PRIMEIRA EDIÇÃO DE 22-3-2017 DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
QUARTA-FEIRA, 22 DE MARÇO DE 2017
Para não enfrentar dissabores em voos de carreira, os ex-presidentes Lula e Dilma usaram um jato para levá-los de São Paulo a Campina Grande (PB), no fim de semana, para a patética “reinauguração” de parte das obras de transposição do rio São Francisco. O jato um Legacy 600, prefixo PR-AVX, com capacidade para 16 pessoas, pertenceu a um amigo do peito da dupla: Eike Batista, hoje no xilindró.
Empresa de fretamento, consultada pela coluna, garante: o jato que levou Lula à Paraíba não custou menos de US$ 31 mil (R$ 100 mil).
Procurados, nem o PT e muito menos o Instituto Lula assumiram o pagamento pelo jato que levou Lula e Dilma por R$100 mil.
Se pagasse passagem para viajar de São Paulo ao belo Estado da Paraíba, Lula gastaria R$ 1,4 mil. Mas jatos de luxo têm seus encantos.
Em declínio, Eike Batista colocou seu avião à venda em 2013. Hoje o palácio voador está com a CB Air, do grupo Klein, das Casas Bahia.
Não merecem outro destino senão a cadeia os responsáveis pelo programa “Leite da Paraíba”, do governo estadual, que distribuía 120 mil litros do produto por dia para bebês, gestantes e idosos. O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, verificou: o programa era uma “fraude generalizada”. Os produtores nem sequer tinham vacas, metade do “leite” era água e com adição até de soda cáustica. O TCU endossou a decisão do ministro de condenar os envolvidos a devolver o dinheiro surrupiado e aplicou multas que totalizam R$3 milhões.
Entre as fraudes do programa do governo da Paraíba, a embalagem do leite que, além de “batizado”, tinha volume inferior ao contratado.
A Operação Almateia, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, investigaram as fraudes constatadas pelo TCU.
Os responsáveis pelo programa simulavam o recebimento de leite que não existia, fornecido por produtores igualmente fantasmas.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira, colocou na pauta a proposta que extingue o foro privilegiado do qual se beneficiam 40 mil pessoas (parlamentares, magistrados, procuradores etc). Será votada após as cinco sessões regimentais. Mas poucos duvidam que seja aprovada.
A Operação Carne Franca tem um consenso: apesar dos méritos, até agentes e delegados da Polícia Federal criticam sua estratégia de comunicação. Primária, desastrosa. Para a instituição e para o País.
Não se duvida da seriedade da turma do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no PNUD, das Nações Unidas. Mas ninguém acredita que a qualidade de vida na Venezuela seja melhor que a do Brasil.
Luís Barroso, do STF, acha que a corrupção se disseminou no Brasil “em níveis espantosos”. E isso não tem a ver com pequenas fraquezas humanas: “foi um fenômeno sistêmico, estrutural, generalizado. Tornou-se o modo natural de se fazer negócios e política no Brasil.”
Um furgão Fiat placa JHX-7343 espalha sobressaltos em Brasília, com a vistosa inscrição “Lava Jato em domicílio”, e o celular de contato. Mas o Japonês da Federal não está ao volante: é lavagem de carro mesmo.
Na nota conjunta que divulgaram ontem, Ministério da Agricultura e Policia Federal maltrataram o vernáculo, ao descartarem o “mal funcionamento” (sic) do sistema de controle sanitário.
No mês em que deixou o Lago Norte sem água por 61 horas, em Brasília, em vez das 24h previstas no racionamento, a estatal CAESB deu desconto de R$ 4 pelo transtorno. Mas cobrou 40% a mais.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse que seu partido apoia a CPI da Previdência, mas ele próprio não está entre cinquenta parlamentares que apoiaram a instalação da comissão nesta terça-feira, 21.
...de dar certo: a Petrobras deu prejuízo no terceiro ano seguido, agora de R$14,8 bilhões em 2016, mas é a petroleira que mais salários paga.

NO DIÁRIO DO PODER
OPERAÇÃO LAVA JATO
GILMAR ACUSA PGR DE VAZAR PARA IMPRENSA CITADOS EM DELAÇÃO DA ODEBRECHT
MINISTRO FALA ATÉ EM ABUSO DE PODER DA PROCURADORIA-GERAL
Publicado: terça-feira, 21 de março de 2017 às 17:14 - Atualizado às 18:43
Redação
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes acusou hoje (21) a Procuradoria-Geral da República (PGR) de vazar para a imprensa nomes de pessoas citadas nos depoimentos de delação premiada de ex-executivos da empreiteira Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato. Na semana passada, com base nas delações, a procuradoria fez 83 pedidos de abertura de investigações ao STF, mas os nomes dos envolvidos não foram divulgados oficialmente porque foram enviados sob segredo de Justiça.
A crítica de Mendes foi feita na abertura da sessão da Segunda Turma, colegiado responsável pelo julgamento dos processos da Operação Lava Jato. Mendes citou artigo publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, no último domingo (19). De acordo com o jornal, a procuradoria enviou os pedidos em segredo ao Supremo, mas divulgou extraoficialmente os nomes dos investigados para alguns veículos de comunicação.
Para o ministro, a publicação de informações da Lava Jato que estão sob sigilo é uma forma de "desmoralização da autoridade pública" e alimenta uma "caça de escândalos para espetaculização".
"Tenho que a Procuradoria-Geral da República tem que prestar a este Tribunal as explicações sobre esses fatos. Não haverá justiça com procedimentos à margem da lei. As investigações devem ter por objetivo produzir provas e não entreter a opinião pública ou demonstrar autoridade. Quem quiser cavalgar escândalo porque está investido de poder de investigação, está abusando de seu poder", disse o ministro.
Após a crítica de Gilmar Mendes, a subprocuradora da República, Ela Wiecko, pediu a palavra e, claro, culpou a imprensa. Disse que o "momento que estamos vivendo está colocando à vista" defeitos em todas as instituições, inclusive do próprio Supremo.
"O que me chama muita a atenção é o poder da mídia. A mídia estabelece o momento, eles fazem investigação, eles têm acesso, não sei como, há muitas informações. Eles estabelecem um momento em que colocam essa notícias a público. Essa sua insatisfação deve ser compartilhada com todas as instituições, inclusive a mídia", rebateu a procuradora.

PREVIDÊNCIA
MEIRELLES DEU AVAL À DECISÃO DE EXCLUIR ESTADOS E MUNICÍPIOS DA REFORMA
MINISTRO 'PISCOU': PRIVILÉGIO DE SERVIDORES SERÃO MANTIDOS
Publicado: terça-feira, 21 de março de 2017 às 22:32 - Atualizado às 22:33
Interlocutores do presidente Michel Temer asseguraram que a decisão de retirar os servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência, anunciada na noite desta terça-feira (21), só foi tomada depois que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deu seu aval, no final da tarde. "O presidente chamou Meirelles para saber se ele concordava com as mudanças e só fechou (questão) com a concordância do ministro da Fazenda", disse um assessor presidencial.
Segundo a mesma fonte, ao tomar a decisão, Temer tirou dos ombros dos deputados federais a pressão de servidores municipais e estaduais que estavam sofrendo em suas bases. Com isso, o problema voltou a ser da alçada de governadores, prefeitos, deputados estaduais e vereadores.
Após a conversa com Meirelles, Temer ligou para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para comunicar a decisão. O presidente convidou então Maia e os líderes dos partidos da base aliada para estarem ao seu lado durante o anúncio oficial, feito no Palácio do Planalto. A presença de Meirelles ao lado de Temer foi considerada "fundamental" pelo governo para dar um recado ao mercado de que tudo foi acertado de comum acordo com a equipe econômica. 
A decisão começou a ser desenhada na segunda-feira, 20, quando ministros que representam partidos reclamaram da pressão que os parlamentares estavam sofrendo em suas cidades, inclusive com protestos em frente às suas casas, organizados por servidores com poder de mobilização. 
O coro foi ampliado em reunião nesta terça-feira, quando Temer teve nova rodada de conversas, desta vez com os líderes dos partidos na Câmara e no Senado. A queixa em relação à pressão que estavam sofrendo foi muito grande, reiterou um assessor, lembrando que os Estados estavam transferindo o problema para o governo federal.
"Os deputados estavam se sentindo muito pressionados e não estavam aguentando o peso sozinhos. Queriam que isso fosse dividido e, na verdade, devolvido à origem, já que os governos repassaram esse pepino para o governo federal", comentou o auxiliar do presidente. 
O auxiliar citou ainda que da mesma forma que a União vai fazer a sua reforma, os Estados e grandes municípios podem fazer o mesmo.

FÉRIAS SUSPENSAS
COM R$4,1 BILHÕES DE PREJUÍZO, CORREIOS CANCELAM FÉRIAS ATÉ ABRIL DE 2018
ESTATAL EXPLICA QUE MEDIDAS DE CONTINGENCIAMENTO DE DESPESA ESTÃO SENDO TOMADAS POR CONTA DE UM PREJUÍZO DE R$ 4 BILHÕES ACUMULADO
Publicado: terça-feira, 21 de março de 2017 às 20:15 - Atualizado às 22:20
Redação
Diretoria Executiva dos Correios divulgou nesta terça-feira (21), comunicado enviado aos funcionários na qual avisa que os servidores terão a concessão de férias suspensa até abril de 2018. No texto, a estatal explica que medidas de contingenciamento de despesa estão sendo tomadas por conta de um prejuízo acumulado em cerca de R$ 4 bilhões. “A situação financeira dos Correios exige ações imediatas para reerguer a empresa”, diz em nota.
A diretoria também suspendeu a convocação de empregados que gerem novas horas extras na empresa, mesmo nos finais de semana. Os diretores-executivos terminam o texto com "Contingenciamento de despesas" explicando que a situação financeira dos Correios "exige ações imediatas para reerguer a empresa".
Em nota divulgada na tarde desta terça-feira (21), a assessoria de comunicação dos Correios explicou os motivos da decisão tomada pela diretoria da estatal. “Em função da necessidade de redução de despesas dos Correios, estamos adotando medidas duras, que impactam no dia a dia de todos os trabalhadores, porém absolutamente necessárias para a recuperação da empresa, como a suspensão das horas extras e das férias pelo período de 12 meses. A partir do momento em que a empresa voltar ao equilíbrio, essas questões poderão ser revistas”.
Ação contra a medida
O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Distrito Federal e Região do Entorno (Sintect/DF) afirmou logo após o comunicado dos Correios, que vai entrar com uma ação coletiva na Justiça contra as medidas anunciadas. Também foi dito que uma possível paralisação nacional não está descartada.

BRIGA DE FOICE EM QUARTO ESCURO
Por Carlos Chagas
Quarta-Feira, 22-3-2017
É bobagem chamar de apenas insignificante o último episódio no capítulo da carne podre desvendado pela Polícia Federal. Perdeu o presidente Michel Temer mais uma oportunidade de ficar calado. Ainda mais porque nas investigações começa a aparecer a presença de políticos governistas pela nomeação de altos funcionários do ministério da Agricultura indicados por deputados e senadores que o dinheiro sujo dos frigoríficos costuma irrigar. 
A Polícia Federal reagiu, ontem, contra a tentativa do Executivo de minimizar a nova denúncia de roubalheira no setor de exportação de carnes. E outros. Quatro senadores estão sob vigilância por envolvimento em negócios ilícitos variados, como a prestação de serviços de segurança, limpeza e sucedâneos a órgãos públicos.
Indaga-se da hipótese de continuar o entrevero entre a denúncia e sua camuflagem, cuja conclusão será a desmoralização das instituições.
O Supremo Tribunal Federal autorizou a investigação sobre pessoas ligadas aos senadores Eunício Oliveira, Renan Calheiros, Waldir Raupp e Humberto Costa. Com a retaguarda garantida, logo surgirão através da Polícia Federal evidências da participação parlamentar em muita atividades fajutas, por meio de seus prepostos ou diretamente.
Aguarda-se a reação do Congresso na defesa de seus integrantes, culpados ou inocentes, mas a verdade é que a Polícia Federal não se intimidou e prepara-se para seguir adiante.
Em suma, dentro do próprio governo a briga é de foice em quanto escuro.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Loucura é votar num Jucá
1 Minuto com Augusto Nunes: O cacique do PMDB de Roraima enxerga uma nuvem negra sobre a própria cabeça 
Por Augusto Nunes
Terça-feira, 21 mar 2017, 20h47 - Atualizado em 21 mar 2017, 20h48
Romero Jucá acaba de descobrir que, graças aos estragos feitos pela Lava Jato, “paira uma nuvem negra sobre todos os políticos do país”. Nem todos: só os que têm culpa no cartório, caso do senador do PMDB de Roraima. Na mesma entrevista à Folha desta terça-feira, ele também explica por que anda insone com o que pode acontecer em 2018.
“Não se inventa um presidente”, ensina. “Se quebrar o modelo, você fica vulnerável a qualquer tipo de loucura”. Nenhum presidente conseguirá ser mais corrosivo que Lula ou menos preparado que Dilma. Jucá foi ministro da Previdência do padrinho e aliado da afilhada.
“Quebrar o modelo”, em bom português, quer dizer “punir os políticos que atropelam a lei”. É essa a vontade do país que presta. O entrevistado está dispensado de preocupar-se com manifestações de loucura. Nenhuma forma de maluquice é tão estranha quanto a que induz um eleitor a votar em Romero Jucá.

Ladroagem no São Francisco confirma: é Lula o pai de tudo
As marcas de nascença do filhote tornam desnecessário o exame de DNA
Por Augusto Nunes
Terça-feira, 21 mar 2017, 18h48 - Atualizado em 21 mar 2017, 20h47
No dia 10 de março, o presidente Michel Temer inaugurou o eixo leste da transposição das águas do Rio São Francisco. Enciumado, Lula baixou por lá neste domingo, 19, para reivindicar a paternidade da obra. Na discurseira que abrilhantou mais um comício ilegal, garantiu que é o pai da transposição. A mãe é Dilma Rousseff, esclareceu.
Nem precisa perder tempo com exame de DNA. Pelo menos cinco marcas de nascença confirmam aos berros que o filhote é a cara de Lula:
1. CRONOGRAMA VIGARISTA
Em 2007, quando as obras começaram, o então presidente jurou que seriam concluídas em 2010. Na conta de quem deve ser debitado o atraso de sete anos?
2. ORÇAMENTO FALSIFICADO
O custo original do projeto foi orçado em R$ 8,5 bilhões (em dinheiro de hoje). A gastança subiu para R$ 9,6 bilhões. Ninguém explicou até agora a diferença multimilionária.
3. SUPERFATURAMENTO
Apenas em licitações, o Tribunal de Contas da União já identificou um sobrepreço que vai chegando a R$ 720 milhões. Quem embolsou a fortuna?
4. INDENIZAÇÕES ILEGAIS
Só em desapropriações, o TCU calculou em 2012 que as indenizações totalizavam R$ 69 milhões, quantia que ultrapassa amplamente limites fixados como referência pelo Incra.
5. DESVIO DE VERBAS
As obras envolveram 90 empreiteiras. Ninguém sabe dizer por que foram tantas. A Delta, a OAS e a Galvão Engenharia lideraram um grupo de empresas (todas atoladas no Petrolão) que engoliu mais de R$ 200 milhões em dois lotes das obras do eixo leste.
No palavrório de domingo, o candidato a Dom Pedro III repetiu que Michel Temer não tem nada a ver com a obra que inaugurou. Cabe a Lula, portanto, esclarecer os casos de polícia em que se meteu às margens do São Francisco. O pai da transposição é também o parteiro da ladroagem fluvial.

NA VEJA.COM
Advogado que discutiu com Moro deixa defesa de Lula na Lava Jato
Juarez Cirino dos Santos e mais dois advogados renunciaram à defesa do ex-presidente no processo sobre o triplex do Guarujá; eles não revelaram o motivo
Por Da redação
Terça-feira, 21 mar 2017, 12h52 - Atualizado em 21 mar 2017, 13h03
O advogado Juarez Cirino dos Santos enviou um comunicado ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância, informando que renunciava ao cargo de advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de Cirino, deixaram também a defesa do ex-presidente os advogados Jair Cirino dos Santos e June Cirino dos Santos e Jair Cirino dos Santos, irmão e filha de Juarez.
Os defensores não revelaram o motivo da iniciativa, mas destacaram o papel de Lula como “sindicalista, criador e dirigente do Partidos dos Trabalhadores“. Segundo a nota emitida por Cirino, os profissionais continuarão na defesa do petista por mais dez dias como manda o Estatuto do Advogado.
Cirino protagonizou episódios incômodos a Moro durante audiências da Lava Jato. Em dezembro do ano passado, o advogado discutiu com o juiz na audiência das testemunhas de acusação no processo envolvendo o apartamento tríplex no Guarujá, que supostamente seria do petista – ele nega.
Na ocasião, Santos protestou diante de uma pergunta do Ministério Público para a testemunha Marilza Marques, ex-funcionária da construtora OAS, responsável pelo edifício, e interrompeu o procurador três vezes. Moro advertiu o advogado informando que ele estava sendo “inconveniente”. “Doutor, o senhor está sendo inconveniente! Já foi indeferida sua questão, já está registrada e o senhor respeite o juízo!”, disse Moro.
Diante da insistência de Cirino, Moro voltou a interrompê-lo e alterou o tom de voz: “O senhor respeite, o senhor respeite o juízo!” O advogado, em outra audiência, classificou as perguntas de Moro como as “de um inquisidor, não de um juiz”.
Além do processo sobre o tríplex, Cirino atuava na defesa de Lula em outra ação, a que apura o aluguel de um apartamento vizinho ao que o petista mora em São Bernardo do Campo e a compra de um terreno em São Paulo para a sede do Instituto Lula – nos dois casos, a construtora Odebrecht teria atuado para beneficiar o ex-presidente. Lula diz que paga o aluguel do apartamento vizinho e que o terreno nunca foi usado pelo Instituto Lula.
(Reprodução)

Advogado não se matou no Congresso em protesto contra Temer
Notícia falsa diz que Adriano Navas, de 42 anos, protestava contra o presidente e a reforma da Previdência ao se jogar do 19º andar de prédio da Câmara
Por João Pedroso de Campos
Terça-feira 21 mar 2017, 20h25 - Atualizado em 21 mar 2017, 20h35
Os criadores de notícias falsas que circulam no submundo da internet nutrem o abominável costume de usar mortes como motes para suas lorotas. Foi assim quando a ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva morreu, por exemplo, e assim tem sido nos últimos dias, após a morte do advogado Adriano de Rezende Naves, de 42 anos.
Naves morreu na sexta-feira passada, 17, depois de cair do 19º andar do prédio da Câmara no Congresso Nacional, em Brasília. O trágico caso – que, ao que tudo indica, foi suicídio, de acordo com a Polícia Civil – motivou a manchete “Advogado se suicida no Congresso Nacional em protesto contra Temer”, propagada por sites como o Saúde Vida e Família, notório pela falta de credibilidade, e o Blasting News.
Depois de ponderar cinicamente que “preferimos não mencionar o nome em respeito a um pedido da família”, o texto inventa sem pudores:
“A polícia não disse se o advogado teria mesmo pulado ou se foi assassinado. No entanto, segundo relatos de testemunhas, que fizeram vídeos nas redes sociais, o homem teria feito um protesto contra o atual presidente da república, Michel Temer, do PMDB, além da reforma da previdência”.
As “testemunhas” citadas pela notícia falsa, contudo, foram inventadas. O delegado Rogério Rezende, da Polícia Civil do Distrito Federal, responsável pela investigação da morte de Naves, disse ao blog que “não existe testemunha de fato algum, as únicas testemunhas são as que acharam o corpo caído no espelho d’água [do Congresso]”.
“O que pode, talvez, ter um pouco de fundo político, é que ele estava desacreditado do país. Ele era inteligente, advogado de alto nível e estava triste com a situação econômica. Mas nada de Michel Temer, nem Dilma, nem nada”, relata o delegado.
De acordo com Rezende, a tese mais provável é mesmo a de que o advogado se suicidou, versão que poderá ser confirmada nos próximos dias, quando o Instituto de Criminalística emitir um laudo.
“Já ouvimos familiares, que disseram que ele apresentava quadro depressivo. Tomava remédios controlados e tinha suspendido a medicação por conta própria”, diz.
A Câmara dos Deputados afirma que Adriano de Rezende Naves não era funcionário da Casa e estava lá como visitante.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
A conversa mole sobre Mendes querer descartar provas da Lava Jato
O ministro deixou claro que são contaminadas as provas que são vazadas pelos órgãos investigador e acusador; querem é ignorar sua crítica correta
Por Reinaldo Azevedo
Quarta-feira, 22 mar 2017, 05h44 - Atualizado em 22 mar 2017, 06h55
“Ah, agora Gilmar Mendes quer anular as provas da Lava Jato que vazaram.” Trata-se, obviamente, de um exagero — em particular do Estadão, que deu o seguinte título na homepage da versão online: “Gilmar acusa PGR de crime e defende anulação de delações que vazaram”. Bem, é o que se chama “esquentar” a notícia para tentar torná-la ainda mais atraente.
Mas, afinal, o que disse o ministro nesse particular? Isto:
“[já propus] o descarte de material vazado, uma espécie de contaminação de provas colhidas licitamente, mas divulgadas ilicitamente (…). E acho que nós deveríamos considerar este aspecto”.
Vamos àquilo que o ministro disse no ano passado, ao seu contexto e à sua eventual aplicação no presente. Provas, delações ou testemunhos, vazados ou não, não serão descartados liminarmente por ninguém. Nem por Mendes. Algum disciplinamento há de haver, nascido ou de lei votada no Congresso ou de decisão do próprio STF. E, sim, defendo que se criem regras para isso.
Afirmar que o ministro quer descartar provas da Lava Jato que foram vazadas corresponde a ignorar o real debate. Mendes certamente se referia a vazamentos que são industriados pelo órgão investigador, pelo órgão acusador. O ministro não é ingênuo e sabe que a anulação de qualquer prova que vazasse levaria bandidos a tornar públicas evidências contra si mesmos para que não pudessem ser usadas em juízo. Ou ainda: a defesa de acusados poderia, ela mesma, vazar uma delação para que esta se inviabilizasse.
Parece haver um esforço para ignorar a crítica realmente feita pelo ministro. Seu alvo principal foi um crime cometido por procuradores da República, denunciado por Paula Cesarino Costa, ombudsman da Folha. Os valentes integrantes do MPF decidiram vazar nomes da “Lista de Janot” numa entrevista coletiva, mas concedia em off. Vale dizer: os jornalistas, com apuro ético duvidoso, assistiram em grupo ao cometimento de um crime grave e silenciaram. Isso é diferente, reitero, de um jornalista estabelecer uma relação com uma fonte.
E, sim, considero o óbvio: os jornalistas não têm o dever legal do sigilo. Mas acho eticamente inaceitável que silenciem, em pool, diante de um crime.
De todo modo, a imprensa tem costas largas, não é? Ela Wiecko, subprocuradora da República e representante da PGR na sessão, tentou livrar a cara de seus parceiros de MPF. Disse: “Uma coisa que me chama muito a atenção é o poder da mídia. Aqui, no caso, a ombudsman da Folha inclusive critica o próprio jornal. E é isso que vejo: a mídia estabelece o momento, eles fazem investigação, sim, ministro, têm acesso, não sei como, mas eles têm muitas informações e estabelecem o momento em que colocam essas notícias a público”.
E ouviu a resposta óbvia: “A mídia não estaria divulgando nomes se esses nomes não tivessem sido fornecidos. É muito claro! Não vou acreditar que a mídia teve acesso [à lista de Janot] a partir de uma sessão espírita, isso parece ser evidente”.
O ministro criticou também duramente o espalhafato da Operação Carne Fraca e a tomou como símbolo de que alguns órgãos de estado estão tentando instituir as próprias leis: “Um delegado decide fazer uma operação, a maior do Brasil, para investigar a situação da carne. Anuncia que todos nós estaríamos comendo carne podre e que o Brasil estava exportando para o mundo carne viciada. Por que fez isso? Porque, no quadro de debilidade da política, não há mais anteparos, perderam os freios. E não querem que se aprove a lei de abuso de autoridade”.
Alguém seria capaz de negar?

NO BLOG DO JOSIAS
Temer afasta suspeitos miúdos e adula graúdos
Josias de Souza
Quarta-feira, 22/03/2017 04:25
Na engrenagem aparelhada do Estado brasileiro, sempre que um servidor público é pilhado em atos de corrupção, deveria haver vergonha em pelo menos um gabinete de congressista ou de autoridade, que teria de explicar por que apadrinhou a nomeação de um desqualificado. Cada assalto feito no segundo ou no terceiro escalão tem sempre um cúmplice disfarçado no primeiro escalão. Entretanto, acima de um certo nível de poder, nenhuma cumplicidade justifica um rosto vermelhinho.
No escândalo da carne, o ministro Blairo Maggi obteve a concordância de Michel Temer para afastar os 33 servidores da pasta da Agricultura suspeitos de manter um relacionamento promíscuo com frigoríficos que deveriam fiscalizar. Maggi fez mais: abriu contra os servidores processos administrativos que podem resultar em demissão. O ministro fez pior: depois de enviar os suspeitos para o patíbulo do Diário Oficial, exibiu suas cabeças na vitrine da internet (veja a lista aqui).
O 7º nome da lista de execrados da Agricultura é o ex-superintendente da pasta no Paraná, Daniel Gonçalves Filho, um personagem que o ministro Osmar Serraglio (Justiça) chama de “grande chefe”. O 14º nome da relação é Gil Bueno de Magalhães, que substituiu Daniel Gonçalves na superintendência paranaense em 2016, sob o apadrinhamento de deputados do PP — entre eles o agora ministro Ricardo Barros (Saúde). Enquanto os afilhados são tratados na base do mata-e-esfola, os padrinhos fingem-se de mortos.
Em comunicado à imprensa, a pasta da Agricultura anotou que os 33 servidores foram “afastados em razão da investigação da Polícia Federal sobre supostas irregularidades em frigoríficos”. Se os crimes são supostos, a culpa é presumida. Ainda assim, optou-se pelo afastamento preventivo, acompanhado da abertura de processos administrativos. Nada poderia ser mais respeitoso com o contribuinte do que afastar a suspeição do exercício de funções públicas.
O acerto em relação aos suspeitos miúdos expõe o desacerto no trato com os suspeitos graúdos. No modelo criado por Michel Temer para proteger amigos em apuros, instituiu-se o afastamento em conta-gotas. Ministros investigados não devem nada a ninguém, muito menos explicações. Quando forem denunciados amargarão um afastamento temporário, conservando o salário e o foro privilegiado. Só depois de convertidos em réus pelo Supremo Tribunal Federal é que os ministros seriam enviados ao olho da rua.
Nos próximos dias, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, puxará o manto diáfano que esconde os podres da colaboração da Odebrecht. Em condições normais, haveria escândalo em gabinetes do Planalto e da Esplanada. Mas já está entendido que o cinismo é o mais próximo que o governo conseguirá chegar da honestidade.
Se a pasta da Justiça pode ser gerida por alguém cuja voz foi captada num grampo travando diálogo vadio com um sujeito que a PF chama de “líder de uma organização criminosa”, tudo é permitido. Inclusive tratar a plateia como cretina.

Fim do mundo da Odebrecht está virando festa
Josias de Souza
Quarta-feira, 22/03/2017 00:35
Finalmente, chegou ao gabinete do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, a lista de delatados da Odebrecht. Imaginou-se que, nesse estágio, a política brasileira estaria vivendo o fim do mundo. Assim era chamada a delação da Odebrecht: delação do fim do mundo. Verificou-se que, no Brasil, o fim do mundo é apenas mais uma etapa rumo ao insondável. No momento, tudo parece conspirar a favor dos suspeitos.
Repare no seguinte: faz uma semana que chegou ao Supremo Tribunal Federal essa documentação da Procuradoria-Geral da República com os depoimentos dos delatores e os pedidos de providências. E só agora o papelório chegou às mãos do ministro-relator. Alegou-se que era preciso digitalizar os documentos. Como assim? Fala sério! Em plena era da informática, no tempo do livro digital e do arquivo nas nuvens, a Procuradoria enviou ao Supremo dez caixas abarrotadas de papeis.
Inicia-se agora a fase dos inquéritos. Sabe Deus quanto tempo vai demorar. Depois virão as denúncias da Procuradoria. Que o Supremo demora, em média, mais de um ano e meio para analisar. Na sequência, virão as ações penais. No Supremo, elas costumam demorar tanto tempo para ser julgadas que não é incomum que terminem em prescrição. Por isso, os suspeitos transitam sobre o imenso tapete nacional como se nada tivesse sido descoberto sobre eles. Enviados ao inferno, dezenas de congressistas, ministros e governadores começam a perceber que o diabo não é mesmo tão feio quanto Rodrigo Janot tenta fazer crer.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 26/02/2024 - SEGUNDA-FEIRA