DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
27 DE AGOSTO DE 2015
Forte candidato a extinção na reforma ministerial da crise, o Ministério da Pesca e Aquicultura tem cadastrados quase 1,2 milhão de pescadores artesanais que já receberam mais de R$ 8,3 bilhões desde 2011. O curioso é que em 2003 eram 230 mil pescadores no Brasil, em 2009 o número já havia pulado para 730 mil, volume que quase dobrou nos últimos seis anos. Mas a produção da pesca tem tendência a cair.
A Transparência do governo mostra pescadores que receberam, em 2013, dinheiro relativo ao período do defeso observado em 1999.
Em 2013, o Brasil produziu 2 milhões de toneladas de peixe, com o crescimento da produção estagnado e dependente da aquicultura.
Alvo de fraudes constantes, o MPA chamou 24 mil beneficiários para recadastramento só no Maranhão, estado do ministro Helder Barbalho.
Nos extremos, há pescadores que receberam R$ 30 mil desde 2011 e outros tiveram que restituir mais de R$ 10 mil recebidos indevidamente.
Por ora, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pode respirar aliviado. Ao menos sete partidos declinam da ideia de oficializar o pedido de afastamento dele da Presidência da Câmara dos Deputados. A orientação é esperar o Supremo Tribunal Federal decidir se aceita ou não a denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Cunha é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato.
PSDB, DEM, SD e PSC estão fechados com Cunha. A oposição conta com o deputado para manter o “sangramento” do governo Dilma.
O PDT se reuniu nesta terça (25) para deliberar sobre o assunto. Rachado, o partido ainda não deve formalizar apoio pelo afastamento.
Nem o PT vai oficializar nada antes de o STF se pronunciar. A ordem veio de Lula e foi repassada pelo presidente do partido, Rui Falcão.
O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) afirma que o impeachment de Dilma retirou os restaurantes de Brasília da crise econômica. “Nunca os deputados e senadores se reuniram tanto para conspirar”, ironiza.
Na Comissão Mista de Orçamento, o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA) arrancou risadas ao oferecer lenço para a presidente do colegiado, Rose de Freitas (PMDB-ES): “(Porque) a senhora chora demais”.
A presidente Dilma escolheu a dedo quem não iria anunciar o corte na Esplanada. O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) pulou fora: ele já é detestado o bastante para ter que dar a (má) notícia aos aliados.
Cotado para ser demitido na reforma, o ministro Henrique Alves (Turismo) foi apelidado na Esplanada de “prefeito de Natal”: ele vive na capital potiguar distribuindo ações e benesses com ajuda do ministério.
John Pierson e John Lopes, diretores da Lockheed Martin, maior empresa de defesa e inovação do mundo, confirmaram investimentos no Brasil aos ministros Armando Monteiro (Desenvolvimento) e Jaques Wagner (Defesa), incluindo um centro de tecnologia em Pernambuco.
O PDT do Senado está rachado: Acir Gurgacz (PR), Telmário Mota (RR) e Zezé Perrella (MG) sempre votam com o Planalto. Reguffe (DF), Cristovam Buarque (DF) e Lasier Martins (RS) são contra o governo.
Contradizendo o vice-presidente Michel Temer, José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, diz que o peemedebista segue na articulação política. Na segunda-feira (24), Temer anunciou que não vai mais se meter nas negociações sobre as emendas parlamentares.
Quem sorri para as paredes é o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil). Ele acha que o afastamento de Michel Temer da articulação política é uma vitória pessoal dele, cuja atuação boicotou todo o tempo.
...Dilma deveria ser inserida no cadastro de proteção ao crédito: ainda está devendo tudo que prometeu durante a campanha.

NO O ANTAGONISTA
Brasil 27.08.15 05:45 Comentários (26)
Aécio Neves e Geraldo Alckmin estão em guerra.
Josias de Souza: "O PSDB vive em dois universos. No oficial, os líderes tucanos jamais discutem. No paralelo, eles quase nem se falam. Quando conversam, se desentendem falando o mesmo idioma"...
Brasil 27.08.15 05:23 Comentários (6)
Alberto Youssef anunciou que um novo delator vai esclarecer a propina de dois milhões de reais que Dilma Rousseff recebeu de Antonio Palocci.
A imprensa está tentando descobrir quem é o novo delator. Ontem à tarde, o Estadão disse que se tratava de Fernando Baiano. O Globo suspeitou que fosse o laranja de Pedro Corrêa. O Antagonista ouviu que pode ser o próprio Pedro Corrêa. ..
Poupa tempo
Brasil 27.08.15 04:22 Comentários (4)
A coluna Painel, da Folha de S. Paulo, relata que "ministros do STF e o Palácio do Planalto reagiram com perplexidade diante da abertura da ação de cassação de mandato contra Dilma Rousseff pelo TSE.
Ministros do Supremo que não atuam na Justiça Eleitoral avaliaram que a fragilidade política de Dilma é 'sem precedentes'”.
Brasil 27.08.15 04:16 Comentários (3)
Dilma Rousseff, segundo a Folha de S. Paulo, “foi pega de surpresa” pelo TSE.
Ela "contava" com o pedido de vista da ministra Luciana Lóssio para conseguir barrar as investigações sobre o dinheiro sujo de sua campanha...
Brasil 26.08.15 23:42 Comentários (3)
O PSDB voltou à sua posição anterior: se o PMDB pedir o impeachment, irá junto. Mas desistiu de tentar mover a engrenagem. Aposta que o TSE cassará o mandato de Dilma Rousseff e, consequentemente, o de Michel Temer.
Quem sabe, na semana que vem, os tucanos mudam de opinião outra vez, para depois retornarem ao estado presente, uma parte deles, quer dizer, e assim por diante, com o PMDB também adiando o que se julgava inevitável, mas que pode não ser bem assim, muito pelo contrário.
Pobre Brasil.
Brasil 26.08.15 22:31 Comentários (19)
Depois de ser aprovada na CCJ, a recondução de Rodrigo Janot foi para votação secreta no plenário do Senado. O procurador-geral obteve 59 votos a favor. Doze senadores votaram contra, um se absteve...
Economia 26.08.15 22:09
Com exceção da presidente Dilma Rousseff, que descobriu agora, todos já sabem que fechou o tempo na economia brasileira. Mas, se você está assustado com as nuvens negras sobre a cabeça, não se preocupe: ainda vai piorar. Para a Moody’s, o granizo ainda nem começou a cair. A agência de classificação de risco afirma que as condições econômicas vão se deteriorar “substancialmente” entre 2015 e 2016. Além disso, o custo da dívida pública vai crescer nos próximos anos. Em 2018, deve chegar a 70% do PIB. Alguém, por favor, avisa a Dilma para levar uma sombrinha quando sair?
Brasil 26.08.15 21:37 Comentários (70)
O Antagonista, sempre insatisfeito, foi atrás para saber quem é a patroa da doméstica Ângela Maria, usada como laranja para receber R$ 1,6 milhão da campanha de Dilma. A patroa se chama Juliana Cristina Dini, que vem a ser irmã de Flávio Augusto Dini. Os dois herdaram do pai a empresa de sacos de lixo Izzoplast...
Brasil 26.08.15 20:56 Comentários (48)
Aproveitando a aprovação de Janot na CCJ, o Antagonista reforça aqui a cobrança por uma investigação urgente sobre as contas de Dilma Rousseff. O Globo encontrou Ângela Maria do Nascimento, que consta como beneficiária de R$ 1,6 milhão da campanha da petista.
Ângela é doméstica, vive de aluguel na periferia de Sorocaba, nunca foi empresária e sua participação política se restringiu à montagem de cavaletes de madeira com a cara-de-pau de Dilma e outros petistas idôneos como Lindbergh Farias, Cândido Vaccarezza, Devanir Ribeiro, entre outros. Pela tarefa, ganhou R$ 2 mil por mês...
A doméstica foi colocada de laranja da dona da Embalac, outra empresa com cara de fachada para desvios do PT.
Brasil 26.08.15 19:20 Comentários (89)
O Globo informa que a PGR cancelou o acordo de delação premiada de Ivan Vernon. A informação teria sido repassada pelo procurador Bruno Calabrich à defesa do ex-assessor de Pedro Corrêa.
A delação de Vernon estava sendo associada pela imprensa à investigação sobre os R$ 2 milhões de pixulecos para a campanha de Dilma - intermediados por Palocci...
Brasil 26.08.15 19:10 Comentários (14)
Alexandre Romano diz que seu contato na Politec para o esquema de repasses dos pixulecos foi Helio Santos Oliveira, como já revelamos aqui. Uma consulta à "Lista Negra" da CGU indica que Hélio está impedido de contratar com o poder público desde 05/12/2014. O bloqueio é até 2019. Não há dúvidas de que ele fez algo errado, certo?
Brasil 26.08.15 18:45 Comentários (43)
Até ser vendida para os espanhóis no final de 2011, a Politec faturou em contratos com o governo federal aproximadamente R$ 450 milhões. Apesar do negócio ter sido fechado em 2011, o controle efetivo de todo o grupo de TI só passou aos espanhóis em 2012, ano em que a Politec embolsou mais R$ 28 milhões. De 2013 até hoje, foram mais R$ 100 milhões...
Brasil 26.08.15 18:01 Comentários (24)
A PF apreendeu uma série de notas fiscais emitidas pela Politec para justificar a entrada de propina da Consist. Em seu depoimento, Alexandre Romano disse desconhecer "quaisquer serviços prestados pela Politec à Consist"...
Brasil 26.08.15 17:30 Comentários (27)
Alexandre Romano, que distribuía a propina desviada pela Consist para o PT, revelou à Polícia Federal que a CRLS, empresa de Carlos Cortegoso, foi sucedida no esquema dos pixulecos pela Politec. Romano disse à PF que Luiz Gushiken lhe indicou o escritório de Guilherme Gonçalves, ligado à Gleisi Hoffmann, mas também uma empresa de tecnologia da informação chamada Politec; ambas "seriam beneficiárias dos valores devidos" a Gushiken...
Brasil 26.08.15 16:58 Comentários (77)
O despacho do desembargador João Pedro Gebran Neto, que negou o segundo habeas corpus a Marcelo Odebrecht é um primor.
Ele disse que...
"A reiteração das condutas delituosas revela maior risco à ordem pública".

NO DIÁRIO DO PODER
SUPERFATURAMENTO BILIONÁRIO
TCU CULPA GABRIELLI POR PREJUÍZO EM REFINARIA DO PARANÁ
VALOR DAS PERDAS DEVE CRESCER, POIS SÓ UMA PARTE DO TOTAL FOI ANALISADA
Publicado: 26 de agosto de 2015 às 19:44
O Tribunal de Contas da União (TCU) responsabilizou nesta quarta-feira, 26, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e outros executivos da estatal por irregularidades em obras na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, a cargo de empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato. Como antecipou o jornal O Estado de S. Paulo na terça-feira, 25, auditorias da Corte detectaram prejuízo de R$ 1,27 bilhão em oito contratos para modernizar a refinaria.
O sobrepreço bilionário foi calculado a partir de dados levantados pelos auditores da Corte e do compartilhamento de informações da Lava Jato pela Justiça Federal no Paraná. O valor das perdas pode ser bem maior que o já apurado, pois a área técnica do TCU analisou despesas de R$ 3,8 bilhões, que correspondem a apenas uma parte do valor total aplicado (R$ 10,7 bilhões).
Diante dos dados compartilhados e do esquema de cartel e corrupção já revelado na operação, o TCU pediu ao Ministério Público de Contas, que atua junto à Corte, que avalie se é pertinente reabrir outras investigações sobre a Repar que haviam sido arquivadas sem indicar irregularidades, pois podem ser detectados novos débitos.
Na sessão desta quarta-feira (26), o tribunal decidiu abrir Tomadas de Contas Especiais (TCE) para apurar o valor exato do dano ao erário e avaliar eventuais punições a dirigentes da estatal. Gabrielli alega que, como presidente, não tinha funções executivas relativas aos contratos, atuando apenas em tarefas e coordenação. Além dele, serão alvos desses processos o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, um dos presos da Lava Jato, e o ex-gerente executivo da Diretoria de Abastecimento Pedro Barusco, que atualmente cumpre prisão domiciliar, após confessar participação nos desvios em regime e delação premiada. Nas TCEs, o tribunal também avaliará sanções contra gerentes da estatal à época das obras.
Quase todo o dano ao erário apurado é referente a três contratos com o chamado "clube" de empreiteiras investigado na Lava Jato. Nas obras a cargo da Camargo Corrêa e da Promon Engenharia (Consórcio CCPR), o prejuízo foi de R$ 551 milhões. O contrato executado pela MPE Montagens com a Mendes Júnior e a SOG Óleo e Gás (Consórcio Interpar) tinha "gordura" de R$ 460 milhões. Já nos serviços a cargo de Odebrecht, OAS e UTC (Consórcio Conpar), foi achado sobrepreço de R$ 184 milhões.
Para o TCU, a Diretoria Executiva da Petrobras, presidida por Gabrielli de 2005 a 2012, restringiu a competição em licitações como "estratégia corporativa", o que favoreceu as empreiteiras do chamado "clube". Elas foram contratadas por valores até 19% acima do inicialmente estimado pela estatal. Depois disso, foram beneficiadas por aditivos que aumentaram mais ainda o valor a ser pago.
"Considerando que esses procedimentos facilitaram sobremodo a formação do cartel de empresas revelado pela Lava Jato, com gravíssimas consequências morais e materiais para a empresa, julga-se pertinente a atribuição de culpa não apenas ao presidente da companhia da época (Gabrielli), mas também aos então diretores de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, e de Serviços, Renato Duque, e ao ex-gerente executivo Pedro Barusco" justificam os auditores. (AE)

MISSA DE RÉQUIEM CELEBRADA PELO DEFUNTO
Carlos Chagas
Certas coisas, só no Brasil. Estamos assistindo a missa de réquiem celebrada pelo próprio defunto. No caso, foi o governo que morreu, e o celebrante é a presidente Dilma. Não dá para entender como Madame fornece, dia a dia, mais argumentos para seu sacrifício. Ainda agora pediu ao Tribunal de Contas da União mais quinze dias para responder às acusações de haver extrapolado a Lei de Responsabilidade Fiscal e maquiado contas que não poderia. A presidente já havia conseguido quinze dias de prorrogação. Outro tanto seria exagero inexplicável, mas o Advogado Geral da União solicitou. Ontem (26), veio a recusa da maioria do plenário daquela corte, óbvia derrota do governo, capaz de fazer supor que no julgamento do mérito, repita-se o placar.
Não havia ao lado de Dilma um só assessor capaz de alertá-la para ficar quieta, sem endossar o pedido considerado abusivo? O objetivo final é é evitar a rejeição das contas
Aproxima-se a hora de o TCU decidir, e se as contas da campanha de 2014 forem consideradas irregulares, caberá ao Congresso pronunciar-se. Como pena máxima, se assim for decidido, estará a perda de mandato.
A conclusão é de que Dilma forneceu argumentos para sua degola, mesmo não se tendo certeza do julgamento final do Tribunal de Contas da União ou da disposição do Congresso de sacrificá-la. A imagem, realmente, é da missa de réquiem celebrada pelo defunto, porque da reeleição até agora, a presidente tem incorrido numa série de erros fundamentais. Negou de pés juntos que vivíamos uma crise econômica, jurou que inexistiam razões para a volta da inflação. Prometeu que não reduziria o número de seus ministros. Desautorizou o ministro da Fazenda, no qual depositara ilimitada confiança, anulando uma série de iniciativas adotadas por Joaquim Levy e depois tornadas sem efeito. Obrigou-se a engolir a renuncia do vice-presidente Michel Temer da condição de coordenador político. Suas relações com o Lula se deterioraram, ao tempo em que ao menos numa votação o PT posicionou-se contra ela. Foram várias suas derrotas no Congresso, culminando com o desembarque do presidente da Câmara. Numa palavra, graças à chefe do governo, piora a cada dia sua já instável segurança.
NOMEAR E DEMITIR
Apesar de haver ficado para o final de janeiro a recomposição ministerial, com a extinção de dez ministérios, um conselho tem chegado à presidente Dilma, daqueles praticados por Tancredo Neves quando compunha sua equipe: “jamais nomeie quem não puder demitir”.
Nota do editor deste blog: o TCU (afrontando a Constituição) concedeu mais 15 dias ao Governo Federal para explicar as 'pedaladas' fiscais da Presidente Dilma.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
26/08/2015 às 22:37
Oba!
O governo teve uma ideia do balacobaco, já que está sem dinheiro: recriar a CPMF. Parece que, desta feita, será sem disfarce. Nem se vai dizer que é para financiar a Saúde, o que é um jeito, leitor, de enfiar a mão no seu bolso pretextando motivos humanitários, sabem como é…
Desta feita, não seria assim: seria tungada mesmo. Em momento de recessão como o que vivemos, e a nossa ainda é crescente, arrancar ainda mais dinheiro da sociedade é obra de gênios. Deve ser o jeito que a presidente tem de ser pró-cíclica, já que ela não sabe em que isso é diferente de ser anticíclica. Por menor que seja o imposto, todo mundo sabe onde vai parar: nos preços.
Notaram? Este é um governo que não consegue cortar gastos. Não adianta. Segundo informa a Folha, há uma divergência entre Nelson Barbosa (Planejamento) e Joaquim Levy (Fazenda) nesse particular: o primeiro prefere o caminho do novo imposto, o outro ainda pensa em reduzir despesas.
Não é a primeira vez que o governo especula sobre o assunto. Em janeiro, já estimulou esse debate. Quem deu início à conversa foi o ministro da Saúde, Arthur Chioro. Diante da reação negativa dos agentes econômicos, houve um recuo. Agora, o assunto volta a circular.
Sim, durante a campanha eleitoral, a então candidata Dilma Rousseff negou a intenção de recriar o imposto. Em entrevista ao SBT Brasil, em setembro do ano passado, foi explícita: “Não, eu não penso em recriar a CMPF porque acredito que não seria correto”.
Pois é… Não seria o primeiro estelionato.
Se bem que, vamos convir, né? A popularidade de Dilma não deve cair abaixo dos atuais 7% de ótimo/bom. De certo modo, ela pode tomar a medida antipática que quiser…
Há só uma pedra nada irrelevante no meio do caminho: o Congresso terá de concordar. E, hoje, uma proposta com esse conteúdo não seria aprovada nem debaixo de chicote.
Por Reinaldo Azevedo

27/08/2015 às 7:07
É tal a avalanche de denúncias, acusações e vazamentos da Operação Lava-Jato que a imprensa começa a perder a mão sobre o que está em curso e permite que coisas da maior gravidade sejam ditas, assim, como quem afirma que hoje é quarta-feira. Já houve um caso muito sério nesta terça. Nesta quarta (26), na sabatina de Rodrigo Janot na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, de novo! A que me refiro? Vamos lá.
O senador Humberto Costa (PT-PE), um dos investigados na Lava-Jato, indagou Janot sobre a credibilidade de delatores que mudam de versão. Afinal de contas, o “prêmio” que recebem supõe que digam a verdade. É claro que estava se referindo a Julio Camargo, aquele que primeiro sustentou que não havia pagado propina a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), invertendo mais tarde a sua versão.
Janot afirmou então que os benefícios da delação de Camargo foram mantidos porque as afirmações mais recentes que fez — “Cunha recebeu propina” — contribuíram para avançar na investigação. Muito bem!
O procurador-geral poderia ter parado por aí, mas seguiu adiante e informou que, como castigo, a multa que Camargo terá de pagar por ter mentindo será maior — antes, era de R$ 70 milhões. E agora vem o que realmente é gravíssimo:
“Teve como consequência o agravamento da pena de multa. Não teve nenhuma outra consequência, porque nos convencemos que ele estava em estado de ameaça. Não falou antes porque tinha receio de sua própria vida. Nessa retificação que ele faz, a espontaneidade dele é visível. ‘Eu temo pela minha vida’, ele disse. ‘Só voltei agora, porque a investigação chegou a um ponto que minha omissão está clara, mas continuo temendo pela minha vida’”.
Epa! Aí a coisa ficou séria demais. Todos sabem, porque isso foi tornado público, que Julio Camargo disse que tinha medo de Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Salvo engano, não se havia falado de ameaça de morte, não é mesmo? Eu me lembro de Camargo ter dito que temia a influência do deputado…
Pergunto: é corriqueiro que um procurador-geral da República confira estatuto de verdade à acusação de um delator, que se diz ameaçado de morte pelo presidente da Câmara, e não faça nada sobre o caso em particular? Será que nós, do jornalismo, não estamos perdendo o senso de proporção e de gravidade das coisas?
Se o Ministério Público Federal, na pessoa de Rodrigo Janot, acreditou que Julio Camargo estava mesmo sendo ameaçado de morte por Cunha, qual é a sua obrigação? Deixar para tratar do assunto numa sabatina ou reunir os indícios e oferecer uma denúncia? Se denúncia não há, é porque também inexistem os indícios. Nesse caso, Janot acreditou em Camargo porque quis. Apesar da elevação da multa, é claro que o bandido será premiado mesmo tendo mentido. Ou antes ou agora.
Youssef
É o segundo dia em que uma heterodoxia gigantesca vem a público, embora seja tratada como coisa corriqueira. Nesta terça (25), em acareação, Alberto Youssef demonstrou conhecer o conteúdo de uma delação premiada que ainda está sob sigilo. Vale dizer: um bandido preso sabe o teor de um depoimento que deveria estar apenas sob o domínio do Ministério Público.
É bom começar a botar ordem nessa história. No dia 26 de agosto de 2015, o procurador-geral da República endossou a versão de um delator premiado, segundo o qual foi ameaçado de morte por ninguém menos do que o presidente da Câmara. Não ofereceu denúncia a respeito, e a imprensa fez de conta que isso é a coisa mais normal do mundo.
Se é verdade que aconteceu, e Janot não ofereceu a denúncia, é grave. Se Camargo mentiu, e Janot comprou a versão, também é grave.
A propósito: Camargo perdeu o medo de Cunha por quê?
a: porque virou, de repente, um corajoso?;
b: porque passou a ter medo de um perigo maior?
c: nda. Isso tudo é só coisa de bandido tentando se safar.
Texto publicado originalmente às 21h14 desta quarta (26)
Por Reinaldo Azevedo

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 26/08/2015 23:22
Reconduzido pelo Senado à chefia do Ministério Púbico Federal, Rodrigo Janot já pode produzir ações sem receio das reações. Está inteiramente à vontade para enquadrar Suas Excelências como ordinários denunciados por corrupção.
Ardem na grelha do STF 35 congressistas — 13 senadores e 22 deputados. Desses, Janot denunciou apenas dois: o senador Fernando Collor e o deputado Eduardo Cunha. Sabatinado, negou a existência de um “acordão”. Dispõe agora de uma rara oportunidade para demonstrar que fala sério.
Janot disse que muita gente lhe pergunta até onde vai a investigação da Lava Jato. E ele: “Tem que perguntar até onde foram os corruptos”. Já está entendido que eles foram longe demais. Falta saber se a Procuradoria produzirá peças capazes de detê-los.

De prazo em prazo, TCU flerta com irrelevância
Josias de Souza - 26/08/2015 20:12
Num dia em que o procurador-geral da República Rodrigo Janot negou no Senado a existência de um ‘acordão’, os ministros do TCU entraram definitivamente no clima. Concederam novo prazo para Dilma Rousseff se defender das irregularidades na prestações de contas do governo de 2014. Mais 15 dias.
Até outro bem pouco, dizia-se que o TCU cogitava rejeitar as contas de Dilma por unanimidade. Hoje, suspeita-se que alguns ministros, sob influência do senador Renan Calheiros, deseja dar tudo o que a presidente pedir. Em tempos de corrupção e irregularidades, vai desaparecendo em Brasília até a velha divisão entre certo e errado, que tanto trava o progresso.
Conforme já noticiado aqui, o TCU afronta a Constituição desde o primeiro prazo que concedera a Dilma. Depois do novo adiamento, o Tribunal de Contas da União pode começar a pensar no arrendamento de sua sede. A bela intenção de um órgão capaz de auxiliar o Congresso no controle dos gastos públicos talvez não sobreviva ao esforço de autodesmoralização. O plenário do TCU tem enorme apreço pela irrelevância. Flerta com ela antes mesmo de virar relevante.




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