de 2015.
“Nesse período pode-se constatar efetivamente o modus operandi levado a cabo pelos investigados.”
O magistrado, que nesta terça-feira, 21, mandou soltar 8 dos 35 presos pela Carne Fraca – informou que um dos alvos continua foragido.
Corrupção
No despacho em que decretou a última quebra de sigilo, Josegrei da Silva afirma que há mais de uma centena de referências a benefícios indevidos no monitoramento das conversas dos investigados
“Ao longo de quase um ano de acompanhamento das comunicações amealharam-se dezenas, talvez mais de uma centena até, de referências a benefícios indevidamente solicitados, exigidos e/ou recebidos por funcionários do MAPA”, registra o juiz.
Segundo ele, há ainda referências a “irregularidades de diversas ordens nas atividades de fiscalização agropecuária com potencial de grave dano à saúde pública; de atos de gestão administrativa ímproba; de envolvimento direto de empresas e empresários que deveriam se sujeitar à atividade fiscalizatória com observância da legislação de regência e não o fazem; de indícios de existência de patrimônio incompatível com a remuneração percebida por servidores públicos; e da adesão, colaboração e conivência dos próprios familiares dos investigados para com as ações criminosas por eles encetadas”.
As propinas seriam pagas, segundo a investigação, para “obtenção de vantagens indevidas das empresas fiscalizadas pelo órgão, em troca de autorizações ilegais e ausência de fiscalização”.
As suspeitas teriam sido “corroboradas pelo resultado do monitoramento telefônico”.
EXAGEROS INADMISSÍVEIS
Por Carlos Chagas
QUINTA-FEIRA, 23 DE MARÇO DE 2017
A estatal Correios, que já foi símbolo de eficiência, agoniza com o acúmulo de prejuízos que, somente nos últimos quatro anos, somam mais de R$ 5,5 bilhões. Chegou ao fundo do poço no governo Dilma, fechando 2015 com prejuízo de R$2,1 bilhões – o pior resultado desde sua criação, há 354 anos. Para ganhar um “respiro”, suspendeu por um ano regalias aos 117.000 funcionários, quando eles entram em férias.
Quando um trabalhador entra em férias, recebe gratificação de um terço do salário. Os Correios dobram a gratificação: 70% do salário.
Além dos 70% de presente, funcionário dos Correios em férias ganha mais um salário a título de “empréstimo”, a ser pago em cinco vezes.
No ano da reeleição de Dilma, a estatal inventou lucro de R$9 milhões ao considerar “receita” R$ 1,1 bilhão não pagos ao fundo Postalis.
Os Correios esperam economizar R$1 bilhão ao ano com as 5,5 mil adesões ao PDV. Cerca de 10% da folha anual de R$10,9 bilhões.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deixou a impressão entre ministros de tribunais superiores, ontem, de haver exagerado na reação às críticas do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Se a crítica do ministro foi dura, a resposta de Janot teve o tom de insulto. A melhor resposta da PGR, se de fato não promoveu o vazamento, era fazer o que o ministro pediu: investigar as suspeitas.
Impactado com o destempero, o presidente da Ajufe, Roberto Veloso, que já criticou Gilmar, fez um apelo à preservação das instituições.
O maior indício de vazamento da “lista de Janot” foi ter sido divulgada idêntica e ao mesmo tempo por meia dúzia de órgãos de comunicação.
Além da divulgação simultânea, pela primeira vez na História da imprensa não havia divergência: todos tinham a mesma “lista de Janot”.
Enquanto registrou prejuízo de R$ 14,82 bilhões em 2016, a Petrobras viu as concorrentes realizarem grandes lucros: R$ 25,48 bilhões para a Exxon, R$ 14,86 bilhões para a Shell e R$ 559 milhões para a BP.
A Caixa se preparou tanto para o saque de contas antigas do FGTS e acabou negligenciando as outras. Agora está fixando prazo de 45 dias para liberar o dinheiro que é do trabalhador e de mais ninguém.
Para o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), envolvidos em escândalos geralmente são apadrinhados de políticos, por isso apresentará uma proposta vedando indicações políticas para cargos públicos.
Os direitos à informação e à liberdade foram cancelados por um juiz de Maceió, que proibiu o jornalista Davi Soares e o portal Diário do Poder de publicar notícias sobre um deputado enrolado em graves denúncias. O sindicato e a federação dos jornalistas divulgaram nota de protesto.
A ironia “jornalista é um miserável importante” volta com força: no Rio, em 2016, a Associação Brasileira de Imprensa distribuiu 132 cestas básicas a jornalistas desempregados ou ocupantes de cargos públicos.
A próxima confraternização da Polícia Federal terá carne brasileira assando na churrasqueira?
NO DIÁRIO DO PODER
DIREITOS TRABALHISTAS
CÂMARA APROVA TERCEIRIZAÇÃO DE QUALQUER ÁREA NOS SETORES PRIVADO E PÚBLICO
DEPUTADOS TAMBÉM APROVARAM AMPLIAÇÃO DE TRABALHO TEMPORÁRIO
Publicado: quarta-feira, 22 de março de 2017 às 21:37 - Atualizado às 23:01
Redação
A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira, 22, projeto de lei de 19 anos atrás que permite terceirização irrestrita em empresas privadas e no serviço público. A proposta também amplia a permissão para contratação de trabalhadores temporários, dos atuais três meses para até nove meses - seis meses, renováveis por mais três.
O texto principal do projeto foi aprovado por 231 votos a 188 - quórum menor do que os 308 votos mínimos necessários para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) como a da reforma da previdência. Houve ainda oito abstenções. Neste momento, deputados começaram a votar os destaques ao projeto.
Na votação, a Câmara não pode incluir inovações no texto. Isso porque a proposta, de 1998, já tinha passado uma vez pela Casa, em 2000, e pelo Senado em 2002. Com isso, deputados só puderam escolher se mantinham integral ou parcialmente o texto aprovado pelo Senado ou se retomavam, integral ou parcialmente, a redação da Câmara.
O texto final aprovado, que seguirá para sanção do presidente Michel Temer, autoriza terceirização em todas as atividades, inclusive na atividade-fim. Atualmente, jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TSE) proíbe terceirizar atividade-fim da empresa. Por exemplo, um banco não pode terceirizar os atendentes do caixa.
No caso do serviço público, a exceção da terceirização será para atividades que são exercidas por carreiras de Estado, como juízes, promotores, procuradores, auditores, fiscais e policiais. Outras funções, mesmo que ligadas a atividade-fim, poderão ser terceirizadas em órgãos ou empresas públicas.
O projeto final também regulamentou a responsabilidade "subsidiária" da empresa contratante por débitos trabalhistas e previdenciários dos trabalhadores terceirizados, como acontece hoje. Ou seja, a contratante só será acionada a arcar com essas despesas se a cobrança dos débitos da empresa terceirizada contratada fracassar.
O texto que seguiu para sanção prevê ainda um escalonamento do capital social mínimo exigido de uma empresa de terceirização, de acordo com o número de funcionários. O capital social mínimo exigido vai de R$ 10 mil, para companhias com até 10 funcionários, a R$ 250 mil, para empresas com mais de 100 trabalhadores.
Hoje, não há essa exigência na iniciativa privada. Já no serviço público, a empresa contratante é que determina na hora da contratação qual deve ser o capital social mínimo da companhia de terceirizados. Inicialmente inserida na proposta, a anistia de "débitos, penalidades e multas" impostas até agora às empresas foi retirada do texto pelo relator para facilitar a aprovação do projeto. O governo era contra a medida. Segundo o relator do projeto na Câmara, Laércio Oliveira (SD-SE), essas dívidas hoje somam R$ 12 bilhões.
A oposição criticou a votação do projeto, sob o argumento de que representa um retrocesso e prejudica os trabalhadores. Opositores tentaram negociar, sem sucesso, o adiamento da votação. Eles queriam que, em vez da proposta de 1998, fosse votado um projeto de 2015 que regulamenta a terceirização, já foi votado na Câmara e está parado no Senado.
Na avaliação de deputados da oposição e das centrais sindicais, a proposta mais recente oferece mais salvaguardas aos trabalhadores. O projeto de 2015 traz garantias, como a proibição de a empresa contratar como terceirizado um funcionário que trabalhou nela como CLT nos últimos 12 meses.
Para opositores, a aprovação do projeto anula a reforma trabalhista que está em discussão na Câmara. "Se a terceirização for votada hoje, ela anula esta comissão. Se for votada, a reforma trabalhista vai perder muito o sentido", disse o deputado Paulão (PT-AL).
O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), por sua vez, saiu em defesa da proposta. Segundo ele, o projeto vai permitir a geração de empregos. "O Brasil mudou, mas ainda temos uma legislação arcaica. Queremos avançar em uma relação que não tira emprego de ninguém, que não vai enfraquecer sindicatos", disse.
"CONSTELAÇÃO DE CRIMES"
GRAMPOS REVELAM ‘VASTO’ ACERVO CONTRA INVESTIGADOS, DIZ JUIZ DA CARNE FRACAJUIZ AFIRMA QUE PODE HAVER UMA CENTENA DE PROVAS DE PROPINA
Publicado: quarta-feira, 22 de março de 2017 às 17:31 - Atualizado às 23:17
Redação
O juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da Operação Carne Fraca, afirmou em despacho que é vasto o “acervo de elementos indiciários” obtidos pela Polícia Federal contra os alvos, ao longo de um ano de investigações que monitoravam as conversas telefônicas. “Há uma constelação de crimes que vêm sendo, portanto, praticados há muito tempo, pelos investigados.”
A Operação Carne Fraca mira corrupção na Superintendência Federal de Agricultura no Estado do Paraná (SFA/PR) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No rol de empresas investigadas pela Polícia Federal estão a JBS, dona da Seara e da Big Frango, a BRF, controladora da Sadia e da Perdigão, e os frigoríficos Larissa, Peccin e Souza Ramos. Os alvos são suspeitos por adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios, peculato, concussão, corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa, falsificação, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
“Os áudios captados com autorização judicial ao longo de um ano sinalizam para a existência de conluio entre diversas empresas e indústrias voltadas à produção, transporte, armazenamento etc. de produtos de origem animal e outros cuja incumbência de fiscalizar é do Ministério da Agricultura e servidores públicos do órgão fiscalizatório do MAPA (agentes e fiscais)”, escreveu Josegrei, em despacho de 8 de março, em que decretou nova quebra de sigilo telefônico dos investigados.
“Estes (agentes públicos), em troca de vantagens patrimoniais e pagamentos periódicos, estariam, ao que indicaram os diálogos, permitindo a comercialização de produtos impróprios para consumo e a não-observância deliberada de procedimentos de segurança para armazenamento e estocagem desses produtos. Isso afeta não somente a moralidade e eficiência administrativas, mas, também e principalmente, a saúde da população”, escreve o juiz, com base nas investigações da PF
Na lista de irregularidades identificadas pela PF estão o pagamento de propinas a fiscais federais agropecuários e agentes de inspeção em razão da comercialização de certificados sanitários e aproveitamento de carne estragada para produção de gêneros alimentícios. Os pagamentos indevidos teriam o objetivo de atender aos interesses de empresas fiscalizadas para evitar a efetiva e adequada fiscalização das atividades, segundo a investigação.
“O acervo de elementos indiciários obtidos ao longo desse período de monitoramento é vasto.”
Contraofensiva
A PF foi duramente atacada por empresários do setor e por membros do governo federal, em especial do Ministério da Agricultura, em decorrência da Operação Carne Fraca. Deflagrada na sexta-feira, 17, a investigação desencadeou pelo mundo uma série de embargos de países compradores de carne e frango do Brasil.
A PF sustenta que há provas de crimes praticados por agentes federais em conluio com representantes das empresas, em especial, dos grupos BRF e JBS, que dominam o setor.
O juiz da Carne Fraca destaca no despacho que durante 2016 foram deferidos 11 quebras de sigilos telefônico e temático dos investigados. O primeiro deles, em dezembro de 2015.
“Nesse período pode-se constatar efetivamente o modus operandi levado a cabo pelos investigados.”
O magistrado, que nesta terça-feira, 21, mandou soltar 8 dos 35 presos pela Carne Fraca – informou que um dos alvos continua foragido.
Corrupção
No despacho em que decretou a última quebra de sigilo, Josegrei da Silva afirma que há mais de uma centena de referências a benefícios indevidos no monitoramento das conversas dos investigados
“Ao longo de quase um ano de acompanhamento das comunicações amealharam-se dezenas, talvez mais de uma centena até, de referências a benefícios indevidamente solicitados, exigidos e/ou recebidos por funcionários do MAPA”, registra o juiz.
Segundo ele, há ainda referências a “irregularidades de diversas ordens nas atividades de fiscalização agropecuária com potencial de grave dano à saúde pública; de atos de gestão administrativa ímproba; de envolvimento direto de empresas e empresários que deveriam se sujeitar à atividade fiscalizatória com observância da legislação de regência e não o fazem; de indícios de existência de patrimônio incompatível com a remuneração percebida por servidores públicos; e da adesão, colaboração e conivência dos próprios familiares dos investigados para com as ações criminosas por eles encetadas”.
As propinas seriam pagas, segundo a investigação, para “obtenção de vantagens indevidas das empresas fiscalizadas pelo órgão, em troca de autorizações ilegais e ausência de fiscalização”.
As suspeitas teriam sido “corroboradas pelo resultado do monitoramento telefônico”.
EXAGEROS INADMISSÍVEIS
Por Carlos Chagas
Quinta-feira, 23-3-2017
Não se sabe bem se como presidente do Tribunal Superior Eleitoral ou como ministro do Supremo Tribunal Federal, a verdade é que Gilmar Mendes anda extrapolando. Não se passa um dia sem que ele se manifeste sobre temas jurídicos, políticos e econômicos, sempre polemizando e levantando opiniões favoráveis e contrárias, numa evidência de não ser essa a função dos integrantes da maior corte nacional de Justiça. Pelo menos de acordo com a máxima de dever a Justiça ser cega, sem inclinar-se por qualquer das questões que dividem as instituições, mas enxergando a ponto de dirimi-las.
Gilmar Mendes, aliás, enxerga muito, apesar de suas visões parciais, muitas corretas, outras, nem tanto.
A mais recente produção do ínclito jurista foi acusar a Procuradoria Geral de Justiça de divulgar detalhes protegidos pelo segredo constitucional de justiça, a ponto de pretender a anulação de delações praticadas que deveriam permanecer em sigilo mas vem sendo transmitidas à mídia, sabe-se lá por quem. Acusar a Procuradoria de ser a fonte dessas revelações, só com provas, que o ministro não tem, talvez porque não pode apresentar.
Para afastar esse perigoso entrevero de poderes, uma solução bastaria: acabar com o segredo de justiça em todas as questões. Estabelecer transparência em todas elas, mesmo que se em certos casos haja prejuízo para uma parte, ainda que corrigido nas etapas finais de todo julgamento. São os ônus da cegueira da Justiça.
A Procuradoria Geral de Justiça e a Polícia Federal foram acusadas por Gilmar Mendes de fazer chantagem, usando a imprensa e desmoralizando a autoridade pública. Pela extinção do segredo de Justiça seriam evitados confrontos que apenas prejudicam as instituições, apesar de exageros e injustiças eventuais.
Omitir sempre será pior do que esclarecer. Quem for acusado que se defenda, apesar de acusações falsas e prejudiciais ao acusado.
Não se sabe bem se como presidente do Tribunal Superior Eleitoral ou como ministro do Supremo Tribunal Federal, a verdade é que Gilmar Mendes anda extrapolando. Não se passa um dia sem que ele se manifeste sobre temas jurídicos, políticos e econômicos, sempre polemizando e levantando opiniões favoráveis e contrárias, numa evidência de não ser essa a função dos integrantes da maior corte nacional de Justiça. Pelo menos de acordo com a máxima de dever a Justiça ser cega, sem inclinar-se por qualquer das questões que dividem as instituições, mas enxergando a ponto de dirimi-las.
Gilmar Mendes, aliás, enxerga muito, apesar de suas visões parciais, muitas corretas, outras, nem tanto.
A mais recente produção do ínclito jurista foi acusar a Procuradoria Geral de Justiça de divulgar detalhes protegidos pelo segredo constitucional de justiça, a ponto de pretender a anulação de delações praticadas que deveriam permanecer em sigilo mas vem sendo transmitidas à mídia, sabe-se lá por quem. Acusar a Procuradoria de ser a fonte dessas revelações, só com provas, que o ministro não tem, talvez porque não pode apresentar.
Para afastar esse perigoso entrevero de poderes, uma solução bastaria: acabar com o segredo de justiça em todas as questões. Estabelecer transparência em todas elas, mesmo que se em certos casos haja prejuízo para uma parte, ainda que corrigido nas etapas finais de todo julgamento. São os ônus da cegueira da Justiça.
A Procuradoria Geral de Justiça e a Polícia Federal foram acusadas por Gilmar Mendes de fazer chantagem, usando a imprensa e desmoralizando a autoridade pública. Pela extinção do segredo de Justiça seriam evitados confrontos que apenas prejudicam as instituições, apesar de exageros e injustiças eventuais.
Omitir sempre será pior do que esclarecer. Quem for acusado que se defenda, apesar de acusações falsas e prejudiciais ao acusado.
NA VEJA.COM
Lista de bilionários da Forbes tem investigados na Lava Jato
Entre os investigados estão os controladores dos grupos Petrópolis e Camargo Corrêa
Por Da redação
Quarta-feira, 22 mar 2017, 18h22 - Atualizado em 22 mar 2017, 19h53
O ranking de bilionários da revista Forbes traz brasileiros citados em operações da Polícia Federal, como a Lava Jato e a Zelotes.
Entre eles está o empresário Walter Faria, do Grupo Petrópolis. Dono da marca de cerveja Itaipava, ele ocupa a 581ª posição no ranking da “Forbes”, com uma fortuna estimada em 3,3 bilhões de dólares.
A Itaipava entrou na mira da Lava Jato devido a conexões com a Odebrecht. Marcelo Odebrecht disse à Justiça Eleitoral que a empreiteira usou a cervejaria para repassar dinheiro para campanhas da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.
Em nota, o grupo Petrópolis informa que “todas as doações seguiram estritamente a legislação eleitoral e estão devidamente registradas”.
As irmãs Regina de Camargo Pires Oliveira Dias, Rossana Camargo de Arruda Botelho e Renata de Camargo Nascimento, aparecem em 630º lugar na lista dos mais ricos do mundo da Forbes, com uma fortuna de 3,1 bilhões de dólares. Elas pertencem à família controladora da construtora Camargo Corrêa, envolvido nas denúncias da Lava Jato.
Procurada, a Camargo informou que não comentaria o assunto.
O banqueiro Joseph Safra, o 37º homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em 20,5 bilhões de dólares, foi citado no ano passado em uma investigação da Zelotes – que apura um esquema envolvendo julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado à Receita Federal.
A ação penal contra o banqueiro foi encerrada em dezembro de 2016. Em nota, a JS Administração de Recursos informa que “Joseph Safra foi excluído do processo criminal da Zelotes”. “Em dezembro, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (Distrito Federal) concedeu habeas corpus reconhecendo não existir justa causa (motivos) para a acusação formulada pelo Ministério Público Federal.”
Operários da BMW fumam maconha e causam prejuízo milionário
Fábrica onde são fabricados os Série 3 e 4 teve o funcionamento interrompido
Por Da Revista Quatro Rodas
Quarta-feira, 22 mar 2017, 16h11 - Atualizado em 22 mar 2017, 16h30
Dois operários-montadores da fábrica da BMW em Munique (Alemanha) passaram mal em pleno expediente na manhã do último dia 3 de março. Segundo o diário alemão Bild, eles aproveitaram uma pausa na linha de montagem de escapamentos para fumar maconha de origem sintética – bem mais poderosa que a erva natural.
Um deles também tinha bastante álcool no sangue, enquanto o outro teria tomado anfetaminas. Ambos acabaram desmaiando, e tiveram de ser atendidos pelo serviço médico, o que obrigou a linha de montagem de Munique (onde são feitos os Série 3 e Série 4) a uma interrupção de 40 minutos.
A BMW afirma que o prejuízo ficou na casa dos cinco dígitos, mas uma estimativa do próprio Bild diz que a interrupção deve ter um custo maior, de mais de 1 milhão de euros.
NO BLOG DO JOSIAS
Renan diz que jamais cometeu crime! Ai, ai, ai…
Josias de Souza
Quinta-feira, 23/03/2017 05:39
Brasília vive dias emocionantes. Nesta quarta-feira, 22, Renan Calheiros escalou a tribuna do Senado para declarar que é uma inocente criatura. Estalando de pureza moral, o pajé do PMDB recomendou aos alagoanos e aos brasileiros que fiquem tranquilos, pois a turma da Lava Jato jamais conseguirá provar nada contra ele. Pela simples e boa razão de que nunca cometeu um mísero crime.
O pronunciamento de Renan está disponível neste link https://youtu.be/47kTouWrfU4. O vídeo tem 1 hora 5 minutos e 39 segundos de duração. Nele, o senador criticou a Polícia Federal por sua “histeria investigativa”, atacou a Procuradoria da República por seus “vazamentos”. Que são “estimulados” pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, declarou, ecoando crítica do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Renan bateu também na imprensa, que o ataca movida por “prejulgamentos preconceituosos.”
Todos são culpados de alguma coisa, exceto o orador. Réu numa ação penal e protagonista de uma dúzia de inquéritos, oito dos quais referentes à Lava Jato, Renan revela-se um típico político brasileiro. Grosso modo falando. Fazendo pose de vítima, o senador diz não haver contra ele “nenhum fiapo de prova”. Aos pouquinhos, vai se relevando um inocente de mostruário. Faz lembrar as virgens de Sodoma e Gomorra.
Temer e Dilma provam: política é feita de farsa
Josias de Souza
Quinta-feira, 23/03/2017 03:24
Na política, todos são, em grau menor ou maior, falsos. Essa falsidade vai do ‘bom dia’ que um político dá a outro que gostaria de ver submetido a uma chuva de canivetes até a hipocrisia de um elogio dirigido a alguém detestável que a conveniência política se encarregou de dotar de qualidades extraordinárias. O relacionamento entre Dilma Rousseff e Michel Temer comprova essa teoria.
Chamado de “fraco” por Dilma, Temer reagiu numa conversa com o repórter Roberto D’Ávila, exibida na noite desta quarta-feira, na Globonews: “Prefiro ser fraco do que ser forte, porque os que se dizem fortes destruíram o país. Então, nesse sentido, eu prefiro a fraqueza à fortaleza. Mas fraco não sou. […] É que as pessoas confundem educação cívica, educação pessoal, com eventual fraqueza. Não vou mudar meu jeito. Sempre deu certo assim, vou continuar assim.” Até bem pouco, com os pés fincados no palanque, o mesmo Temer enaltecia a força de Dilma no combate à ditadura. Repare no vídeo abaixo.
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