SEGUNDA EDIÇÃO DE 27-9-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DA ELIANE CANTANHÊDE
(ESTADÃO)
‘Mundo de Sombras’
O céu era o limite para Antonio Palocci Filho, mas, na versão do juiz Sérgio Moro, ele preferiu esgueirar-se por um “mundo de sombras que encobre sua atividade”, atirar-se no colo da empreiteira Odebrecht, fazer as maiores tramoias e reunir somas inimagináveis sob o pretexto da eternização do PT no poder. Palocci poderia ser tudo, mas acaba como um triste troféu de luxo entre os presos da Lava Jato
Eliane Cantanhêde
Terça-feira, 27 Setembro 2016 | 03h00
Tivesse mantido a aura de médico sanitarista, prefeito bem-sucedido de Ribeirão Preto (SP) e ás do diálogo e da composição, Palocci teria todas as condições para disputar a sucessão de Lula em 2010. Tinha um patrimônio pessoal: sólidas relações em três mundos cada vez mais embolados, o político, o empresarial e o financeiro. E tinha um patrimônio herdado de Lula: o crescimento econômico de 7,5% naquele ano. 
Seria imbatível dentro do governo, da base aliada e do próprio PT, já que José Dirceu tinha a máquina do partido, mas jamais foi próximo o suficiente de Lula para ser lançado por ele à Presidência e começou a balançar já no início da era petista, quando seu braço direito, Waldomiro Diniz, foi flagrado pedindo propina... a um bicheiro. Dirceu foi afundando até ser tragado pelo Mensalão. Quanto mais ele submergia, mais Palocci emergia. 
Dirceu caiu da Casa Civil de Lula em junho de 2005 e Palocci caiu da Fazenda menos de um ano depois, metido numa casa suspeita no bairro mais rico de Brasília e em figurinos bem diferentes do jaleco do médico do bem, cara bonachão, maridão exemplar, político acima de qualquer suspeita. Segundo o caseiro Francenildo Pereira, a tal casa era usada para orgias à noite e para acomodar pastas de dinheiro durante o dia.
O destino ainda deu uma segunda chance a Palocci. Por intermédio de Lula, virou o cérebro da campanha de Dilma Rousseff, caiu nas graças dela e voltou por cima a Brasília: do antigo Ministério da Fazenda, subiu para a chefia da Casa Civil, no Planalto. Mas ele desabou de novo, agora sob o peso de contas milionárias, empresas mal explicadas e negócios esquisitos que, tantos anos depois, continuam vagando como fantasmas – dele e do PT.
O “Italiano”, como Palocci é chamado nos e-mails da Odebrecht, deveria ser o guardião da economia nacional, mas cuidava era das contas milionárias do PT e era pau para toda obra da maior empreiteira do País. É suspeito de dar jeitinhos para ajustar regras de IPI numa Medida Provisória, favorecer a empresa no nebuloso negócio dos navios-sonda e mergulhar até no projeto de submarinos da Marinha, o Prosub. Como “é dando que se recebe”, Palocci é acusado pelos investigadores de dar uma força para a Odebrecht com uma das mãos e embolsar uma gorda porcentagem com a outra.
Lá atrás, com a queda de Dirceu e de Palocci em 2005 e 2006, Lula chegou a namorar a tese de um terceiro mandato, mas os amigos e o bom senso entraram em campo para dissuadi-lo dessa saída “bolivariana” e só restou para sua sucessão em 2010 o nome de Dilma, que não tinha a liderança política de Dirceu nem a habilidade pessoal e o trânsito de Palocci. Uma tragédia.
A vida não é feita de “se”, mas impossível não derivar para uma reflexão quando Palocci é preso pela Lava Jato: se fosse realmente grande, como se imaginava, ele poderia ter sido o candidato do PT à Presidência em 2010 e toda a história poderia ter sido muito diferente. Mas Palocci, segundo o despacho de Moro, preferiu usar as campanhas e os mais altos cargos da República para achacar empresários, fazer negócios escusos e amealhar a bagatela de R$ 128 milhões (fora os R$ 70 milhões ainda em investigação) para o PT. Moral da história: ao tentar eternizar o partido no poder, ele se transformou no oposto – em agente decisivo para ameaçar o PT de extermínio.

NO O ANTAGONISTA
​Presidente Sarney em último lugar
Brasil 27.09.16 10:09
O Estadão publicou um ranking de bem-estar urbano, elaborado pelo Observatório das Metrópoles, que aponta que a pior entre as piores cidades brasileiras chama-se Presidente Sarney, no Maranhão.
Lá tudo é inadequado: IDH de 0,555, renda per capita de R$ 170, não há abastecimento de água, saneamento básico, nem hospital. Um atraso.
Só o nome é adequado.
UTC na Câmara
Brasil 27.09.16 09:20
Teori Zavascki mandou Rodrigo Maia enviar para a PF dados sobre parlamentares, assessores e funcionários da Câmara que podem ter passado informações privilegiadas do TCU e da Comissão de Obras Irregulares da Casa para a UTC, de Ricardo Pessoa, informa o Estadão.
Segundo o MPF, a Câmara vinha dificultando o acesso da PF às informações.
No foco da operação está o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU, contratado pela UTC para obter as informações sigilosas para a empreiteira.
O setor de propinas do PT
Brasil 27.09.16 09:18
Andréia Sadi, da GloboNews, teve acesso aos depoimentos de Fernando Migliaccio, gerente do Setor de Propinas da Odebrecht.
De acordo com ele, Marcelo Odebrecht mandava entregar o dinheiro sujo diretamente a Antonio Palocci.
A mulher de João Santana reclamava de atrasos nos pagamentos de propina e dizia que procuraria Guido Mantega, a fim de cobrá-lo.
Em 2014, durante a campanha de Dilma Rousseff, Dona Xepa procurou Fernando Migliaccio. Ela estava preocupada com a Lava Jato e queria saber se ele havia depositado dinheiro da Odebrecht em sua conta no exterior.
Sim, o dinheiro havia sido depositado.
Lula: "Montei uma quadrilha, sim"
Brasil 27.09.16 08:50
Lula atacou Deltan Dallagnol num comício de Jandira Feghali:
"Não posso aceitar as ofensas de um menino procurador que diz que formei uma quadrilha. Montei uma quadrilha, sim, para tirar 36 milhões de pessoas da miséria. Uma quadrilha que criou 22 milhões de empregos formais, colocou milhões de pessoas na classe média".
E depois:
"Vejo nesses meninos procuradores esse ódio. Eu não prestei concurso, tenho diploma de torneiro mecânico. O concurso não mede caráter, ética. É como a carteira de motorista. Não é porque você tirou a carta que sabe dirigir".
O quadrilheiro Lula é incapaz de respeitar até mesmo as leis do trânsito.
Nada a acrescentar
Brasil 27.09.16 08:34
O mal-estar entre a PF e a PGR pode ser resumido da seguinte maneira: a PGR quer fechar um acordo com a Odebrecht, a PF responde que já reuniu todas as provas para condenar Lula e seus comparsas.
A essa altura, para a PF, não há mais nada que a Odebrecht possa acrescentar.

NO BLOG IMPLICANTE
Por acaso o PT queria que a Lava Jato parasse a cada 2 anos por causa das eleições?
Hoje mais cedo, publicamos uma coletânea desmentindo 10 mentiras narrativas dos últimos tempos. Horas depois, temos de desmentir mais uma. Não está fácil, mas sigamos adiante.
A bola (ou lorota) da vez é dizer que a Operação Lava Jato tem por objetivo atrapalhar o PT nas eleições. Já abordamos aqui um aspecto primordial de ser uma cascata da braba: o partido JÁ VAI MUITO MAL em praticamente todas as grandes cidades.
Como raios uma coisa serviria para “prejudicar” o que já está BEM PREJUDICADO? Pois é.
Mas claro que a explicação é menos superficial. Trata-se, mais uma vez, da famosa “narrativa”. Querem, com essa tese furada, fazer de conta que toda a investigação é inválida. Ao tratar como “política”, buscam invalidar o conteúdo jurídico – ao menos perante a opinião pública.
Um outro problema é que a Lava Jato já tem mais de dois anos e já estava a todo vapor nas eleições de 2014. Os investigadores e autoridades não têm culpa do tamanho do escândalo, tanto menos deveriam simplesmente parar de investigar a cada dois anos, por conta das eleições.
Só faltava mesmo essa.
Por fim, como se nota, o truque narrativo tem falhado miseravelmente. Melhor que assim seja.




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