DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
03 DE MARÇO DE 2015
Um “achado” da Polícia Federal no escritório do doleiro Alberto Youssef intriga a força-tarefa da Lava Jato: o contrato social da empresa de consultoria Instituto Tebar, do deputado estadual Luiz Fernando (PT-SP). Ele é irmão de Luiz Tarcísio Teixeira Ferreira, sócio de Sergio Renault, o advogado da empreiteira UTC que manteve controvertido encontro extra-agenda com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).
Chama-se Tojal, Teixeira Ferreira, Serrano & Renault o escritório no qual são sócios Luiz Tarcísio Teixeira Ferreira e Sérgio Renault.
Por outra “intrigante coincidência”, como dizem na Lava Jato, o ministro José Eduardo Cardozo integra o “corpo técnico” do tal Instituto Tebar.
O ministro da Justiça esclareceu que deu aulas em cursos do Instituto Tebar, mas isso, segundo ele, ocorreu entre os anos de 1993 e 1995.
O deputado estadual petista Luiz Fernando é irmão também do ex-líder do PT na Câmara, deputado federal Paulo Teixeira (SP).
De olho na fatia milionária do fundo partidário, abastecido por dinheiro do contribuinte, políticos articulam criação de pelo menos oito novos partidos este ano. Dirigentes do PRB, PEN, PR e PSD mobilizam suas lideranças para organizarem a coleta de assinaturas nos Estados. Só o mensaleiro e ex-presidiário Valdemar Costa Neto pretende criar duas siglas: Muda Brasil (MB) e Partido da Mobilização Popular (PMP).
Caciques partidários se espelham em Gilberto Kassab, que virou gente grande após criar o PSD, e agora recria também o Partido Liberal (PL).
Aspone para assuntos internacionais aleatórios do Planalto, Marco Aurélio Top-Top Garcia ganhou uma rica boquinha: é membro do conselho de administração na estatal Eletronuclear.
Impressiona a ousadia das empreiteiras que roubaram a Petrobras. Mostram poder, fazendo o governo patrocinar um “acordo de leniência” vergonhoso, poupando-as (e aos seus donos) de maiores punições. E ainda querem R$ 31,1 bilhões em financiamentos do BNDES.
O PMDB foi ao jantar no Palácio Alvorada, ontem, como definiu um dos seus líderes no Congresso, ciente de que “Dilma finge que mudou e nós fingimos que acreditamos nisso”. Ou seja, tudo na mesma.
O procurador-geral Rodrigo Janot mandou fazer uma “varredura” à procura de escuta ilegal, após a estranha invasão em sua casa. Resta a paranoia: quem grampeia também faz varredura, e vice-versa.
Eduardo Cunha tenta se descolar da ideia de jerico da “bolsa-patroa”, que nos obrigaria a pagar passagens de mulher de deputado. Quanto ao indecoroso aumento no valor do “cotão”... continua indecoroso.
Ninguém merece mais homenagens da indústria farmacêutica do que Rodrigo Janot, em razão do consumo industrial de tranquilizantes provocado por sua lista.

NO DIÁRIO DO PODER
CONGRESSO ESTÁ PRESTES A PROMULGAR FALSO ORÇAMENTO IMPOSITIVO, ALERTA JURISTA
EMENDA APROVADA NO CONGRESSO É LIMITADA, ADVERTE EDUARDO MENDONÇA
Publicado em 02 de março de 2015 às 20:09
Em meio às investigações da Operação Lava Jato, ao Petrolão, à omissão da presidente Dilma Rousseff na indicação do ministro do Supremo Tribunal Federal e à espera da tal “lista do Janot”, está passando longe dos holofotes o fato de que a qualquer momento o Congresso Nacional promulgará a emenda constitucional que cria um orçamento impositivo. E há juristas chamando a atenção para o fato.
Em tese, a emenda faria com que as previsões de despesa do orçamento do País fossem obrigatoriamente executadas pelo governo. Ou seja, o chefe do Poder Executivo perderia a prerrogativa de contingenciar verbas de acordo com as suas vontades. Tal emenda colocaria um ponto final à subserviência do Legislativo em relação ao Executivo e, de quebra, limitaria o pouco republicano balcão de negócios que marca a execução orçamentária. O Poder Legislativo voltaria, enfim, a discutir os grandes planos de desenvolvimento nacional.
Na prática, porém, a coisa pode ser completamente diferente, como chama a atenção o professor de Direito Constitucional, Eduardo Mendonça. O que vem sendo chamado de orçamento impositivo, segundo ele, não passa de uma fraude. “Para que fique claro: com exceção da execução das emendas parlamentares, todo o resto das dotações orçamentárias, qualquer que seja o tema – de segurança pública a saúde – continua tão facultativo como sempre foi”, afirma o especialista. 
Mendonça explica que a emenda aprovada pelos parlamentares tem um alcance bastante limitado e não se presta, nem de longe, a interferir verdadeiramente na formatação das grandes políticas públicas. “Em resumo, prevaleceu no Congresso Nacional, mais uma vez, a lógica paroquial e personalista, que sequer é compatível com pequenas prefeituras”, afirma. 
É no orçamento que se define quanto deve ser empregado em saneamento, educação, remodelação do sistema prisional, saúde etc: “Nos Estados Unidos, por exemplo, o Legislativo travou e venceu uma batalha judicial, perante a Suprema Corte, para ver reconhecida a sua primazia na formulação das escolhas orçamentárias e impedir que o presidente simplesmente as desconsiderasse”, conta Eduardo Mendonça.
Mas no Brasil a emenda que será promulgada não passa nem perto dessas discussões. “Pelo contrário, ao modificar um aspecto pontual da atual praxe orçamentária brasileira, o poder constituinte derivado parece referendar todo o restante, esse sim marcado pelo menosprezo à possível contribuição institucional do legislador. O fato de o Congresso brasileiro se ofender com a retenção de emendas orçamentárias individuais ao mesmo tempo em que encara com naturalidade o contingenciamento de todo o resto diz mais sobre o nosso Parlamento do que possa aparentar”, conclui o professor.

NO BLOG DO CORONEL
SEGUNDA-FEIRA, 2 DE MARÇO DE 2015
(Folha) O empreiteiro Gerson de Mello Almada (foto), 64, vice-presidente da construtora Engevix, pediu nesta segunda-feira (02) ao juiz federal de Curitiba (PR) Sergio Moro, responsável pela condução dos processos da Operação Lava Jato, que seja interrogado porque teria "contribuição relevante para a cognição dos fatos". 
Por meio de seus advogados, Almada pediu que o juiz marque um interrogatório, mencionando que está preso "faz mais de cem dias". O executivo está preso desde novembro passado na carceragem da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba junto com outros empreiteiros presos na sétima fase da Lava Jato, denominada Juízo Final. Na petição, Almada não especificou que informações "relevantes" seriam as que estaria disposto a fornecer à Justiça Federal. O ofício também não trata de eventual delação premiada. 
Em janeiro, na resposta à denúncia feita pelo Ministério Público, Almada fez, sem entrar em detalhes, um reconhecimento indireto de que realizou pagamentos para o esquema montado na Petrobras. Em petição assinada por seus advogados, ele afirmou que "compõe, tão só, o grupo de pessoas que pecaram por não resistirem à pressão realizada pelos porta-vozes de quem usou a Petrobras para obter vantagens indevidas para si e para outros bem mais importantes na República Federativa do Brasil". Quando foi interrogado pela Polícia Federal após a sua prisão, no dia 15 de novembro, Almada permaneceu em silêncio. 
Na petição, Almada afirmou que a acusação escondeu fatos que pudessem embaraçar o poder central de Brasília. "Vale registrar alguns fatos notórios, outros emergentes dos próprios autos do inquérito policial, que desapareceram da acusação: faz mais de doze anos que um partido político passou a ocupar o poder no Brasil. No plano de manutenção desse partido [PT] no governo, tornou-se necessário compor com políticos de outros partidos, o que significou distribuir cargos na Administração Pública, em especial, em empresas públicas e em sociedades de economia mista." 
Segundo o empreiteiro, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa exigia o pagamento dos recursos dos empresários em troca da manutenção dos contratos estatal do petróleo. "Sabidamente [Costa] passou a exigir percentuais de todos os empresários que atendiam a companhia. Leia-se, exigir. O que ele fazia era ameaçar, um a um, aos empresários, com o poder econômico da Petrobras. Prometia causar prejuízos no curso de contratos. Dizia que levaria à falência quem contrastasse seu poder, sinônimo da simbiose do poder econômico da mega empresa com o poder político do governo." 
POSTADO POR O EDITOR ÀS 20:54:00


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
03/03/2015 às 4:53
Ah, como esquecer os brucutus do PT e da CUT nas ruas contra as privatizações de estatais, que teriam sido vendidas “a preço de banana”, o que sempre foi uma mentira escandalosa? Como esquecer as campanhas eleitorais de 2002, 2006 e 2010, quando a petezada acusava os tucanos, outra mentira suja, de querer privatizar a Petrobras? Na primeira campanha eleitoral de Dilma, José Sérgio Gabrielli, este monumento moral, concedeu uma entrevista à Folha em que assegurava que FHC tentara, sim, a privatização. Nunca aconteceu! Eis que, agora, os companheiros anunciam que vão abrir mão de ativos da Petrobras no valor de US$ 13,7 bilhões — R$ 39 bilhões pela atual cotação.
É claro que recorro aqui a uma licença. É claro que sei a diferença entre venda de ativos e venda de uma parte das ações. A diferença é de natureza jurídica, não é de essência. Mas, numa coisa, tem-se algo de essencialmente distinto: os petistas estão tendo de abrir mão de parte da Petrobras porque conduziram a empresa à lona, ao caos, à falência técnica. Só não se pode dizer que a empresa está quebrada porque o fundo de uma estatal é sempre um… buraco sem fundo.
Sim, caros, a venda dos ativos se dará na bacia das almas. Agora, sim, os ativos serão passados adiante pelo preço de banana. A razão é simples: o vendedor que está com a corda no pescoço tem menos poder de negociação. E essa é, precisamente, a situação da Petrobras.
A gestão Graça Foster previa livrar-se de US$ 3 bilhões em ativos. Depois que a Moody’s deu um tombo no rating da Petrobras, passando para o segundo nível do grau especulativo, a empresa deu adeus às captações no exterior. Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários, a estatal anunciou que 40% desses ativos pertencem à área de Gás e Energia; 30%, à de Exploração e Produção, e 30%, à de Abastecimento. Excetuando-se esse último grupo, conclui-se, então, que 70% dos ativos dos quais a Petrobras abrirá mão vêm de suas duas principais atividades-fim. É a confissão de um desastre.
O objetivo do “desinvestimento”, conforme está no comunicado da empresa, “visa à redução da alavancagem, preservação do caixa e concentração nos investimentos prioritários, notadamente de produção de óleo & gás no Brasil em áreas de elevada produtividade e retorno.” Ou por outra: a Petrobras precisa cuidar do seu caixa e reduzir a sua estúpida dívida, hoje de quase R$ 262 bilhões.
Segundo apurou O Globo, a Petrobras pretende “vender campos de petróleo no pós-sal da Bacia de Campos, áreas maduras com produção em terra, participações em blocos no exterior e algumas plataformas de petróleo. Na lista, destacou uma fonte, está ainda a venda de parte das atividades na Argentina, onde a estatal tem diversos ativos, como campos de petróleo e postos de gasolina. A empresa, disse outra fonte, ainda pretende se desfazer da refinaria de Okinawa, no Japão, e de pequenas centrais hidrelétricas.”
Pois é, leitor amigo! Agora coloque nessa equação o modelo que foi aprovado para a exploração do pré-sal, que obriga a Petrobras a ser parceira da exploração, arcando com 30% dos investimentos necessários. Uma exploração que, dado o preço do barril do petróleo — que despencou para não mais subir — já é antieconômica.
Fabio Rhein, professor de finanças corporativas do Ibmec-RJ, antevê em entrevista ao Globo: ”A empresa vai ter dificuldade para vender seus ativos no momento atual, pois atravessa uma fase de falta de credibilidade. Mesmo que consiga, vai vender os ativos abaixo do preço, e isso vai prejudicar seu fluxo de caixa”.
Parte da Petrobras foi, digamos assim, privatizada pelos ladrões. Outra parte, agora, vai para o ralo para tapar os buracos provocados pelos larápios e pelos incompetentes. Os companheiros conseguiram. Agora, com efeito, a gente pode dizer: nunca antes na história deste país se viu privatização assim. O lulo-petismo, de fato, está fazendo algo inédito.
A propósito: os brucutus do PT e da CUT ficarão calados desta vez? Eu, convenham, não tenho por que protestar. Já tracei o meu plano para a Petrobras. Anunciaria a privatização de toda a empresa em 2017. As ações disparariam. Em vez da privatização petista a preço de banana, teríamos uma a peso de ouro. Mas isso é sensato demais para ser feito pelos companheiros, né?
Às ruas, brucutus!
Texto publicado originalmente às 3h28 por Reinaldo Azevedo

03/03/2015 às 4:45
Emissários do governo Dilma decidiram ter um mínimo de juízo, coisa que o PT e a CUT, como entes, definitivamente, parecem não ter. A central sindical marcou para o dia 13 atos em defesa da Petrobras. Defesa contra quem? Só se for contra os petistas e os cutistas, não é mesmo? É uma piada. Lula já estrelou aquela patuscada no Rio, e todos viram no que deu a coisa: os tonton macoutes do petismo distribuíram porradas em meia-dúzia que protestavam contra a roubalheira e só contribuíram para acirrar ainda mais os ânimos.
Pois bem: o Planalto quer que a CUT desista do ato por alguns bons motivos. Em primeiro lugar, acha que será um fiasco, já que nem os esquerdistas andam com muito ânimo para “defender a Petrobras”. Mas a razão principal é outra: eventual manifestação do dia 13 acabaria pondo lenha na fogueira e servindo, na verdade, como um estímulo para o ato em favor do impeachment da presidente, que está marcado para o dia 15 em várias cidades do país.
É crescente a preocupação do governo com essa manifestação. A situação política se deteriorou de tal maneira que o Palácio teme uma manifestação gigante, para a qual não haveria resposta. Se vai mesmo acontecer, ninguém sabe. Em 2013, os brasileiros expressaram um sentimento difuso de mudanças. A presidente pôde então enrolar a turma com a patranha das reformas. Em 2014, os protestos tinham como alvo os gastos da Copa. Neste 2015, vai-se pedir é o impeachment da presidente. Nesse caso, ela própria não teria muito a dizer.
Alguns palacianos estão apostando todas as suas fichas na “Lista de Janot”. Avaliam que, se ela estiver recheada com alguns nomes da oposição, a pressão sobre o governo diminui, e o ânimo anti-Dilma arrefece.
O Planalto, em suma, conta com Janot para tirar o povo da rua.
Por Reinaldo Azevedo

03/03/2015 às 4:43
Na noite desta segunda-feira (02), o movimento “Vem Pra Rua” optou pelo bom caminho e decidiu fazer uma vigília às portas da Procuradoria-Geral da República. Trata-se de um dos grupos que organizam o protesto do dia 15 de março. Sem hostilidade, sem violência, sem intimidação, o “Vem Pra Rua” foi expressar o seu “apoio” a Rodrigo Janot, o procurador-geral da República. O grupo portava cartazes como “Janot, você é a esperança do Brasil”, com o qual o próprio se deixou fotografar (ver abaixo). Muitos seguravam velas acesas.
Janot foi ao encontro dos manifestantes e fez uma curta declaração, que resultou num vídeo que está no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=MMNg0IA9tHc). Afirmou: “Vamos trabalhar com tranquilidade, com equilíbrio, e quem tiver que pagar vai pagar. Nós vamos apurar, isso é um processo longo, está começando agora. A investigação começa, e nós vamos até o final desta investigação”. Os presentes gostaram do que ouviram. Animado, Janot ousou um pouco mais: “Se eu tiver que ser investigado, eu me investigo”.
O procurador-geral foi ao encontro do grupo ali pelas 20 horas, depois de revisar os pedidos de abertura de inquérito que fará ao Supremo Tribunal Federal.
Atravessando o glacê das intenções e da fala autolaudatória, há uma verdade inequívoca no que disse o procurador-geral: “Nós vamos apurar, isso é processo longo, está começando agora”. Sem dúvida, será longuíssimo.

Fiquem atentos
Foi bom o movimento ter ido à Procuradoria-Geral para que Janot saiba que muita gente, no país, está de olho no que se faz por lá. Infelizmente, tem sido fácil enganar jornalistas, que, não raro, não dão muita bola para detalhes jurídicos. Por que afirmo isso?
Janot deve mesmo só pedir a abertura de inquéritos, em vez de fazer denúncias, que seria um passo adiante. Qual é o malefício essencial dessa escolha? Igualar todos os suspeitos. Suponho que os que fizeram delação premiada apresentaram provas, não? Então os políticos serão alvos de simples inquéritos, independentemente do grau de comprometimento com o esquema? Teremos um procedimento que igualará os desiguais?
Li há pouco, num portal, uma reportagem de uma ingenuidade quase encantadora. Alguém da assessoria de Janot passou a informação furada de que as condenações por formação de quadrilha de José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino foram revertidas no julgamento dos embargos infringentes justamente porque estariam mal formuladas, em razão de Antônio Fernando de Souza, o então procurador-geral, ter optado logo pela denúncia, em vez do inquérito. Bem, a informação é falsa como nota de R$ 3. A reversão nada teve a ver com mais cuidado ou menos cuidado. Os ministros que não os condenaram simplesmente não reconheceram a existência de tal crime porque entenderam que a quadrilha supunha uma organização permanente, formada com o fim de delinquir. ELES NÃO RECONHECERAM FOI O TIPO PENAL. NADA TEVE A VER COM MAIS CUIDADO OU MENOS CUIDADO. Pesquisem para ver.
Vamos aguardar a “Lista de Janot”. Caso se confirmem os bochichos de corredor, divulgados os nomes, teremos um rol horizontal, suprapartidário, a indicar que todo o espectro político está contaminado por práticas criminosas. O governo Dilma precisa desesperadamente de uma lista assim para conseguir pôr o nariz fora d’água. E o PT também.
Torço muito para que os aplausos dispensados a Janot nesta segunda sejam merecidos. Como a lista não saiu, ele ainda tem tempo de fazer a coisa certa. E a primeira coisa certa a fazer é desigualar os desiguais. Depois de tanta investigação e de tantas delações premiadas, custo a crer que um procurador não consiga distinguir os motivos para uma denúncia dos motivos para uma simples abertura de inquérito.
Vamos lá. Vamos confiar. Janot certamente leu “Versos Íntimos”, de Augusto dos Anjos. E lá se encontram coisas como esta: “O beijo, amigo, é a véspera do escarro,/ A mão que afaga é a mesma que apedreja.”
Que Janot ofereça motivos para novos beijos e novos afagos.
Texto publicado originalmente às 2h12.

NO O ANTAGONISTA
O saldão da Petrobras
Economia 03.03.2015
A Petrobras, para tentar diminuir seu endividamento, quer vender ativos no Brasil e no exterior.
A venda inclui campos de petróleo e gás, refinarias, dutos, terminais, postos de gasolina, termelétricas, gasodutos e fábricas de fertilizantes. Resumindo: tudo está à venda.
A estatal espera obter US$ 13,7 bilhões no saldão do PT, embora seja um dos piores momentos da História para se desfazer de ativos no setor do petróleo.
Lula, naquele seu ato em defesa da Petrobras, disse o seguinte:
"O que a gente não pode fazer é jogar a Petrobras fora".
Não, não pode jogar fora. Mas pode vender baratinha.
Lula não joga fora, mas ele vende baratinho

Sergio Moro está no rastro do chefe
Brasil 03.03.2015
Sergio Moro, ontem, citou “Breaking Bad” para explicar como pretende pegar os mandantes do Petrolão:
“Fatalmente o dinheiro vai chegar em quem tem o poder de controle sobre o grupo criminoso”.
Para desmantelar um esquema corrupto como o da Petrobras, portanto, Sergio Moro sugere rastrear o dinheiro ilegal até o cofre de seu beneficiário final – o chefe.
Sergio Moro acrescentou:
“Follow the money”.
É o que tem de ser feito. E é o que ele está fazendo.
Sergio Moro quer pegar o chefe

E o dinheiro do PT?
Brasil 03.03.2015
O lobista Julio Camargo, um dos delatores da Lava Jato, entregou ao Ministério Público os extratos bancários de suas contas no exterior, por onde passaram as propinas do esquema da Petrobras.
Entre dezembro de 2006 e abril de 2012, ele realizou 59 depósitos em nome de Renato Duque e Pedro Barusco, totalizando mais de 10 milhões de dólares.
Os valores saíram de contas operadas pelo delator e foram parar em sete contas indicadas por Barusco e Duque, em 6 bancos: Santander Suisse Swift, Lloyds Bank, Credit Suisse, Banco Cramer, Commerzbank e Deutsche Bank.
O Antagonista, que é insuportavelmente aborrecido, volta sempre ao mesmo ponto.
Segundo a planilha de Pedro Barusco, ele e Renato Duque receberam de Julio Camargo propinas no valor 14,7 milhões de reais. E o PT recebeu do mesmo Julio Camargo - e pelos mesmos contratos - outros 14,7 milhões de reais.
Nós já conhecemos o caminho do dinheiro das empreiteiras até os atravessadores dos partidos alojados na Petrobras. O que falta é rastrear o caminho do dinheiro até o caixa dos partidos. Em particular, do PT.
Onde foram parar os outros R$ 14,7 milhões

O homem que deu R$ 50 milhões para o PT
Brasil 03.03.2015
A Engevix se prepara para detonar o PT.
Gerson Almada, vice-presidente da empreiteira, pediu para marcar um interrogatório com Sergio Moro. Seus advogados já adiantaram o que ele pretende dizer:
"Faz mais de doze anos que um partido político passou a ocupar o poder no Brasil. No plano de manutenção desse partido no governo, […] distribuíram-se cargos […] a quem usou a Petrobras para obter vantagens indevidas para si e para outros bem mais importantes na República Federativa do Brasil”.
Gerson Almada é mais do que um simples executivo.
Na planilha que Pedro Barusco entregou à Lava Jato, ele é indicado como o pagador de propinas da Engevix. O PT recebeu de suas mãos mais de 50 milhões de reais. Só no contrato para o fornecimento de “8 cascos do pré-sal”, por exemplo, Gerson Almada é acusado de ter dado ao PT, através de seu operador, Milton Pacovitch, 18,7 milhões de reais.
Se Gerson Almada contar o que sabe, José Dirceu terá de voltar para a cadeia.
Mas as pessoas “bem mais importantes” mencionadas por seus advogados são outras: Lula e Dilma.
Lula no estaleiro que a Engevix comprou em sociedade com a Funcef: R$ 50 milhões para o PT

Duque indicava, o consultor depositava
Brasil 02.03.2015
O Estadão informa que "O consultor Julio Gerin Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, entregou à Justiça Federal os extratos bancários de suas contas na Suíça e no Uruguai, por onde passaram mais de 10 milhões destinados ao ex-diretor de Serviços Renato Duque e ao seu braço direito, o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco no esquema de corrupção e propina na Petrobras. Ao todo, são 59 depósitos, realizados entre dezembro de 2006 e abril de 2012, que totalizam 10.452.005,53 dólares e 1.410.059,30 euros. Os valores saíram de contas operadas pelo delator, em bancos na Suíça e no Uruguai, e foram parar em sete contas indicadas por Barusco e Duque."
Renato Duque está solto. Quem lê O Antagonista sabe o porquê.

Sindicato do crime
Brasil 02.03.2015
Luís Inácio Adams, advogado-geral da União e advogado administrativo das empreiteiras e de Lula e Dilma, não tem mesmo vergonha. Hoje, ele deu uma "palestra" para a bancada do PT na Câmara dos Deputados. Assunto: os acordos de leniência que gostaria de ver firmados entre a Controladoria-Geral da União e a empreita do petrolão, ao largo da Justiça, para livrar a cara de todo o mundo.
O Antagonista acha que o Brasil chegou a um ponto tal que encontros secretos são mais decorosos.

A Operação Lava Jato não termina com a lista de Janot
Brasil 02.03.2015
É compreensível a ansiedade pela lista de políticos do petrolão a ser entregue pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal. Mas atenção, senhoras e senhores, as investigações da Operação Lava Jato não serão encerradas com a entrega da lista. Nem ela significa que o núcleo político da bandalha foi completado pela Justiça.
Ainda há delações premiadas a serem feitas, provas a serem verificadas e produzidas, dinheiro a ser rastreado e devolvido, empreiteiros a serem presos e inquéritos a serem abertos no âmbito do STF e fora dele. Há também uma CPI que pode resultar em carne moída ao invés de pizza -- e, não menos importante, existem os processos que correm em diversas instâncias nos Estados Unidos contra a Petrobras, com evidente repercussão no Brasil.
Cuidado, portanto, com os apocalípticos integrados que ora anunciam o fim do mundo se a lista de Rodrigo Janot não corresponder a certas expectativas, ora adotam um discurso de "união nacional", sob o comando de Dilma Rousseff, num movimento pendular estranho à lógica dos fatos e à obviedade de que a única saída para a crise institucional e econômica é o impeachment da presidente petista, e não a sua manutenção no Palácio do Planalto.

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 03/03/2015 05:09
Renan Calheiros impôs a Dilma Rousseff uma vexatória desfeita. Reza a liturgia do poder que não se deve rejeitar convite de presidente da República para conversar. Chamado por Dilma para um jantar de reconciliação com o seu PMDB, Renan esnobou-a.
“Decidi abster-me do jantar entre o PMDB, a presidente da República e ministros, em que se discutirá a coalizão”, escreveu Renan numa nota. “O Presidente do Congresso Nacional deve colocar a instituição acima da condição partidária.” Hã, hã…
Depois de “morder” que sempre o afagou, Renan assoprou. Ele havia convocado para quarta-feira uma sessão do Congresso para analisar vetos presidenciais. Entre eles o que mandou ao lixo a correção da tabela do Imposto de Renda em 6,5%.
Nessa matéria, as chances de derrota de Dilma são reais. Para evitar o infortúnio, Renan antecipou a sessão de quarta para esta terça (3). E fez sumir da pauta o veto aos 6,5% de reajuste na tabela do IR. Com isso, adiou a derrota anunciada de Dilma pela segunda vez.
Com a espada do petrolão sobre sua ex-calva, Renan tornou-se uma espécie de esfinge decifrada. Ele estufa o peito como uma segunda barriga, faz pose de independente e desaia Dilma: “Devora-me ou te decifro.”

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
Segunda-feira, março 02, 2015
Lula inaugurando obra com os Odebrecht. Na extrema direita, o atual manda chuva da empresa, Marcelo Odebrecht que em passado recente escreveu artigo na Folha de S. Paulo defendendo as viagens de Lula ao exterior para facilitar contatos de empreiteiros.
O que segue está no site O Antagonista, escrito e dirigido por Diogo Mainardi (Manhattan Conection e ex-Veja) e Mario Sabino, ex-Chefe de Redação de Veja. No âmbito da grande mídia nacional são dois profissionais muito bem informados. 
Enquanto os jornalões e grandes redes de TV fingem que estão revelando tudo o que acontece nos bastidores do petrolão, a mega roubalheira na Petrobras, O Antagonista foi atrás a partir de informações fragmentadas e que, a rigor, constituem apenas tiros n’água. O jornalismo de verdade exige o árduo trabalho investigativo e fontes altamente qualificadas. 
Vejam o que descobriram:
César Mata Pires, fundador da OAS, é um homem desesperado. A sua empreiteira está afundando depois de deflagração da Operação Lava Jato. Desesperado e amargurado com a Odebrecht, com quem mantinha, digamos, acordos bastante lucrativos, ele foi aconselhado a ameaçar Lula, como contaremos a seguir.
No dia 20 de fevereiro, reproduzimos aqui que César Mata Pires procurou Marcelo Odebrecht, diretor-presidente da dita-cuja, para saber como era possível que a empreiteira comandada pelo menino não tivesse ninguém preso. Na mesma conversa, ele disse que não estava preocupado em salvar a própria pele, mas que não deixaria os seus herdeiros pagarem por "erros cometidos em equipe" -- menção a lambanças cometidas pela OAS com a cumplicidade da Odebrecht, que até agora vem se safando. A informação foi tirada de uma reportagem publicada pelo Estadão, cujo tema principal eram os encontros de Lula e Paulo Okamotto com empreiteiros à beira de um ataque de nervos. Ao jornal, a Odebrecht negou o encontro e a OAS saiu-se com uma evasiva.
O Antagonista resolveu apurar os desdobramentos dessa história e descobriu que César Mata Pires procurou também Emílio Odebrecht, pai de Marcelo e presidente do Conselho de Administração da empresa. O encontro foi na ilha de Kieppe, na baía de Camamu, no sul da Bahia, de propriedade dos Odebrecht. O dono da OAS formulou a mesma pergunta a Emílio: como era possível que a empreiteira dele não tivesse ninguém preso, ao passo que a sua estava com toda a diretoria em cana. E acrescentou: o que eu posso fazer para salvar a OAS?
A resposta de Emilio Odebrecht foi: "Procure Lula".
Emílio contou-lhe então que, temendo pela prisão de Marcelo, foi direto ao ponto com o petista. Emílio Odebrecht disse a Lula o seguinte: "Se for preso, o Marcelo não aguentará a pressão: ele vai abrir a boca e contará tudo o que sabe sobre as suas relações com a Odebrecht."
O Antagonista revelou que Lula interferiu para que Renato Duque fosse solto, depois de ser ameaçado pela mulher do ex-diretor da Petrobras, operador do PT na estatal. Não se sabe se Lula moveu um dos seus tentáculos para manter, até o momento, graúdos da Odebrecht fora da prisão. Não se está insinuando, aqui, nada contra a Justiça. O empenho dos procuradores da Lava Jato em incriminar a empreiteira é grande, assim como o do juiz Sergio Moro. A nossa impressão é de que a Odebrecht será pega no momento certo pelos bravos paranaenses.
O único fato da nossa apuração -- e fato assombroso, por mais que conheçamos as relações promíscuas entre a Odebrecht e Lula -- é que Emilio Odebrecht ameaçou Lula e recomendou a César Mata Pires que fizesse o mesmo com o petista se quisesse salvar a sua empresa.
A única certeza da nossa apuração é que, se a Odebrecht cair, Lula também cairá. Do site O Antagonista
MINHA CONCLUSÃO: Mais vale dois Antagonistas na mão do que uma penca de jornalistas da grande mídia brasileira.

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