DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 30-7-2014

NO JORNAL O POVO
Por uma solução para a Arena
O contrato previa que o consórcio, além de construir, estaria obrigado a administrar o espaço
EDITORIAL DE 30/07/2014
É preocupante a situação de impasse entre os dois principais clubes de futebol do Estado do Ceará e a Arena Castelão. Diante do cenário que se formou, a utilização do estádio, que custou R$ 518 milhões ao contribuinte cearense, pode ficar muito aquém da expectativa.
A obra do estádio foi totalmente bancada pelo Governo do Ceará. Optou-se por uma variação de parceria público-privada. O consórcio montado pela Galvão Engenharia e a Andrade Mendonça venceu a concorrência. O contrato previa que o consórcio, além de construir, estaria obrigado a administrar o espaço até 2018, arcando com as despesas de manutenção.
Tanto a Galvão quanto a Andrade Mendonça são empreiteiras cujas trajetórias se relacionam fortemente com obras públicas e sem nenhuma tradição de administrar arenas esportivas e de eventos. O resultado foi que, em abril de 2013, o consórcio abriu mão de sua responsabilidade e a repassou para outros grupos que atuam no setor.
A opção, em comum acordo com o Governo do Ceará, foi entregar a gestão da Arena à empresa francesa Lagardère, que montou parceria com a brasileira BWA. Esta sim, ficou à frente dos destinos da praça esportiva. A partir daí começaram os problemas.
O primeiro deles se deu com o Ceará Sporting, clube que atua na segunda divisão do futebol brasileiro. Os novos gestores romperam unilateralmente o contrato de exclusividade que mantinham com o clube. Já com o Fortaleza, clube que disputa a terceira divisão nacional, não havia contrato de exclusividade. Assim permanece até hoje.
O preâmbulo sugere que há o risco de os dois principais clubes de futebol do Estado não utilizarem a Arena na proporção necessária. Certo é que o estádio pode ser utilizado para outros fins, como shows e eventos religiosos de grande porte. Porém, um calendário racional, permanente e lucrativo de uso só pode ser garantido pelo futebol. Mais ainda se os dois clubes ascenderem às divisões superiores. O fato é que é preciso solução para o caso. Sem a garantia de jogos de futebol, a moderna Arena ganhará uma prejudicial (e caríssima) ociosidade.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Atenção, pessoal que comprou uma TV LED de alta definição, tela enorme, som surround, com toda a tecnologia de última geração, para ver o Brasil ganhar a Copa: no dia 19 de agosto começa o Horário Eleitoral Gratuito.
Gratuito para quem, cara-pálida? Para o Tesouro não é, pois deduz dos impostos das emissoras de rádio e TV o valor do tempo de propaganda – e, ao contrário do que ocorre com qualquer anunciante, que tem desconto, o Tesouro paga a tabela cheia. Para os candidatos também não: elaborar um bom programa para o horário eleitoral é caríssimo. É a principal despesa, hoje, da campanha. Para a democracia o prejuízo é maior ainda: graças ao horário eleitoral, dezenas de partidecos se formam, só para vender seu tempo aos partidos maiores. Podem receber dinheiro ou cargos no Governo. Isso explica o inchaço do número de Secretarias estaduais e Ministérios: é preciso pagar a turma que vende o tempo. Explica também as estranhíssimas alianças: em troca de alguns segundos no horário gratuito, partidos e candidatos mais fortes vendem a mãe, e entregam.
Este colunista já defendeu o horário eleitoral gratuito, em nome da democracia, por abrir a todas as correntes o acesso à divulgação de suas ideias. Hoje é contrário, em nome da democracia, por ter visto que tudo virou negócio. Pois há, além de alianças esquisitas, também partidos que não se aliam mas vendem o tempo para falar mal dos adversários de quem os comprou.
Chega de propaganda paga por nós. Quem quiser ser chato e falar besteira que pague por isso.

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Procurador-geral da República, Rodrigo Janot opera, nos bastidores, para nomear Eugênio Aragão ministro do STF na vaga que será aberta com a aposentadoria de Joaquim Barbosa. Janot anda com prestígio em alta no Planalto após ter arquivado representação que pedia investigação do Conselho de Administração da Petrobras, chefiado pela presidenta Dilma na compra superfaturada da velha refinaria de Pasadena (EUA), em 2006.
Logo que tomou posse na Procuradoria-Geral, Rodrigo Janot nomeou o amigo Eugênio Aragão no cargo de vice-procurador-geral eleitoral.
Também foi bem visto por Dilma o recálculo sobre planos econômicos apresentado por Janot, que rasgou parecer de 2010 de Roberto Gurgel.
O parecer de Janot vai ao encontro da tese do governo, favorável aos bancos. O julgamento do caso no STF deve ficar para depois da eleição.
O governo “plantou” nos jornais de ontem correção importante no seu discurso sobre o Oriente Médio: destacou que a presidenta Dilma qualifica de “massacre” e não “genocídio” o que ocorre em Gaza, em razão da ofensiva israelense. Dilma isola e se descola do aspone lulista Marco Aurélio “Top-Top” Garcia – que usou a expressão “genocídio”, provocando reação de Israel e fazendo do Brasil motivo de chacota.
Estreito, atrasado, trapalhão, Marco Aurélio Garcia jamais foi diplomata, mas define a política externa desde o governo Lula.
A Coligação Muda Brasil representou no TSE contra presidenta Dilma por bate-papo com internautas sobre Mais Médicos no Facebook, em horário de expediente e feito do Palácio da Alvorada, com críticas a Aécio Neves.

NO BLOG DO NOBLAT
Merval Pereira, O Globo
De duas, uma: ou há uma conspiração internacional contra o Brasil, ou o governo brasileiro está flertando perigosamente com o perigo, alheio às advertências que partem de todos os lados sobre as fragilidades de nossa economia.
Ontem, foi o Fundo Monetário Internacional (FMI) que colocou o país entre as cinco economias mais vulneráveis do mundo, ao lado de Índia, Turquia, Indonésia e África do Sul.
Também a agência de classificação Moody’s divulgou um relatório no qual afirma que a Petrobras é, entre as empresas petrolíferas da América Latina, a que corre o maior risco financeiro porque está sendo usada politicamente para segurar a inflação com o represamento dos preços de combustíveis no país.
E o que respondem nossos dirigentes? Ao mesmo tempo em que vibram com a derrota política que impuseram ao banco espanhol Santander, tratam de declarar platitudes, à espera de que as coisas melhorem por si, sem demonstrar a menor intenção de fazer mudanças no rumo tomado. Ao contrário, consideram que não há o que mudar.
A única concessão feita pela presidente Dilma foi admitir que o ex-presidente Lula errou ao julgar que a crise financeira que estourou em 2008 chegaria ao Brasil como uma “marolinha”.
A presidente Dilma mais uma vez considera “inadmissível” o pessimismo em relação à economia brasileira, e compara-o ao pessimismo sobre a Copa no Brasil. Para Dilma, não há necessidade de mudanças. Ela nega que a inflação no país esteja “descontrolada”.
Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o FMI comete o mesmo equívoco de outros organismos no passado, quando afirmaram que o Brasil estaria entre as cinco economias mais frágeis. 
Leia a integra em Nacionalismo canhestro

Le Fígaro
Um passarinho assegurou ao presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, que seu predecessor, Hugo Chavez, falecido em 5 de Março de 2013 e que festejaria seus 60 anos, ontem, segunda-feira (28), "estava feliz e cheio de amor".
"Eu quero vos assegurar, mais uma vez, que um passarinho se aproximou e me disse que o Comandante Chavez estava feliz e cheio de amor, pela lealdade de seu povo", falou Maduro durante uma cerimônia em homenagem ao falecido presidente, em sua cidade natal de Sabaneta, no sudoeste da Venezuela.
Herdeiro político de Chavez (1999-2013), Nicolas Maduro já tinha relatado, no ano passado, que seu mentor tinha aparecido diante dele, na forma de um passarinho, quando da campanha para a eleição presidencial, em 2013, o que provocou uma grande onda de críticas e deboches.

Maria Lima, O Globo
O candidato à Presidência da República pelo PSDB Aécio Neves ironizou a demissão de um funcionário do banco Santander, anunciada ontem pelo presidente mundial da instituição Emílio Botín, por ter associado a presidente Dilma à piora do quadro econômico no país.
Aécio disse que muitas pessoas precisariam ser demitidas por fazerem avaliações negativas do governo. "Se forem demitir todos que fizeram avaliação negativa do governo, vão ter que demitir muita gente. Ninguém contestou a avaliação, se contentaram em pedir a punição", comentou.
 
Senador Aécio Neves. Foto: O Globo

Estadão
O deputado estadual Luiz Moura (PT) e cinco empresas de ônibus que operam em São Paulo são citados em investigação que apura esquemas de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC). O procedimento, sigiloso, é coordenado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual. Moura nega as acusações.
O Tribunal de Justiça ainda precisa dar aval para que o deputado seja investigado. Ele está suspenso do PT desde o mês passado. Moura foi flagrado pela Polícia Civil em março, em uma reunião de perueiros em que havia suspeitos de integrar a facção criminosa.
 
O deputado Luiz Moura, do PT. Foto: Estadão

Sérgio Ramalho, O Globo
O procurador Riscalla Abdnur, do Ministério Público estadual, encaminhou recurso ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, solicitando que o desembargador Siro Darlan reconsidere a decisão de libertar 23 manifestantes acusados de associação criminosa armada.
No recurso, o procurador pede que a decisão de Darlan seja submetida, em 48 horas, à apreciação dos demais desembargadores da 7ª Câmara Criminal. O prazo de dois dias está previsto no regimento interno do Tribunal. Abdnur ressalta a gravidade das provas reunidas contra os 23 ativistas na investigação da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI).

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
O terror petista já está em curso. A “analista” do Santander, que não teve seu nome divulgado, já foi demitida. A informação foi passada aos jornalistas pelo presidente mundial do banco, Emilio Botín, que foi chamado por Lula, nesta segunda, durante encontro da CUT, de “meu querido”. O chefão petista, aliás, puxou o saco do banqueiro e demonizou a pobre bancária. Afirmou que a moça não sabia “porra nenhuma”, nesses termos, e que o seu amigão deveria dar a ele, Lula, o bônus que caberia à então funcionária.
Só para lembrar: correntistas com conta acima de R$ 10 mil receberam uma avaliação sobre a situação política e econômica do país. O texto informava que os indicadores pioram se aumentam as chances de Dilma ser reeleita. Grande coisa! Isso já virou lugar-comum. Os petistas, no entanto, se aproveitaram para inventar uma guerra dos ditos “ricos” contra o PT. Prefeituras do partido que têm a conta-salário no banco falam em romper o contrato. A militância estimula os filiados a retirar seu dinheiro da instituição. Não passa de oportunismo eleitoral.
Certa feita, um adversário de Marat, o porra-louca jacobino da Revolução Francesa, afirmou sobre o seu furor punitivo: “Deem um copo de sangue a este canibal, que ele está com sede”. Falo o mesmo sobre Lula e o petismo: deem copos de sangue aos canibais; eles estão com sede.
É claro que se trata de uma ação para intimidar o debate. A partir de agora, nas instituições financeiras, bancos ou não, está instalado o clima de terror jacobino. Até parece que isso vai mudar alguma coisa. Não vai, não. Tudo tende a piorar.
O PT apelou ao TSE — e obteve uma liminar absurda — para tirar da Internet dois textos da consultoria Empiricus Research que o partido considera que lhe são negativos. O conjunto da obra é péssimo e indica que o PT não tem um compromisso inegociável com a liberdade de expressão. Não custa lembrar que essa é a legenda que definiu como um de seus principais objetivos o chamado “controle social da mídia”. Imaginem como seria a liberdade de expressão entregue a esses patriotas…
Que coisa! O partido que, na década de 80, queria ser a encarnação da liberdade de expressão agora quer se manter no poder apelando à censura, ao terror e ao silêncio.
Texto publicado originalmente às 19h58 desta terça

A presidente Dilma Rousseff participou nesta terça de um troço impossível: uma reunião de cúpula do Mercosul. A questão é simples: ou bem alguma coisa é de cúpula ou bem é do Mercosul. As duas palavras não podem compor uma unidade semântica. Convenham: reúnam-se Dilma, Cristina Kirchner, Nicolás Maduro e José Mujica… Tinha de tudo: anã diplomática, mulher transformista, domador com chicote e palhaço… O Mercosul é aquela estrovenga que impede o nosso país de firmar acordos bilaterais e que está ajudando a enterrar a indústria brasileira. O encontro aconteceu na Casa Amarilla, no Centro de Caracas. Os jornalistas foram proibidos de chegar perto do circo. Ninguém por ali gosta de liberdade de imprensa.
Entre as muitas irrelevâncias, houve, claro, espaço para dizer delinquências políticas sobre o conflito israelo-palestino. E tal honraria coube a Dilma, que não se dispensou de manchar mais uma vez a diplomacia brasileira. Disse ela: “Desde o princípio, o Brasil condenou o lançamento de foguetes e morteiros contra Israel e reconheceu o direito israelense de se defender. No entanto, é necessário ressaltar nossa mais veemente condenação ao uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças”.
“Desde o princípio”, quando? A nota oficial do Itamaraty, junto com a ordem para o retorno do embaixador brasileiro em Tel Aviv, ignorava os ataques do Hamas. Sucessivos governos do PT, que puxam o saco de todas as ditaduras islâmicas, têm condenado Israel de forma sistemática.
Dilma nunca soube direito o que dizer sobre a maioria dos assuntos. Então candidata a presidente, em 2010, ela participou, no dia 14 de maio, em Brasília, da “Missa dos Excluídos”, que encerrou o 16º Congresso Eucarístico Nacional. Foi indagada sobre a legalização do aborto, à qual ela era francamente favorável. Disse o seguinte:
“Não é uma questão se eu sou contra ou a favor, é o que eu acho que tem que ser feito. Não acredito que mulher alguma queira abortar. Não acho que ninguém quer arrancar um dente, e ninguém tampouco quer tirar a vida de dentro de si”.
Entenderam. Na cabeça de Dilma, não havia diferença entre um feto e um dente estragado. É com essa propriedade que ela reflete sobre assuntos graves. E não foi diferente ao se pronunciar sobre a criação de um Estado palestino, segundo ela, uma “precondição para a paz”. Uau! Dilma acha que, primeiro, Israel deve permitir que os palestinos criem o seu estado, mesmo debaixo de foguetes e sob ataques terroristas. Aí, então, é só cuidar da paz. A diplomacia israelense foi suave ao chamar o Brasil de anão diplomático. O Mercosul divulgou uma nota no mesmo tom.
É uma ironia patética que essa declaração tenha sido feita na Venezuela. O bolivarianismo é francamente antissemita. Em 2009, Chávez expulsou o embaixador de Israel de Caracas sob o pretexto de protestar contra a incursão de então à Faixa de Gaza. Foi fartamente elogiado pelos terroristas do Hamas, do Hezbollah e pelo governo do Irã. Em 2012, um estafeta do chavismo publicou um artigo no site da Rádio Nacional da Venezuela com um ataque bucéfalo ao candidato da oposição, Henrique Caprilles Radonski, cuja família é de origem judaica, chamando-o de “porco”. Foi além e escreveu: “Este é o nosso inimigo, o sionismo que Capriles Radonski hoje representa, que não tem nada a ver com uma força nacional e independente”. O artigo incitava os venezuelanos a rechaçar “o sionismo internacional, que ameaça com a destruição do planeta que habitamos”. E, claro!, pedia votos para Chávez. É pouco? Os chamados círculos bolivarianos são infiltrados por militantes ligados ao Hezbollah, o movimento terrorista que governa o sul do Líbano. E o Irã segue sendo um dos principais parceiros do governo Maduro, como era de Chávez.
E nessa lata de lixo que a presidente Dilma mete a política externa brasileira.

NO BLOG DO CORONEL
Ciro Gomes, 'o irmão metralha' do governador Cid Gomes

O boquirroto Ciro Gomes (Pros) atacou o senador Eunício Oliveira, candidato do PMDB ao governo do Ceará, durante inauguração na noite de ontem do comitê do petista Camilo Santana (PT), que concorre à sucessão estadual com apoio dele e do irmão Cid Gomes (Pros), governador do Estado. Com a tradicional língua ferina, Ciro empregou os adjetivos "aventureiro", "mentiroso", "pinóquio" e "petralha" para classificar Eunício.
"Eu não respondo pelo Camilo [Santana]. Respondo unicamente por mim e vou falar o que penso. O que está em jogo é entregar o governo a um aventureiro, lambaceiro e mentiroso. Não podemos entregar o governo a alguém que quer usar o espaço para enriquecer ainda mais. Daquele outro lado tem uma mistura de pinóquio com irmão metralha. Um petralha. Um pinotralha", disse o ex-ministro. O termo "petralha" é uma forma pejorativa que adversários do PT usam para se referir a membros do partido.
"Foi um ato falho. Quis dizer pinotralha e acabei dizendo petralha. Mas todos sabem também que sou muito crítico de uma ala do PT. Já fiz vários discursos sobre isso. E continuo guardando coerência com essa fração do partido", disse Ciro à reportagem após o discurso. (Extraído do Valor Econômico)

O que deveria ser a maior redução na conta de luz se transformou em mais um incrível erro de gestão desta presidente incompetente. Leia aqui o anúncio em 23 de janeiro de 2013.
Com dificuldades para fechar a participação de bancos privados no novo empréstimo de R$ 6,5 bilhões às distribuidoras de energia, o Ministério da Fazenda vai precisar contar majoritariamente com os bancos públicos. Além do BNDES, que deve entrar com até R$ 3,5 bilhões, a Caixa Econômica Federal garantiu uma participação de até R$ 2,5 bilhões. A maior parte do restante pode ficar com o Banco do Brasil.
O que falta definir ainda é a participação das instituições privadas, que não aceitaram as garantias oferecidas no negócio e vêm pedindo em contrapartida juros maiores que os da primeira rodada. Com as novas reivindicações, a Aneel precisou adiar pela segunda vez o pagamento devido pelas empresas do setor pela energia extra consumida em maio. A conta deveria ter sido quitada no começo deste mês, prazo que foi prorrogado para o dia 31 e, agora, para 28 de agosto.
O negócio com os bancos públicos, por outro lado, foi acertado na segunda (28). Este será o segundo empréstimo feito para tapar o buraco das distribuidoras. Em abril, foram disponibilizados R$ 11,2 bilhões, mas que acabaram no último mês. Na primeira negociação, a remuneração acertada foi a do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) mais 1,9% de juros. Em 12 meses, essa taxa é de 12,1%. Segundo Folha apurou, a nova taxa deverá ser maior.
IMPASSE
As garantias oferecidas aos bancos são o pagamento do empréstimo por meio da elevação da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), encargo presente na conta de luz. O fiador do empréstimo é a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que recebe o valor e o repassa às distribuidoras.
Os bancos públicos entendem que o risco da operação é garantido pelo Tesouro Nacional, porém isso não está claro nos contratos, o que levou os bancos privados a pedir uma taxa maior. A expectativa do governo é convencer a maioria dos bancos privados a participar, incluindo estrangeiros que não fizeram parte do primeiro socorro. O Bradesco, gestor do empréstimo, tem sua participação dada como certa. O governo espera diminuir a participação dos bancos estatais no empréstimo conforme for conseguindo acertar-se com os privados.
SOCORRO
Os empréstimos, que já somam R$ 17,7 bilhões, estão sendo consumidos rapidamente por causa do alto preço da energia no mercado de curto prazo. Como as distribuidoras estão entregando aos consumidores mais energia do que possuem disponível em seus contratos com geradores, elas recorrem a esse mercado para garantir a diferença. Entre fevereiro e maio, o preço da energia nesse mercado esteve colado ao teto permitido em lei, de R$ 822,83 por megawatt-hora. Nesse período, a dívida das distribuidoras no mercado de curto prazo alcançou R$ 12,3 bilhões, sendo R$ 1,3 bilhão referente a maio.

NO BLOG DO JOSIAS
Demissão de analista do Santander é hipocrisia
A três meses da eleição presidencial, o mercado financeiro vive o seguinte drama: metade da equipe de analistas está nervosa porque Dilma diz que a economia vai bem mas sabe que ela está mentindo e prepara ajustes para o caso de ser reeleita. A outra metade da equipe de analistas está nervosa porque Dilma diz que a economia vai bem e sabe que ela acredita mesmo nisso e não preparou nenhum ajuste. E Dilma está nervosa porque não sabe se diz que fará ajustes que ainda não preparou ou se prepara os ajustes e não diz. Ou vice-versa.
Foi contra esse pano de fundo confuso que o Santander enviou aos seus correntistas endinheirados um boletim sustentando a tese segundo a qual o sucesso eleitoral de Dilma potencializará a deterioração da conjuntura econômica. A plateia não viu a cara do autor do texto. Mas o vazamento da análise fez dele —ou seria ela?— o fantasma mais execrado da República.
O presidente do PT, Rui Falcão, chamou o desconhecido de terrorista. Lula vestiu saia no hectoplasma: “Essa moça não entende porra nenhuma do Brasil”. E endereçou um conselho para Emilio Botín, presidente mundial do Santander: “Ô, Botín, é o seguinte, meu querido: manter uma mulher dessa num cargo de chefia, sinceramente… Pode mandar embora. E dá o bônus dela pra mim, que eu sei como falo.”
Dilma preferiu o timbre de ameaça. “É inaceitável”, ela disse. “É inadmissível”, vociferou. “Eu vou ter uma atitude bastante clara em relação ao banco.'' Emparedado, o companheiro Botín veio à boca do palco para informar que o Santander teria enviado ao olho da rua a pessoa que redigiu o tal informe. Absteve-se de dar pseudônimo aos bois. A sinceridade do gesto é tão confiável quanto o catolicismo do banqueiro que se persígna ao passar pela porta de uma igreja.
Sendo o percentual de admiração e bondade das casas bancárias e dos operadores do mercado muito reduzido, o melhor a fazer antes de sair por aí dando urros, patadas e destilando ódio contra um fantasma, é reparar no ridículo que permeia a cena. Ganha um cargo de direção no Santander e um troféu de ingenuidade quem acreditar que uma análise de conjuntura chegaria às mãos dos correntistas mais ricos de um dos maiores bancos do mundo com conteúdo alheio ao pensamento da casa.
Admita-se, para efeito de raciocínio, que a análise anti-Dilma seja obra solitária de um fantasma com CPF e RG. Nessa hipótese, seu crime teria sido o de deitar sobre o papel raciocínios econômicos sussurrados por onze de cada dez analistas de mercado. Seu propósito não seria o de influir no vaivém das pesquisas, mas o de orientar os investimentos da clientela bem-posta do Santander. Uma caciquia que frequenta a tribo dos que conservam algo como R$ 2 trilhões investidos em fundos mútuos no Brasil —o grosso alocado em títulos da dívida pública.
Essa gente não está interessada na opinião de Rui Falcão, de Lula ou de Dilma. Essa gente quer ganhar dinheiro. E os ganhos aumentam na proporção direta dos desacertos da política fiscal do governo. Funciona assim: o Tesouro gasta mais do que o fisco arrecada. Em vez de apertar o cinto, a Fazenda recorre à criatividade contábil.
Para cobrir suas despesas, Brasília endivida-se até a raiz dos seus cabelos, dos meus, dos nossos cabelos. Não resta ao Banco Central senão elevar a taxa de juros. E ao Tesouro, pagar a remuneração necessária para se manter solvente. Em vez de investir na produção de copos e palitos de fósforos, a tribo dos fundos mútuos investe no papelório do governo. E o PIB definha. Nesse ambiente, a tempestade produzida pela análise do fantasma do Santander surte o mesmo efeito de um tablete de Alkaseltzer: é tempestade num copo d’água. O máximo que pode produzir é a migração para outros bancos dos clientes que se julgarem mal aconselhados.
O que provoca a lipoaspiração dos índices de Dilma nas pesquisas não são as análises do mercado, mas os efeitos que a inflação exerce na rotina dos assalariados e dos beneficiários do Bolsa Família. Esse pedaço do eleitorado está interessado no café com leite, não nos boletins do Santander. Num país inflacionário, seu principal problema é que sobra cada vez mais mês no fim da remuneração.
Nesse contexto, a suposta demissão de um analista-fantasma do Santander é mera hipocrisia. Se a moda pega, haverá um desemprego em massa no mercado financeiro. Se Lula e o petismo querem mesmo socorrer Dilma, é melhor esquecer os fantasmas e tentar convencê-la de que atribuir todos os desacertos econômicos à crise financeira internacional é o caminho mais longo entre o projeto reeleitoral e sua realização.

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