SEGUNDA EDIÇÃO DE 23-8-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO O ANTAGONISTA
A Revolução do Banheiro
Por Mario Sabino
Segunda-feira, 22-8-2016
A grande revolução a ser feita no Brasil é a Revolução do Banheiro. Se os seus sentidos estão anestesiados, basta ir ao site do Instituto Trata Brasil, para verificar que o saneamento básico no País é uma catástrofe de proporções indianas:
-- Mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada;
-- Mais de 100 milhões de brasileiros não têm as suas casas ligadas a redes de esgoto;
-- Apenas 40% dos esgotos nacionais são tratados (no Norte, esse número cai para 14%; no Nordeste, para 29%).
Quanto tempo demoraria para universalizar o saneamento básico no Brasil: de vinte a trinta anos. Dinheiro? Quinhentos bilhões de reais. Parece muito, mas para conquistar 19 medalhas na Olimpíada do Cocô gastamos três bilhões. Se começássemos a fazer a coisa certa já -- e não começamos --, quase todas as pessoas da minha geração terão morrido antes que o cocô desapareça dos rios e praias urbanos. Para não falar do lixo industrial que aumenta exponencialmente a toxicidade do nosso excrementão fluvial e marítimo.
A Olimpíada do Cocô revelou ao mundo essa porcaria e, no entanto, é impressionante como continuamos a fingir que não é conosco. Quando velejadores se jogaram na Baía de Guanabara, para comemorar a conquista de medalha, apresentadores de TV entraram em êxtase, como se a imprudência dos atletas anulasse as análises de laboratório. O mesmo ocorreu com remadores na Lagoa Rodrigo de Freitas. A negação do cocô não é exclusividade carioca. É nacional. No Rio, contudo, é maravilhosa.
Em Paris, um dos lugares mais visitados pelas crianças são os Égouts. Você desce alguns degraus ao lado do Sena, perto da Torre Eiffel, e chega a um museu subterrâneo que mostra a evolução do saneamento básico na cidade. O cheirinho de Brasil já faz parte da decoração. No século XIX, quando eram bem menos extensos e mais fedorentos, os esgotos de Paris compuseram o cenário de "Os Miseráveis". Miseravelmente, as metrópoles brasileiras não contam nem mesmo com esgotos da época de Victor Hugo para ambientar um romance.
Precisamos fazer a Revolução do Banheiro para salvar os nossos rios, o nosso mar, a nossa gente e, quem sabe, produzir um Victor Hugo com um século e meio de atraso.
Brasil 23.08.16 10:22
A propósito da "Olimpíada da iniciativa privada", o procurador da República Leandro Mitidieri afirma que o uso de recursos públicos ultrapassa a casa dos bilhões...
Brasil 23.08.16 10:09
O Estadão informa que procuradores federais conduzem investigações a partir de indícios de corrupção e improbidade administrativa. No alvo, estão o Comitê Rio-2016 e agências públicas.
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A PF acredita que os vândalos que invadiram o Ministério do Desenvolvimento, ontem, também eram ladrões muito bem orientados, informa a Coluna do Estadão. Eles reviraram gavetas e armários, aparentemente em busca de documentos importantes.
Brasil 23.08.16 07:15
Gilmar Mendes investiu contra o MPF, por suspeitar que procuradores tenham vazado para a Veja a citação de Dias Toffoli por Léo Pinheiro. Gilmar chegou a dizer que o projeto das 10 medidas contra a corrupção avizinha-se do "terreno totalitário"...


NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Ricardo Noblat: O Último Ato de Dilma
A presidente deve celebrar a sorte de cair antes de novas delações que acabarão por comprometê-la
Por: Augusto Nunes 
23/08/2016 às 6:59
Publicado no Blog do Noblat
A partir da próxima semana, fora a jabuticaba, haverá outra coisa para chamarmos de nossa: a presidente da República afastada por um golpe que comparece ao último ato do seu julgamento para se defender diante de golpistas. Se for absolvida, dirá que derrotou o golpe. Se for condenada, dirá que foi vítima dele. Em seguida, embarcará para uma temporada de férias no exterior porque ninguém é de ferro.
A única invenção brasileira reconhecida em fóruns internacionais é a duplicata mercantil. Data da época em que Dom João VI transferiu para o Rio de Janeiro a sede do império português. Nem o avião é reconhecido como uma invenção do brasileiro Santos Dumont que morava em Paris e que, ali, fez sua geringonça decolar pela primeira vez no início do século passado.
Na verdade, não há registro confiável de que a jabuticaba tenha primeiro brotado aqui antes de se espalhar por outros países de clima tropical. De forma tal que a presidente, capaz de acreditar na força dos seus argumentos para convencer os golpistas a não golpeá-la, poderá, e com justa razão, passar, sim, à História da política universal como algo originalmente brasileiro.
Não só a presidente. Também o golpe transmitido pela televisão e comandado no seu desfecho pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de Justiça do País. Previsto na Constituição que a presidente jurou defender, o golpe é chamado ali de impeachment, e serve para destituir do poder o governante que tenha cometido crime de responsabilidade.
Dilma acha que não cometeu crime algum. E para abortar o golpe, valeu-se de todos os recursos lícitos e ilícitos. Empenhada em preservar o mandato e seus direitos políticos, bateu à porta da Justiça algumas dezenas de vezes, sem sucesso. E também sem sucesso à porta de deputados e senadores oferecendo cargos, liberação de dinheiro para obras públicas e outras vantagens.
Poderia não ter feito nada disso uma vez que se tratava de um golpe, não de um processo de impeachment regulado pela Constituição e acompanhado de perto pela Justiça. Debitemos tamanho equívoco, porém, à sua ingenuidade. Deve ter imaginado que seria possível vencer o golpe participando ativamente de todas as suas fases. Não estava só.
Procederam igualmente assim todos os que a apoiam. Sua ida ao Senado, para depor e ser interrogada pelos senadores investidos da condição de juízes, será a prova definitiva para quem ainda carecia de alguma de que Dilma jamais foi alvo de um golpe. Como Fernando Collor não foi.
Como Itamar Franco e Fernando Henrique não teriam sido, tantas foram as vezes que o PT quis derrubá-los pela mesma via usada para se derrubar Dilma agora. Collor caiu sob a suspeita de ser corrupto. Depois foi absolvido pelo Supremo, voltou à política e aliou-se a Lula e a Dilma. Está sendo investigado pela Lava-Jato sob a suspeita de ser corrupto.
Dilma cairá porque desrespeitou a Lei Fiscal e gastou muito além do que estava autorizada a gastar pelo Congresso. Deve celebrar a sorte de cair antes de novas delações que acabarão por comprometê-la. Na raiz da queda de Collor e de Dilma está a perda de apoio político para que seguissem governando.
Perderam apoio porque infelicitaram o País a tal ponto que as ruas se voltaram contra eles e, sob o ronco delas, os partidos. Demos graças a uma democracia tão repleta de defeitos como a nossa, mas mesmo assim capaz de garantir pelo voto a troca de governantes.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Terça-feira, 23 de agosto de 2016
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Pouco importa, na prática, se Dilma vai xingar "traidores" ou se vai renunciar ou não na sessão do dia 29, no Senado. O impeachment dela é fava contada. Agora, quem precisa de salvação é Michel Temer. A dele depende mais da melhora na economia que da boa condução política. Provavelmente no dia 30, quando Dilma estiver definitivamente fora do poder, Temer fará um pronunciamento rápido à Nação. Fará suas promessas imediatas para sobrevivência. Sabe que seu destino depende do tal "deus" mercado...
Temer reza para que as taxas de juros do mercado futuro, que servem de parâmetro para a formação do custo do dinheiro, permaneçam em queda. Também sonha que os bancos destravem o crédito, antes que o Banco Central promova a sempre esperada redução na taxa básica de juros. O que joga contra os sonhos imediatos de Temer é o altíssimo desemprego - que agora assume a terrível feição de eliminação de postos de trabalho, cujo efeito é mais prejudicial que a mera demissão.
Temer vai focar sua ação inicial na complicada aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional que fixa um teto para os gastos públicos. Renegociar as dívidas dos Estados e grandes municípios, do jeito que for possível, é outra urgência urgentíssima de Temer. Ao mesmo tempo, o "velho-novo" 'Presidento' vai acelerar o programa de privatizações e concessões, para atrair o capital estrangeiro para lucrar muito além dos nossos juros altíssimos. Ainda não se sabe se a viagem de mascate à China Capimunista renderá bons frutos. O que vai dar mais dor de cabeça a Temer será a tal reforma da Previdência - que só prejudica o contribuinte do INSS.
Temer não tem outro jeito. Terá de insistir no adiamento da votação de propostas de reajustes salariais para servidores públicos. Não que ele não queira fica numa boa com o funcionalismo. O caixa da União simplesmente não aguenta. Entre "falir" e aturar "oposição", Temer prefere, pragmaticamente, a segunda hipótese. A massa afetada tem alto poder de pressão para paralisar o governo. Entre as categorias com reposição em análise no Legislativo estão os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Procuradoria-geral da República (PGR), Defensoria Pública da União (DPU), servidores da Receita, e Polícias Federal e Rodoviária.
O maior cagaço do PMDB no poder é que o movimento do governo Temer em adiar os reajustes desagradou a magistrados, que vão se beneficiar da elevação dos subsídios dos ministros do STF — teto remuneratório do funcionalismo —, de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil. Ninguém mais que os 'peemedebostas' temem o aprofundamento da ira no Judiciário. Ainda mais com uma centena de políticos na mira dos togados.
Por tudo isso, mesmo com Temer assumindo a Presidência definitivamente, a situação de seu governo permanece muito instável. A economia não dará respostas positivas imediatamente. A boa expectativa do mercado nunca é um bem confiável para os políticos. O humor muda a qualquer decisão ou notícia que mexa com o sagrado lucro fácil dos rentistas. Por isso, não basta Temer acender velas para o "deus" mercado.
Se a equipe econômica não promover mudanças de fato e imediatas, Temer vai para o saco de lixo da História tão ou mais depressa que a Dilma.
Obrigado, Amigo Supremo...
Em situação mais delicada que o Temer só o José Dias Toffoli - midiaticamente suspeito de ter sido beneficiado por uma obra caseira feita pela empreiteira OAS.
Se o jovem supremo ministro não processar a revista Veja imediatamente, logo será candidato a um inédito impedimento de "deus" do STF, fora de um regime explícito de ditadura...
Nesses tempos de guerra de todos contra todos, Toffoli pode ser transformado em mais um bode expiatório para poupar outros, supostamente, tão ou mais problemáticos que ele...
(...)


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