SEGUNDA EDIÇÃO DE 30-8-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DA MÔNICA BERGAMO
Para PT, queda de Dilma é penúltimo passo antes de 'caçada final' a Lula
30/08/2016 02h00
O PT vive o impeachment de Dilma Rousseff como o penúltimo capítulo de uma saga que pode terminar com a condenação e até, no limite, com a prisão do ex-presidente Lula.
TROFÉU
Senadores do partido e interlocutores do petista faziam reservadamente essa análise. Depois da queda final da presidente, começará o que eles consideram uma tentativa de "caçada final" a Lula, para impedi-lo de concorrer à Presidência em 2018.
LEMBRETE
Repetem, assim, diagnóstico feito por José Dirceu quando foi condenado pelo Mensalão, em 2012. Ele dizia que seria o primeiro a cair, e que em seguida viriam Dilma e Lula. Reclamava que alertava o PT, mas que o partido não dava a menor bola.
NA GAVETA
Já senadores favoráveis a Michel Temer faziam previsões sobre o governo definitivo do interino. Uma delas é a de que ele não enviará ao Congresso a reforma da Previdência, com proposta de idade mínima de aposentadoria, antes das eleições.
BARRIGA
Os senadores do PP diziam já ter conversado com o próprio Temer sobre o tema. Cerca de cem deputados, diziam, são candidatos a prefeito. Se o governo enviar ao Congresso a reforma da Previdência, eles serão obrigados a se posicionar. Se apoiarem, correm o risco de perder a eleição. Melhor então deixar para depois.
CUCA CHEIA
"Ninguém vai ter cabeça aqui no Congresso para discutir esse assunto, em pleno período eleitoral", admitia o senador Romero Jucá (PMDB-RR), um dos mais próximos de Temer. "Seria um tiro no pé", dizia Garibaldi Alves (PMDB-RN), ex-ministro da Previdência.
NA FILA
E Garibaldi Alves, que dizia votar pelo impeachment porque nunca foi recebido por Dilma Rousseff em audiência, já foi recebido por Temer? "Pior é que não", admitia o senador.
CALENDÁRIO
Temer vai visitar a Argentina no dia 3 de outubro.
Já a viagem a Xangai foi transferida da noite desta terça (30) para a manhã de quarta (31).
EXCLUSIVA
Marta Suplicy (PMDB-SP) vai se licenciar do Senado em setembro, para se dedicar às eleições em São Paulo.
MÃO DUPLA
A empresa dona do ônibus envolvido no acidente na rodovia Mogi-Bertioga que deixou 18 mortos em junho assinou um acordo para o pagamento de indenizações e para assistência de saúde aos 17 sobreviventes e aos parentes dos 18 passageiros mortos. O TAC (termo de ajustamento de conduta) foi firmado pela União do Litoral Transporte e Turismo com a Defensoria Pública do Estado de SP.
MÃO DUPLA 2
Vítimas e famílias têm liberdade para aderir ao TAC, que pode evitar ações na Justiça. A empresa ainda vai investir R$ 80 mil na reforma de uma creche em São Sebastião.
(...)

NO BLOG DO NOBLAT
Governo conta com 61 votos para aprovar o impeachment
30/08/2016 - 04h05
Ricardo Noblat
O presidente interino Michel Temer foi dormir, ontem, sossegado depois de fazer e refazer as contas sobre o número de votos favoráveis e contrários no Senado à aprovação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Se não houver traições, 61 votos cassarão o mandato de Dilma e seus direitos políticos por oito anos.
Bem, poderão ser 62 votos caso Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, decida votar pela primeira vez. Por ora, só Renan e Temer sabem se Renan votará ou não, mas não contam a ninguém. Fernando Collor (PTC-AL) é tido como voto certo a favor do impeachment. Assim como Hélio José (PMDB-DF), que pareceu indeciso ao interrogar Dilma.
Aflição e alívio devem ter embalado o sono de Lula. Aflição porque ele acha que em breve poderá ser denunciado pelo Ministério Público Federal sob a acusação de ter ocultado patrimônio – o tríplex do Guarujá e o sítio de Atibaia, os dois em São Paulo. E sabe que se isso acontecer acabará condenado pelo juiz Sérgio Moro.
O alívio de Lula tem a ver com a certeza compartilhada por ele com senadores do PT e a direção do partido de que o destino de Dilma está selado. Em breve, ela voará para Porto Alegre e, ali, se recolherá. De há muito que Lula está convencido de que o PT só tem a ganhar com isso, e ele também. Dilma virou um estorvo.
É um estorvo desde meados de 2014 quando não abdicou da reeleição para que Lula pudesse ser candidato com Eduardo Campos, então governador de Pernambuco, de vice. Virou um estorvo gigantesco quando não soube enfrentar a crise da economia a partir do ano seguinte. Dela derivou a crise política responsável por seu afastamento do cargo.
O pior dos mundos para Lula e o PT seria, ao fim e ao cabo, a permanência de Dilma no poder. Eles não poderiam simplesmente abandoná-la. Mas continuariam sujeitos às suas decisões desastrosas. De resto, estão convencidos de que ela não seria capaz de reconquistar apoios para governar. E o partido chegaria em 2018 em piores condições do que está.
Melhor que fique nas costas de Temer a herança maldita legada por Dilma. Melhor que Lula e o PT possam passar imediatamente para a oposição ao governo. Se dependesse de Lula, Dilma não teria se ocupado tanto com questões técnicas como o fez no confronto com os senadores. Ele gostou do discurso lido por ela, mas do resto, não.
Mas a culpa é dele – e Lula o reconhece em conversas com amigos. Ele inventou uma criatura que pensou controlar. Ela escapou ao seu controle.

NA COLUNA DO ARNALDO JABOR
O Dia D de Dilma
Estou no passado, amigos leitores, mas o discurso de Dilma deve ter sido algo mais ou menos assim
Eu vos escrevo do passado. Hoje é o dia D de Dilma. Como terá sido o discurso de Dilma no Senado? Bem, fazer “mea-culpa” nem pensar. Eu a entendo. Ninguém sai na rua ou vai ao Senado para bater no peito e dizer: “Eu sou um (a) incompetente, eu sou responsável pela quebra do País!” Tudo bem, mas a autocrítica era um hábito recorrente durante aquele ex-socialismo que ainda viceja nas cabeças petistas. Lembro-me da hilariante autocrítica de um alto dirigente chinês durante a Revolução Cultural: “Eu sou um cão imperialista, eu sou o verme dos arrozais!...”
E, como estou no domingo passado, me pergunto: como terá sido o discurso? Sem dúvida Dilma falou com sinceridade total (não é ironia), falou de sua alma revolucionária.
O discurso de Dilma é para ela mesma. Para se convencer fundamente de que não cometeu erro algum. Vocês já viram. Eu imagino:
“Começo dizendo que minha consciência está em paz. Quando entrei em 2010, o Brasil estava ameaçado por ideologias reacionárias: a socialdemocracia, o neoliberalismo, mas eu restaurei o essencial: a luta contra o imperialismo norte-americano, contra a desnacionalização de nossas riquezas, contra essa sociedade de empresários irresponsáveis e também contra o lucro. Fiz o fundamental: coloquei o Estado no topo, no centro de tudo, pois de lá emana a verdade para essa sociedade de ignorantes, essa classe média reacionária, como bem acusou nossa filósofa. O Brasil é tão frágil que só um grande Estado provedor pode proteger as massas nas lutas sociais que elas nem sabem que estão travando; mas eu sei, porque nós somos a consciência do povo.
“Sou acusada de ter dilapidado as contas do País, rompendo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Rompi, sim. Pois eu tive orgulho de usar o Estado e seu tesouro acumulado para estimular o consumo tão ansiado pelos pobres diabos, sim, mesmo que os cofres públicos tenham ficado vazios para investir. Populismo? Eu chamo de catequese, conquista de adeptos para o grande futuro que virá! Gasto público é vida! Eu não podia ficar aprisionada naquela leizinha de responsabilidade neoliberal que o FHC inventou. Fiz isso, sim, porque meus fins justificavam esse meio; o fim era garantir apoio para as próximas eleições do nosso PT, para ficarmos no poder deste País alienado até a chegada do futuro socialista.
“Eu fiz tudo certo. Distribuí cargos sem fim, dei verbas gordas para seus currais, nobres senadores. Fiz isso porque sei que às vezes é preciso praticar o mal para atingir o bem. Será que o Maquiavel disse isso?
“Eu sabia de tudo, eu sabia que a compra da refinaria de Pasadena ia ser um rombo pavoroso, confesso, mas como conseguir dinheiro para minha reeleição sem propinas? Propinas de esquerda, é claro. Por isso, fiz vista grossa, sim, quando aquele Cerveró me entregou uma página solta, com uma piscadinha do olhinho vesgo.
“Tenho orgulho de tudo que fiz. Menti na campanha, dizendo que não ia ter comida no prato do povo, menti nos bilhões que arranquei dos bancos para esconder o déficit público. Mas foram mentiras que chamo de “corrupção revolucionária”. Ahhh, esse meu povo, tão ignorante, desvalido. A miséria me fazia feliz. Explico: denunciar a miséria era um alívio para minha consciência. Desculpem a emoção (chora), mas há uma pureza doce na miséria que me comove muito (lágrimas). Mas nós do PT somos os sujeitos da História e, apesar de vossa injustiça contra nós, vamos construir o paraíso social.
“Meus fins uniram o País. Sim, uni vocês até mesmo contra mim, porque confundiram minha sutileza ideológica com incompetência, acharam que eu errava, sem saber que meu acerto era no futuro. Nunca errei. Não me arrependo de nada. Houve corrupção? Sim, mas adstrita a alguns elementos desonestos que traíram nossa missão. Dizem que roubamos; não, a palavra não é essa — é apenas a “desapropriação” de um tesouro comprometido com metas neoliberais... isso é que fizemos.
“É muito difícil desenvolver este País de merda, desculpem o termo. Por isso, temos de destruir o capitalismo por dentro, já que não dá mais pé uma revolução russa. Mesmo uma avacalhação é mais revolucionária — seria uma espécie de “esculhambação criativa” para arrasar administrações de direita.
“Foi isso que fez nosso líder Chávez, assassinado pelos imperialistas que lhe injetaram câncer no corpo e, depois que ele virou passarinho, passaram a roubar até os alimentos do povo, botando a culpa em nossos irmãos bolivarianos.
“Nosso povo também não sabe se governar. Por isso, digo, democracia clássica como? Para nós, ‘democracia’ sempre foi uma estratégia para tomada do poder. E não era hipocrisia; era dialética histórica. Tínhamos de apoiar a democracia burguesa para depois fazer o centralismo democrático que tanto usou nosso grande irmão Stalin, injustiçado por aqueles dois fascistas Kruschev e Gorbachev.
“Eu sou inocente, pura, não tenho dinheiro na Suíça, e toda minha paixão lancinante pelo povo brasileiro foi confundida com desonestidade e incompetência. As massas ainda vão sentir a minha falta, debaixo de um governo neoliberal que só pensa em contabilidade.
“Vocês hoje me baniram, mas vão se arrepender no futuro, pois o Brasil nasceu torto e nunca será consertado nem por Temer nem por ninguém.
“Arrependei-vos, fariseus do templo, pois, como disse a querida Gleisi Hoffmann: este Senado não tem moral para me julgar.
“Estou sofrendo um golpe. Sim, não adiantam rituais, votações; repito, sim, que é golpe, tramado por essas instituições de direita, como o STF, o Congresso, o Ministério Publico, a OAB, a Polícia Federal.
“Estou orgulhosa de mim. Como Getúlio, saio da presidência para entrar na História. E, para terminar, cito o líder maoista João Pedro Stédile, quando disse aos camponeses: ‘Tenham filhos — eles conhecerão o socialismo!’ E eu acrescento: Seus filhos vão respeitar minha imagem no futuro. Adeus!”
______

Estou no passado, amigos leitores, mas deve ter sido algo mais ou menos assim. Que acham?

NO O ANTAGONISTA
Brasil 30.08.16 09:49
Ricardo Lewandowski admite que pode suspender a sessão na noite de hoje, deixando a votação para a manhã desta quarta-feira.
Brasil 30.08.16 09:33
Recapitulamos como será o dia hoje:
- A sessão começará às 10h, com intervalo de uma hora a cada quatro horas...
Brasil 30.08.16 08:18
Com quantos votos Dilma Rousseff será condenada?
No Jogo do Bicho do Palácio do Planalto, ontem à noite, a única dúvida era Renan Calheiros...


NO BLOG ALERTA TOTAL
Terça-feira, 30 de agosto de 2016
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Não se conserta um desastre quando a dimensão da tragédia já se consumou - sobretudo no imaginário popular. Eis a lição que a teimosia e a falta de visão estratégica de Dilma Rousseff não permitirão que ela tire deste momento presente na História. O impeachment tornou-se inevitável porque a expectativa de poder migrou da Dilma afastada para o Michel Temer interino - mesmo que ele ainda soe como uma opção temerária e ainda não confiável para resolver graves problemas econômicos.
Dilma Rousseff não teria caído se tivesse governado com a qualidade, segurança, equilíbrio e eficiência com que atuou no histórico depoimento de 29 de agosto de 2016 ao Senado. Dilma foi melhor que o esperado em sua defesa contra o impeachment impossível de reverter. Ela perderá, definitivamente, a Presidência. Deve ganhar vários processos judiciais quando perder o foro privilegiado. Como prêmio de consolação no julgamento, Dilma bem que merecia um Oscar (melhor atriz, combinado com efeitos especiais). Dilma precisará da mesma resistência de ontem para suportar as broncas que logo virão contra ela - muito piores e mais graves que as pedaladinhas fiscais do impedimento.
Foi um belíssimo "Embromation Day"... Durante 15 horas, Dilma Rousseff repetiu um "mantra" que dificilmente será seguido pelos senadores pré-programados para condená-la. Dilma insistiu na tese o tempo todo: "Não se pode tirar do poder uma Presidente(a) eleita pelo voto direto sem a comprovação de um crime de responsabilidade". Apesar do esforço retórico da bem preparada defesa, e do trabalho aguerrido da tropa de choque do jardim de infância, o impeachment passará. Não adianta chorar. A expectativa de poder - sobretudo o econômico que influencia o político - favorece, no momento, Michel Temer. Depois, o jogo pode mudar... A dúvida persiste: até quando os 'peemedebostas' vão sobreviver à crise estrutural do Estado Capimunista brasileiro?
Pouco ou nada importou o que Dilma Rousseff disse em seu discurso ou em suas respostas aos senadores que julgam seu impeachment. Dilma, afastada da Presidência da República, já era im cadáver politicamente insepulto! Inegavelmente, a 'Presidanta' foi vítima do golpismo. Ela só não teve sinceridade nem honestidade intelectual para fazer a autocrítica de que o golpe foi dado por ela mesma contra si mesma. Dilma não caiu: derrubou-se! Claro que os corruptos do PT, PMDB e demais comparsas ajudaram... No entanto, a culpa de perder o poder é principalmente da arrogância dela.
Dilma não sobreviveu a si mesma, nem ao tsunami de corrupção que atingiu o PT e que ganhou amplitude midiática e popular graças aos movimentos de rua que foram habilmente instrumentalizados pela oposição ao regime nazicomunopetralha. A petelândia, que sempre se arvorou de ter a hegemonia das massas, perdeu a batalha comunicativa e política. A Lava Jato foi fatal. Lula acabou condenado previamente, passando de falso herói a grande vilão do Brasil. O desastre dele e do PT arrasou com a Dilma. O fracasso econômico completou o serviço.
O juízo final de Dilma recomeça às 10 horas de hoje no Senado. A previsão é que os trabalhos desta terça-feira avancem pela quarta-feira. De madrugada, a decisão fatal contra Dilma será tomada. O mínimo de 54 votos para detonar Dilma já está garantido. Assim que o Senado tirar o segundo mandato de Dilma, o sucessor Michel Temer assume imediatamente a Presidência da República.
O curioso e irônico é que, neste dia 31, como Temer já tem viagem programada para a reunião do G-20 na China, teremos outro Presidente interino: Rodrigo Maia - o sucessor do Eduardo Cunha que foi fundamental para degolar a Dilma. O Brasil deveria acabar com essa palhaçada de dupla-presidência nas viagens presidenciais ao exterior.
Mais palhaçada? Em São Paulo, a petelândia começa o dia bloqueando, com pneus queimados, todas as pistas das Marginais Tietê e Pinheiros. Ações básicas de terrorismo urbano conseguem parar a maior cidade do País no protesto contra o impeachment. Tudo feito de maneira profissional por militantes fanáticos. A Polícia, que estava de prontidão, foi lenta demais em reprimir os terroristas urbanos. Militantes do MTST botaram um caminhão de bombeiro para correr.
A baderna que não ocorreu no governo provisório de Temer tem tudo para se fortalecer a partir de agora, quando ele assume definitivamente. O terror vai se ampliar... Toda véspera de eleição é assim... Mas, agora, a queda de Dilma e a inevitável posse de Temer facilitam a radicalização do momento.
A esquerda segue em hegemonia no Brasil. Caso consiga se reinventar, o petismo, que agora está em desgraça, tem tudo para retomar o poder, futuramente.
(...)




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 26/02/2024 - SEGUNDA-FEIRA