PRIMEIRA EDIÇÃO DE 23-10-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'
NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
DOMINGO, 23 DE OUTUBRO DE 2016
Com a prisão de Eduardo Cunha, a atual oposição ficou excitada com o suposto risco de o presidente Michel Temer virar alvo da Lava Jato e acabar destituído do cargo por decisão judicial. Mas, ainda que os fatos confirmassem a fantasia, Temer não seria processado: o art. 86 parágrafo 4º da Constituição protege o presidente da República de investigações de fatos ocorridos anteriormente ao seu mandato.
Na prática, qualquer alegação contra o presidente da República fica suspensa até que se conclua o seu mandato.
A ex-presidente Dilma ficou de fora do Petrolão porque a Lava Jato investiga roubo à Petrobras ocorrido durante a presidência de Lula.
Investigadores confirmaram que a Lava Jato se aproxima de Dilma, no caso da compra superfaturada da refinaria de Pasadena, nos EUA.
Se tivesse sido denunciado no Mensalão, Lula não poderia se esconder no art. 86 da Constituição: os fatos ocorreram durante sua presidência.
Cartas-padrão têm sido enviadas a parlamentares por sindicalistas adoradores de gastos públicos, protestando contra a PEC 241, que limita esse tipo de despesa. Sindicatos se locupletam dos gastos públicos, porque custam mais de R$ 3 bilhões por ano ao Tesouro Nacional. Mas, em vez de surtir efeito, a carta da pelegada contra a PEC 241 virou motivo de gozação: os textos são absolutamente iguais.
Além dos textos idênticos, a carta da pelegada nem sequer mostra preenchido o campo onde o remetente deveria ser identificado.
Na carta, onde se lê “STR......”, as antas só precisavam preencher o nome do próprio sindicato nas linhas pontilhadas, mas não o fizeram.
O imposto sindical renderá R$ 3,5 bilhões à pelegada, em 2016. Tudo pago exclusivamente pelos contribuintes de carteira assinada.
O policial do Senado, Geraldo Oliveira revelou em seu depoimento que Gleisi Hoffmann (PT) avisou que não voltaria para casa sem varredura. Ela achava que a PF havia “plantado” escutas em sua casa, após a operação que prendeu seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo.
A coisa anda tão ruim que nas redes sociais o PT agora usa frases em inglês (#standwithlula, algo como “junto com Lula”), para exortar os estrangeiros a acreditar na lorota de “perseguição” ao ex-presidente.
O estudo “Justiça em Números”, do Conselho Nacional de Justiça, revela que a média de salários de juízes da Justiça Estadual é de R$ 49 mil por mês. A média de juízes federais é de R$ 38 mil mensais.
Humberto Costa (PT-PE) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) usaram cota de passagens, pagas pelo contribuinte, para paparicar Lula, o réu, logo após a denúncia apresentada contra ele na Lava Jato.
O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) está convencido de que a proposta que limita os gastos públicos passará com folga no Senado. “Equilibrar as contas publicas é antes de tudo questão ética”, afirma.
No bate-boca do impeachment, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) recomendou exame antidoping do colega Lindbergh Farias (PT-RJ), que parecia muito excitado. Ao ser denunciado por isso ao Conselho de Ética, Caiado não perdeu a verve: “Isso não está cheirando bem...”
No Rio Grande do Norte, fracassou a candidatura a vereador de Rochinha, namorado de Dani Cunha, filha do ex-deputado cassado Eduardo Cunha. O rapaz não chegou nem a 3 mil votos.
Ex-ministro de Lula condenado duas vezes por roubar o País, José Dirceu alegou ao juiz Sérgio Moro que sua família enfrenta dificuldades financeiras. É de se imaginar a situação das pobres vítimas do afano...
O que vai vender mais, no Carnaval, máscaras do juiz Sérgio Moro ou do “policial hipster” que prendeu Eduardo Cunha?
NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Milagres Manuscritos
Crivella jura que Lula consegue desenhar cartas
Por: Augusto Nunes
Domingo, 23/10/2016 às 2:19
“Recorri ao inesquecível presidente Lula, que Deus o abençoe e salve sua alma, nosso grande presidente, e ele disse: ‘Como é que eu posso ajudar, Crivella?’. E eu falei: ‘Presidente, me dá uma carta sua, me apresentando aos presidentes destes países onde as igrejas estão com problemas. E ele me deu! Ele escreveu cartas! Com a mão! Ele dizia assim: ‘Ô, presidente. Olha, presidente’ — por exemplo, de Barbados, onde tinha uma igreja onde os pastores estavam sendo expulsos — ’em nome das boas relações entre o Brasil e a sua nação, peço que atenda o senador. É meu amigo. E vejo a situação dos brasileiros que aí se encontram’. E os presidentes me receberam”. (Marcelo Crivella, candidato do PRB à prefeitura do Rio de Janeiro, em vídeo publicado nesta sexta-feira, 21, pelo O Globo, surpreendendo o mundo com a informação de que existem mais do que três manuscritos escritos por Lula)
NO BLOG DO JOSIAS
Temer alista seu governo na infantaria de Renan
Josias de Souza
Domingo, 23/10/2016 05:06
Às favas a lógica com o caso da Polícia Legislativa do Senado. Sob Renan Calheiros, montou-se nos porões do Poder Legislativo um departamento de bisbilhotagem. Com verba pública, adquiriram-se equipamentos de inteligência capazes de fazer e desfazer grampos e escutas ambientais. Às custas do contribuinte, policiais legislativos foram mobilizados para proteger senadores suspeitos de assaltar o Estado. Realizaram-se varreduras de escutas em gabinetes, residências funcionais e imóveis particulares — em Brasília e alhures. E Renan, em vez de ficar constrangido, está irritado.
Pilhado numa investigação de mostruário — nascida de uma delação, executada pela Polícia Federal, sob supervisão do Ministério Público Federal e com a anuência do Poder Judiciário —, o Senado reagiu com uma nota oficial assinada por seu presidente. Nela, Renan Calheiros defende as ações de quatro policiais legislativos presos e demarca o seu terreno: “As instituições, assim como o Senado Federal, devem guardar os limites de suas atribuições legais.” Beleza. Mas faltou responder: quem zelará pelo interesse público quando o Senado for utilizado como biombo para ilegalidades?
Depois de emitir a nota, Renan dedicou-se a uma de suas especialidades: a retaliação. Borrifou ameaças no ar. Fez saber ao Planalto que não gostou da entrevista na qual o ministro Alexandre Moraes (Justiça) justificou a operação montada para deter as extrapolações dos policiais legislativos. E voltou a brandir o projeto que pune os chamados abusos de autoridade. Renan faz dessa proposta uma espécie de espada multiuso. Ora espeta os procuradores da força-tarefa da Lava Jato ora cutuca Sergio Moro. Revela-se capaz de tudo, menos de um autoexame que o faça enxergar seus próprios abusos.
De repente, numa subversão da lógica, o Planalto deflagrou uma articulação para acalmar Renan. Coordenador político do governo, o ministro Geddel Vieira Lima tocou o telefone para o senador. O próprio Michel Temer adulou Renan com um telefonema. Antes, enquadrou o ministro da Justiça, convocando-o em pleno sábado para prestar informações sobre a operação em que a Polícia Federal, munida de cinco mandados judiciais de busca e apreensão e quatro ordens de prisão, recolheu equipamentos de espionagem do Senado e prendeu quatro policiais legislativos, entre eles o diretor da Polícia do Senado, Paulo Ivo Bosco Silva, homem de confiança de Renan.
Num par de telefonemas, o governo Michel Temer atravessou a Praça dos Três Poderes para se alistar na infantaria que, sob Renan Calheiros, é acusada de obstruir investigações que alvejam personagens como Fernando Collor, José Sarney, Edison Lobão Filho e Gleisi Hoffmann. O Planalto reforça seu alinhamento com Renan num instante em que a Lava Jato arromba o principal armário do imperador de Alagoas: a Transpetro.
O delator Felipe Rocha Parente, que se apresenta como entregador de propinas, revela aos investigadores os caminhos que a verba suja percorreu para migrar da subsidiária da Petrobras para os bolsos de pajés do PMDB. Estima-se que escoaram por esse duto pelo menos R$ 100 milhões em 12 anos. Desse total, Renan apropriou-se de R$ 32 milhões, informou outro delator, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
Compreende-se a irritação de Renan. Ele tem 32 milhões de motivos para espumar de raiva. Quem conhece o senador sabe: é nos instantes em que está fora de si que ele mostra o que tem por dentro. O que parece incompreensível é o esforço que o governo empreende para demonstrar que é parte do problema. Não há governabilidade que justifique o erro político de reforçar a impressão de que Renan manda porque pode e o presidente da República obedece porque tem juízo. Dilma Rousseff mantinha com Lula um relacionamento do mesmo tipo. Deu em Michel Temer.
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